Publicado em 26/09/2025 às 09h47.

Secretário da Cultura rebate Wagner Moura e cita verba milionária para teatro baiano

Bruno Monteiro também diz estar aberto ao diálogo, mas ressalta que política é "democracia"

Carolina Papa / Gabriela Araújo
Foto: Carolina Papa/bahia.ba

 

O secretário estadual da Cultura (Secult), Bruno Monteiro, disse nesta sexta-feira, 26, que recebeu as críticas feitas pelo ator Wagner Moura sobre o possível ‘abandono’ dos governos petistas ao cenário cultural “com muita tranquilidade” e abre as portas da gestão para dialogar sobre o assunto. 

“Nós recebemos toda e qualquer colocação, análise e crítica ao trabalho do governo do Estado, do trabalho na cultura sempre com muita tranquilidade, como muita humildade e dispostos a fazermos esse debate com Wagner Moura, com os movimentos organizados, com quem quer que seja. Com humildade de reconhecer os avanços que precisamos ter, mas também com muita tranquilidade, de mostrar o que tem sido feito”, iniciou Monteiro, em entrevista ao bahia.ba.

Na tentativa de rebater a crítica, Monteiro cita os investimentos que vêm sendo feitos pelo governo Jerônimo (PT) para o setor do teatro, antes da abertura do lançamento do Edital Ouro Negro 2026, que acontece no Largo Tereza Batista, no Centro Histórico de Salvador, nesta manhã. 

“Nós temos investimentos no teatro baiano desde o início da nossa gestão que são crescentes como em todas as linguagens sobre todos os aspectos, nós crescemos no apoio do fundo de cultura, que mantém grupos teatrais e mostras de teatros de forma continuada ao longo de todos os anos. Nós temos o FazCultura também crescendo com a maior marca da sua história e na infraestrutura. […]”, disse, e continuou:  

“Os investimentos já somam quase R$ 400 milhões no Teatro Castro Alves, nos equipamentos que nós temos de teatro nos interiores, o Teatro do ICEIA que está passando por uma importante reforma”. 

O gestor público também explicou as novas formas de investimento na cena teatral baiana que está sendo empregada pelo governo da Bahia após estudos.

“Temos toda a tranquilidade, mas entendo que a democracia não é uma coisa que se restringe a uma ou outra pessoa. A democracia é coletiva. É coletivamente que nós temos construído uma política por teatro, que o pensa e executa de forma mais democrática e mais territorializada”, disse Monteiro.

Por fim, ele voltou a frisar que está aberto para dialogar sobre novas possibilidades de alocar recursos para o fomento e crescimento da área no Estado, tendo como um parâmetro primordial a inclusão. 

“Nós queremos fazer esse debate com muita tranquilidade para construirmos juntos avanços, porque para chegar em uns não precisa se excluir em outros, essa não é a nossa lógica, nós queremos um aumento da participação, mas há também que se defender, que é um grande, especialmente na área da infraestrutura e da formação acontecendo”.

Relembre a fala de Wagner Moura sobre os investimentos no setor do Teatro

Durante coletiva de imprensa, no último dia 22 deste mês, Wagner diz esperar poder “movimentar a cena cultural” com a estreia do espetáculo teatral O Julgamento – Depois do Inimigo do Povo, em Salvador. Na ocasião, ele fez uma crítica a falta de investimentos dos governos ao setor.

“O teatro, em qualquer lugar, depende de incentivos públicos. E eu acho que isso não está acontecendo, e lamento que não esteja acontecendo nos últimos governos do PT na Bahia”, aponta.

Para o ator, fruto do cenário do teatro baiano dos anos 90, época do mandato governamental de Antônio Carlos Magalhães, diz foi “uma época muito positiva para o teatro profissional do estado”.

“Esse período de alta aconteceu durante o governo de ACM. E me dá uma angústia muito grande dizer isso, mas é verdade. Não quero criar polêmica com a Secretaria de Cultura da Bahia, nem com a quantidade de dinheiro destinado à cultura, mas acho mesmo que governos de esquerda deveriam, por natureza, incentivar muito mais e, sobretudo, neste caso específico, o teatro profissional”, criticou o ator, em referência às gestões governamentais do PT no estado, desde Jaques Wagner, em 2007 até Jerônimo Rodrigues, atualmente.

“Eu me formei e existo como artista porque, justamente, na minha época de formação, vivi uma ebulição do teatro, em que pude ver Carmen Paternostro, DeolindoCheccucci, Márcio Meirelles, Fernando Guerreiro — essas pessoas trabalhando no seu potencial mais alto. Pude ver os atores da Bahia, como Jackson Costa, e o que a Bofetada fez ao trazer público para as salas. Fafá Menezes, Carlos Betão, Rita Semani, uma quantidade de atores que me formaram ao vê-los”, relembrou.

Carolina Papa

Jornalista. Repórter de política, mas escreve também sobre outras editorias, como cultura e cidade. É apaixonada por entretenimento, música e cultura pop. Na vida profissional, tem experiência nas áreas de assessoria de comunicação, redação e social media.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Settings ou consulte nossa política.