Publicado em 22/09/2025 às 11h41.

Saiba quem é o homem por trás do sombreiro do Cortejo Afro

Direitistas viram racismo em Veko Araújo fazendo sombra para Wagner Moura e Daniela Mercury em ato neste domingo (21)

Raquel Franco
Foto: Raquel Franco/Labfoto

 

Uma cena durante o ato contra a PEC da Blindagem neste domingo (21), em Salvador, virou alvo de acusações de racismo nas redes sociais. Um vídeo com quase 1 milhão de visualizações no X questiona: “Um negro segurando o guarda-sol para o burgês não se queimar? Lamentável esse racismo estrutural estimulado abertamente pelos esquerdistas.”

O registro mostra a apresentação da cantora Daniela Mercury em cima do trio, acompanhada pelo ator Wagner Moura e performance de Veko Araújo, do Cortejo Afro. Veko é uma das figuras mais emblemáticas do bloco e se apresentava com seu tradicional sombreiro branco no trio. 

A acusação de que a cena seria racista foi feita por uma página do X que, na descrição do perfil, diz que “o conteúdo é de péssima qualidade e não deve ser visto por ninguém.”

Veja o vídeo:

Em uma publicação no Instagram Veko respondeu as acusações dizendo não se incomodar com as opiniões. “Só pros desavisados, sem noção e afins, quando coloco pessoas sob o sombreiro, não represento um negro que protege branco. Como todo o artista tem um instrumento, o meu instrumento sagrado é o sombreiro”, afirmou.  

Veja a resposta de Veko Araújo:

Quem é Veko Araújo

Everaldo Santos Araújo, o Veko Araújo, nasceu na Vila Brandão, comunidade de Salvador que fica em frente à Baía de Todos os Santos ao lado do bairro com um dos metros quadrados mais caros da cidade, no Corredor da Vitória. Viveu sua infância ali, sendo uma criança que pintava, desenhava, nadava e frequentava bailes infantis do Yatch Clube, onde sua mãe e avô trabalhavam. É filho de Maria Helena, enfermeira e neto de Benício, marinheiro. 

Autodidata, aprendeu quase tudo sozinho e hoje é multiartista, atuando principalmente como performer, cantor, ator e poeta. Foi muito influenciado pelo tio, que era pintor autodidata. Veko cursou alguns semestres na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas teve que abandonar a faculdade pela necessidade de trabalhar.

Veko participou de diversas peças, inclusive do teatro negro, e hoje atua na diretoria do Movimento do Teatro de Rua da Bahia. Em 1995 participou do coro da ópera Lídia de Oxum, de Lindemberg Cardoso e Hildázio Tavares, com direção de Paulo Dourado. Também atuou no filme “Ó Paí, Ó” em 2007.

Sua história com o Cortejo Afro começou em 1998. O bloco foi criado pelo artista plástico Alberto Pitta em Pirajá, no terreiro de candomblé Ilê Axé Oyá, sob orientação espiritual da ialorixá Anizia da Rocha Pitta, Mãe Santinha. Pitta utiliza como inspiração símbolos, ferramentas, indumentárias e adereços dos orixás para criação de estampas afro-baianas. Os desfiles do Cortejo Afro são orientados pelas performances e elementos artísticos visuais e desde que iniciaram já tinham o sombreiro como alegoria. 

Durante a primeira saída do Cortejo Afro, em 2 de julho de 1988, Veko tomou o sombreiro das mãos de uma das alegoeiras que desfilavam. Sua performance chamou atenção de Pitta, que o convidou para ser a marca registrada do bloco. 

Desde então Veko desfila no Cortejo Afro com uma apresentação que encanta e hipnotiza quem o assiste conduzindo o sombreiro. Veko também se apresenta às quartas-feiras na casa de show A Boca Centro de Artes, no Santo Antônio Além do Carmo, ao lado do vocalista Açúcar Portella.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.