Publicado em 01/10/2025 às 16h50.

Saiba como evitar intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas

Especialistas alertam sobre sinais de adulteração e orientam sobre atendimento médico imediato em casos de ingestão

João Lucas Dantas
Foto: Freepik

 

Nos últimos dias, casos de intoxicação por metanol chamaram atenção em São Paulo e em outros estados, colocando em alerta autoridades de saúde e consumidores. Até o momento, foram registrados 22 casos suspeitos no estado, cinco confirmados, com pelo menos cinco mortes em investigação. A suspeita é de que as vítimas tenham consumido bebidas alcoólicas adulteradas, incluindo gim, uísque e vodca, adquiridas em bares e adegas.

A Polícia Federal e a Polícia Civil de São Paulo estão investigando a origem das bebidas, que podem ter sido distribuídas também para outros estados, enquanto operações em estabelecimentos e destilarias clandestinas resultaram na apreensão de cerca de 50 mil garrafas e na prisão de suspeitos.

Como evitar consumo de metanol nas bebidas

Diante desse cenário, especialistas alertam sobre a necessidade de atenção redobrada ao consumo de bebidas alcoólicas. O metanol é altamente tóxico, semelhante ao álcool etílico em aparência, cheiro e sabor, mas seu consumo pode causar cegueira, problemas nos rins, AVC, coma e até a morte.

“Os sinais e sintomas muitas vezes são difíceis de diferenciar de uma intoxicação alcoólica comum. Sintomas como cefaleia, náuseas e vômitos são bastante frequentes. O que costuma diferir são as intoxicações por metanol mais graves, que podem cursar com turvação visual, perda visual (temporária ou permanente), convulsões e até coma. Importante atentar às alterações visuais”, responde o doutor João Lima, médico na sala vermelha do Hospital Menandro de Faria, em Lauro de Freitas, ao bahia.ba.

Para reduzir o risco de intoxicação, é fundamental identificar sinais de adulteração em bebidas alcoólicas: adquira produtos apenas em estabelecimentos confiáveis; desconfie de preços muito abaixo do mercado; observe se o líquido apresenta partículas, sujeira ou aspecto turvo; verifique se o lacre está violado; examine rótulos mal colados ou borrados; confira se a embalagem possui registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); e, no caso de destilados, procure o selo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) próximo à tampa, cuja ausência indica que a bebida não foi fiscalizada.

O que fazer em caso de ingestão

Caso haja suspeita de ingestão de bebida contaminada, a recomendação é procurar atendimento médico imediato. O tratamento deve ser feito em hospital e pode incluir medicamentos específicos, diálise para limpar o sangue e administração de álcool comum (etanol) como inibidor da metabolização do metanol. Quanto mais rápido o atendimento, maiores são as chances de sobrevivência — pequenas quantidades podem ser letais, enquanto doses maiores podem ser suportadas se houver intervenção rápida. Especialistas reforçam que o álcool comum é o principal antídoto, mas só deve ser administrado sob supervisão médica.

“Assim que houver suspeita de ingestão por metanol, mesmo sem sintomas, o paciente deve ser encaminhado com urgência para uma unidade de pronto atendimento para coleta de exames laboratorias. Alguns exames simples e baratos são capazes de levantar a suspeita de intoxicação pela substância, como a hemogasometria arterial”, acrescenta João.

“O atraso no atendimento pode acarretar em sequelas permanentes no sistema nervoso central, como cegueira. Em casos mais graves podendo evoluir a óbito por falência do sistema respiratório”, relata.

A situação em São Paulo reflete um problema maior, que já afetou outros países nos últimos meses. Casos de intoxicação por metanol foram registrados na Rússia, Turquia, Laos e Kuwait, resultando em dezenas de mortes e hospitalizações. No Brasil, autoridades acompanham de perto as investigações, enquanto alertam a população sobre os riscos e a importância de se proteger, comprando bebidas apenas de fornecedores confiáveis e observando sinais de adulteração. A conscientização e a rapidez na busca por tratamento podem salvar vidas e reduzir o impacto dessa grave ameaça à saúde pública.

João Lucas Dantas

Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Settings ou consulte nossa política.