Publicado em 01/09/2025 às 10h48.

Plano para transformar Gaza em resort turístico tem apoio de Trump, diz jornal

Projeto prevê a realocação de mais de 2 milhões de palestinos que vivem na região

Redação
Foto: Reprodução/X @UN

 

Aliados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem articulando um ambicioso e controverso projeto para o futuro da Faixa de Gaza, principal palco da guerra entre Israel e Hamas desde 2023, que prevê a realocação temporária, ou permanente, da população palestina e a transformação do enclave em um resort turístico. O plano, segundo informações do jornal americano Washington Post, possui o apoio do republicano.

O projeto ainda prevê que o território palestino, devastado pelo conflito que completa dois anos de duração em outubro, seja administrado pelos EUA por, pelo menos, uma década. Este polo turistico e industrial seria apelidado de “Riviera do Oriente Médio”.

O projeto é batizado de GREAT Trust (sigla para Gaza Reconstitution, Economic Acceleration and Transformation Trust), e foi elaborado pela chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma organização de ajuda apoiada por Washington e por Israel, que atua de forma independente do sistema da ONU.

A proposta

Um documento de 38 páginas do projeto, obtidos pelo Washington Post, detalha que cerca de 2 milhões de habitantes de Gaza seriam incentivados a deixar a região “voluntariamente”, com pagamentos de US$ 5 mil (cerca de R$ 27 mil), auxílio aluguel por quatro anos e fornecimento de alimentos por, pelo menos, um ano.

Os palestinos também receberiam um “token digital”, uma espécie de crédito simbólico, que lhes daria direito de reconstruir suas propriedades futuramente. Durante esse período de transição, a GHF propõe a construção de “Áreas de Trânsito Humanitário”, que funcionariam como campos temporários dentro e fora de Gaza para abrigar os palestinos deslocados.

O plano é coordenador em parceria com os militares israelenses e deve ser operado por empresas de segurança e logística americanas, numa estrutura paralela à das Nações Unidas — que, segundo Israel, teria falhado em impedir o desvio de ajuda humanitária por parte do Hamas.

Críticas

O projeto já é alvo de severas críticas da comunidade internacional e vem causando controvérsia desde maio, quando a GHF passou a coordenar a entrega de alimentos na região. De acordo com a ONU, mais de 1.000 civis palestinos morreram tentando acessar a ajuda distribuída pela fundação, a maioria baleada por soldados israelenses próximos aos centros de distribuição.

Organizações humanitárias internacionais e autoridades palestinas acusam o projeto de promover uma limpeza étnica disfarçada de reconstrução econômica na região. A ideia de reassentamento populacional em massa, mesmo sob o rótulo de “voluntariedade”, reacende críticas sobre possíveis violações do direito internacional.

“Riviera do Oriente Médio”

As bases do projeto são semelhantes a uma proposta feita por Trump em fevereiro, quando ele havia sugerido que os EUA “assumissem Gaza” após o conflito e reconstruíssem a região como um destino turístico de alto padrão. Na ocasião, o ex-presidente irritou líderes palestinos ao afirmar que o enclave seria melhor aproveitado se a população fosse “realocada”.

O silêncio da Casa Branca e do Departamento de Estado sobre o plano levanta especulações de que a proposta já esteja sendo considerada como diretriz oficial da política externa americana, caso Trump se reeleja em 2028.

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