Publicado em 15/09/2025 às 08h51.

Lula publica artigo no NY Times para abrir diálogo com Trump

Artigo intitulado “A democracia e a soberania brasileira são inegociáveis” foi publicado no The New York Times, principal jornal dos EUA, neste domingo (14)

Raquel Franco
Foto: Ricardo Stuckert / PR

 

O presidente Lula (PT) publicou artigo no jornal The New York Times neste domingo (14) com objetivo de “estabelecer um diálogo aberto e franco” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

O texto em inglês intitulado “A democracia e a soberania brasileira são inegociáveis” aborda assuntos como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros, o PIX e o desmatamento na Amazônia.

“Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”, escreveu o presidente.

Lula criticou a taxação de 50% para produtos exportados aos EUA, considerando o aumento tarifário “não apenas equivocado, mas também ilógico”. Ele enfatizou que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos acumula superávit de US$ 410 bilhões com o Brasil. 

Segundo ele, cerca de 75% das exportações dos EUA ao mercado brasileiro tem isenção de impostos. E oito dos 10 principais produtos tem tarifa zero, como petróleo, aeronaves, gás natural e carvão. O presidente afirmou ficar claro a motivação política da Casa Branca para a imposição das tarifas.

“O governo americano está usando tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que orquestrou uma tentativa fracassada de golpe em 8 de janeiro de 2023, em um esforço para subverter a vontade popular expressa nas urnas”, escreveu Lula.

Lula afirmou sentir orgulho do Supremo Tribunal Federal (STF) na decisão de condenar Bolsonaro, em uma atitude que, segundo ele, salvaguarda as instituições brasileiras e o estado democrático de direito. Ele negou que o julgamento foi uma “caça às bruxas”.

Lula defendeu o PIX, sistema de pagamento digital brasileiro, contra as acusações de Trump de práticas desleais do Brasil no comércio digital. Ele também criticou a falta de atitudes do governo americano em relação às mudanças climáticas. 

“A Amazônia ainda estará em perigo se outros países não fizerem a sua parte na redução das emissões de gases de efeito estufa”, escreveu, após apontar a redução da taxa de desmatamento na região durante seu governo. Até agora, Trump não confirmou presença na COP 30, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá em novembro em Belém (PA). Os Estados Unidos é um dos países que mais emitem gases de efeito estufa no mundo.

O presidente também respondeu às alegações de que o judiciário brasileiro persegue e censura empresas de tecnologia americanas. Segundo Lula, todas as plataformas digitais estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. “É desonesto chamar regulamentação de censura. A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes”, afirmou Lula.

Na sua conclusão, Lula defendeu que os dois países devem manter relações de respeito e cooperação mútuas. “Quando os Estados Unidos viram as costas para uma relação de mais de 200 anos, como a que mantêm com o Brasil, todos perdem. Não há diferenças ideológicas que impeçam dois governos de trabalharem juntos em áreas nas quais têm objetivos comuns”, disse o presidente.

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