Publicado em 14/08/2025 às 10h07.

Israel aprova assentamento em Jerusalém para ‘enterrar’ ideia de Estado palestino

Projeto reativa esquema de expansão dos assentamentos na Cisjordânia, amplamente criticado pela comunidade internacional

Redação
Foto: Redes sociais

 

O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, aprovou nesta quinta-feira (14) planos para um assentamento que dividiria a região oriental de Jerusalém, atualmente ocupada por Israel, em uma medida que, segundo seu gabinete, enterraria a ideia de um Estado palestino. Até o momento não foi confirmado se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apoiou o plano.

Segundo matéria do InfoMoney, o projeto visa a retomada do esquema E1, congelado há muito tempo por conta do conflito e que, segundo os palestinos e as potências mundiais, efetivamente dividiria a Cisjordânia em duas e provavelmente atrairia a ira internacional. O projeto prevê a conexão entre o assentamento de Maale Adumim, na Cisjordânia, com a região oriental de Jerusalém.

A maior parte da comunidade internacional considera ilegais os assentamentos israelenses na Cisjordânia e sua ocupação militar na região desde 1967. A Peace Now, que rastreia a atividade dos assentamentos na Cisjordânia, disse que o Ministério da Habitação aprovou a construção de 3.300 casas em Maale Adumim.

A organização também se manifestou contra o novo projeto de assentamento na região: “O plano E1 é mortal para o futuro de Israel e para qualquer chance de alcançar uma solução pacífica de dois Estados. Estamos à beira de um abismo, e o governo está nos levando para frente a toda velocidade”, afirmou a Peace Now em um comunicado.

A Peace Now detalhou também que ainda existem outras etapas necessárias a serem realizadas antes da construção, incluindo a aprovação do Conselho de Planejamento Superior de Israel. Mas, se tudo for concluído, o trabalho de infraestrutura poderá começar dentro de alguns meses e a construção de casas em cerca de um ano.

Conhecida como Jerusalém Oriental, a região oeste da cidade é ocupada por Israel desde o fim da Guerra dos Seis Dias, em 1967. A porção conta com alguns dos principais símbolos do Judaísmo, do Islamismo e do Cristianismo na cidade – que é considerada um dos principais objetos de disputa entre Israel e Palestina.

Locais como a Cidade Velha de Jerúsalem, o Monte do Templo, o Muro das Lamentações e a Igreja do Santo Sepulcro estão na região.

Mais detalhes

Em uma declaração intitulada “Enterrando a ideia de um Estado palestino”, o porta-voz de Smotrich anunciou a decisão e disse que o empreendimento construiria 3.401 casas para colonos israelenses entre um assentamento existente na Cisjordânia e Jerusalém.

Os planos de construção no local estavam paralisados desde 2012, devido a objeções dos Estados Unidos, aliados europeus e outras potências mundiais que consideravam o projeto uma ameaça a qualquer futuro acordo de paz com os palestinos.

O principal temor na Palestina é de que a construção de assentamentos na região, intensificada drasticamente desde o início do conflito entre Israel e Hamas em 2023, acabe por roubar qualquer chance de estabelecimento de um Estado próprio na área.

Tanto o governo israelense, como Netanyahu, ainda não se pronunciaram sobre a medida de Smotrich, que tem perdido popularidade no país nos últimos meses, com pesquisas apontando que seu partido, tradicionalmente de direita, não conquistaria uma única cadeira se as eleições parlamentares fossem realizadas hoje.

Autoridades palestinas, por outro lado, foram bastante vocais ao reagir ao novo plano de assentamento, com o Ministério das Relações Exteriores definindo o projeto como a extensão dos crimes de genocídio, deslocamento e anexação, e um eco das declarações de Netanyahu sobre o que ele chamou de “Grande Israel”.

O governo de Netanyahu sempre rejeitou as acusações de genocídio e abusos de direitos e afirma que está agindo em sua própria defesa.

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