Jornalista formada pela Estácio Bahia com experiências profissionais em redações, assessoria de imprensa e produção de rádio. Possui passagens no BNews, iBahia, Secom e Texto&Cia.
Educação sexual: ‘Conversar sobre o corpo faz a diferença’, diz especialista
Terapeuta sexual também reforça que essa responsabilidade é compartilhada entre famílias e escolas

Neste sábado (6/9), é celebrado o Dia do Sexo, uma data que, à primeira vista, pode parecer girar apenas em torno do prazer e da intimidade. Mas, por trás disso, existe também um tema essencial que ainda enfrenta muita resistência: a educação sexual. Para falar sobre esse tabu nas escolas, o bahia.ba conversou com a terapeuta sexual e psicóloga Vânia Rodrigues.
De acordo com a terapeuta, apesar da relevância já comprovada da educação sexual, o tema ainda enfrenta resistência em diferentes contextos sociais. “Muitas famílias e instituições confundem educação sexual com incentivo à prática sexual. Mas, na verdade, trata-se de um processo educativo, que envolve informação, saúde, prevenção, autocuidado e valores”, declarou a psicóloga.
Vânia também destacou que questões religiosas, culturais e morais dificultam um diálogo aberto e saudável sobre o assunto. “O silêncio não educa. Ele vulnerabiliza. Quando evitamos o tema, abrimos espaço para desinformação, insegurança e situações de risco que poderiam ser prevenidas com orientação”, completou.
Idade certa?
A terapeuta também ressaltou que não existe uma idade ‘certa’ para falar sobre educação sexual, mas que é um processo que vai evoluindo conforme a criança cresça.
“Na primeira infância, até os 5 anos, o ideal é ensinar o nome correto das partes do corpo e que existem partes íntimas que ninguém pode tocar sem consentimento. Isso fortalece segurança e respeito. Dos 6 aos 9 anos, a criança já entende regras sociais, amizade, convivência. É hora de ensinar sobre limites e consentimento. Assim, ela cresce com autoestima e empatia”, pontuou Vânia.
De acordo com a terapeuta, na pré-adolescência, dos 10 aos 12, começam as mudanças da puberdade. “Se os pais e a escola não falam, a criança pode sentir medo, vergonha ou ansiedade. Conversar sobre corpo, sentimentos e relacionamentos saudáveis faz toda diferença”.
“E na adolescência, aí sim falamos abertamente de prevenção, contracepção, ISTs, mas também de responsabilidade afetiva, de aprender a fazer escolhas e de respeitar o outro”, completou ela.
Tabus
Para Vânia Rodrigues, boa parte da resistência à educação sexual nas escolas vem de mitos ainda muito presentes no imaginário coletivo. “Um dos equívocos mais comuns é acreditar que falar sobre sexo incentiva os jovens a começarem sua vida sexual mais cedo. Quando, na verdade, é justamente o contrário: a informação os torna mais conscientes e cuidadosos, e costuma postergar esse início”, afirmou.
“Outro mito frequente é a ideia de que educação sexual ensina técnicas sexuais, o que está completamente fora de contexto. Educação sexual não é aula de sexo. É uma abordagem sobre saúde, prevenção, respeito, limites e consentimento — elementos fundamentais para o desenvolvimento saudável de qualquer indivíduo”, continuou a terapeuta.
Vânia também destacou que essa responsabilidade não é exclusiva de pai e mãe. “A família tem um papel essencial, mas a escola precisa atuar em conjunto, porque ela garante o acesso à informação de forma democrática e protege os direitos das crianças e adolescentes”, acrescentou.
Escolas
Para que a educação sexual aconteça de forma segura e eficaz dentro das escolas, a terapeuta ressalta que é essencial que os professores estejam preparados, mesmo que não sejam especialistas no assunto.
“O educador não precisa dominar profundamente a sexualidade humana, mas precisa estar capacitado para lidar com dúvidas dos alunos de forma segura, acolhedora e sem julgamentos”, destacou Vânia Rodrigues.
A terapeuta defende que a formação continuada seja uma prioridade, com capacitação em temas como sexualidade, saúde, prevenção e diversidade. Além disso, é necessário oferecer espaços de escuta e supervisão, onde os próprios educadores possam refletir sobre suas crenças, medos e inseguranças em relação ao tema.
“Educar sobre sexualidade exige não apenas conhecimento técnico, mas também sensibilidade para escutar, validar sentimentos e responder com empatia. O professor atua como um mediador do conhecimento, e não como um substituto da família nem como um transmissor de seus valores pessoais”, pontuou Vânia.
Por fim, a terapeuta sexual reforça que educação sexual não é sobre sexo, mas sobre vida, saúde, respeito e direitos. “Falar sobre sexualidade é proteger, prevenir riscos e garantir que crianças e adolescentes cresçam com consciência, autonomia e dignidade. O silêncio, ao contrário, expõe e vulnerabiliza”, finalizou.
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