Publicado em 26/08/2025 às 12h39.

Na mira de Lula e Jerônimo, Rio Subaé tem histórico de poluição; entenda

O rio do entorno de Salvador sofreu forte degradação, mas projetos sociais, judiciais e governamentais buscam restaurar sua qualidade ambiental

João Lucas Dantas
Foto: Reprodução/ Redes sociais

 

Após o presidente Lula (PT) ter cobrado o governador Jerônimo Rodrigues a respeito do andamento do projeto de recuperação do Rio Subaé, considerado um dos mais importantes rios do entorno de Salvador, o Subaé foi fortemente poluído durante o século XX. Veja abaixo como se deu esse processo e o estado em que está atualmente.

O rio Subaé possui 55 quilômetros de comprimento, desde a nascente no município de Feira de Santana, passando por São Gonçalo dos Campos, até a foz na Baía de Todos os Santos, já no município de Santo Amaro. Possui um único afluente, o Rio Serjimirim. Chegou a desempenhar papéis significativos no abastecimento de água, lazer e atividades pesqueiras.

Causas da poluição

A principal causa do desgaste do rio foram as atividades industriais. A instalação da Companhia Brasileira de Chumbo (Cobrac) nas proximidades da região resultou no lançamento inadequado de escórias contendo metais pesados, como chumbo, cádmio, zinco, cobre, cromo, manganês e níquel.

Os metais foram depositados a céu aberto e em áreas próximas ao leito do rio. Isso impactou negativamente a qualidade da água e do solo na região da cidade de Santo Amaro.

O despejo de esgoto doméstico sem tratamento e de efluentes industriais nos cursos d’água da bacia do Subaé foram outros fatores que contribuíram para a contaminação das águas, afetando a saúde pública e a biodiversidade local.

O crescimento urbano descontrolado, especialmente em Feira de Santana, também resultou no assoreamento de trechos do rio e no acúmulo de lixo e esgoto, tornando-o praticamente invisível em algumas áreas.

Foto: Reprodução/ redes sociais

 

Consequências ambientais

A degradação do Rio Subaé trouxe sérios impactos ambientais e sociais. A contaminação da fauna aquática foi um dos fatores. Estudos revelaram a presença de metais pesados em peixes e mariscos, comprometendo a segurança alimentar das comunidades que dependem da pesca artesanal.

Também causou problemas de saúde pública. A exposição contínua aos metais pesados pode causar doenças como o saturnismo (intoxicação por chumbo) e a doença de Itai-Itai (causada pelo cádmio), afetando principalmente crianças e trabalhadores expostos.

Além do impacto econômico, a poluição afetou atividades econômicas locais, como a pesca e o turismo, prejudicando a subsistência de muitas famílias e a economia regional.

Iniciativas de recuperação

Diversas ações têm sido realizadas para reverter a situação, como o projeto que foi entregue ao governo federal nesta segunda-feira (25), às mãos do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Mas, ao longo dos anos, também foram feitas outras tentativas.

A mobilização social de organizações não governamentais e movimentos tem atuado na conscientização da população e na pressão por políticas públicas eficazes para a recuperação do rio. Também foram protocoladas ações judiciais, como a Defensoria Pública do Estado da Bahia, que tem acompanhado e denunciado a degradação do Rio Subaé, buscando responsabilizar os envolvidos e promover a recuperação ambiental.

Já em 2011, Dona Canô, mãe do cantor Caetano Veloso, entregou um projeto de despoluição do rio ao então governador Jaques Wagner (PT), evidenciando o reconhecimento da importância da recuperação do Subaé.

Situação atual

Apesar dos esforços, o Rio Subaé ainda enfrenta sérios desafios. Em agosto de 2025, a primeira-dama Janja da Silva criticou a situação do rio, afirmando que ele “segue em estado lamentável” e enfatizando a necessidade urgente de ações para sua recuperação .

A recuperação do Rio Subaé requer um esforço conjunto entre governo, sociedade civil e setor privado, com investimentos em saneamento básico, fiscalização ambiental e conscientização da população, visando restaurar a saúde ecológica do rio e melhorar a qualidade de vida das comunidades que dele dependem.

 

João Lucas Dantas

Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

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