Publicado em 02/10/2025 às 15h05.

Vereador critica eficácia do ‘Bahia pela Paz’ e cobra transparência do governo

Hamilton Assis defendeu que a Câmara Municipal e a sociedade civil fiscalizem o programa

Redação
Foto: Neison Cerqueira / bahia.ba

 

O vereador Professor Hamilton Assis (PSOL) criticou nesta quinta-feira (2) a eficácia do programa “Bahia pela Paz”, lançado pelo governo estadual como uma “nova política de segurança pública”. As declarações ocorrem após  mortes de jovens negros em operações policiais realizadas em Salvador.

Segundo o parlamentar, há um contraste entre o discurso oficial de modernização, baseado em inteligência policial e tecnologias como câmeras corporais, e os resultados observados nas periferias da capital. “Enquanto o governo fala em inteligência artificial, câmeras corporais e caravanas de empreendedorismo, as mães de Salvador estão enterrando seus filhos vítimas de operações policiais”, afirmou.

Dados da Rede de Observatórios da Segurança apontam que 97% das pessoas mortas pela polícia na Bahia são negras. O estado também lidera o número de mortes em operações policiais no Nordeste.

O governo afirma que o programa tem como objetivo reduzir a violência letal, especialmente contra jovens negros. Para o professor, no entanto, a prática está distante da promessa. Ele lembrou que o projeto, aprovado em 2024 pela Assembleia Legislativa, foi alvo de críticas de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, de especialistas em segurança pública e do deputado estadual Hilton Coelho (PSOL).

“É um discurso bonito, mas vazio. O governo simplesmente ignorou os especialistas e os debates fomentados pelo companheiro Hilton Coelho. Hoje, temos que perguntar ao governador Jerônimo Rodrigues o objetivo de investir R$ 234 milhões em um programa que já nasce fadado ao insucesso. Não há paz possível sem justiça em uma sociedade marcada por racismo, sexismo, lgbtfobia e outras violências institucionais. Não existe política de segurança eficaz enquanto o Estado enxergar a juventude negra como alvo e não como sujeito de direitos”, disse o vereador.

O parlamentar também cobrou transparência na execução do programa, maior presença do Estado nas comunidades e a construção de uma política de segurança baseada em prevenção e oportunidades, em vez de repressão. Ele citou dados do Instituto Fogo Cruzado que registraram mais de 100 chacinas na Bahia, em 67% delas com participação policial, resultando em 261 mortes. “Isso parece paz?”, questionou.

O vereador defendeu que a Câmara Municipal e a sociedade civil fiscalizem o “Bahia pela Paz” para que, segundo ele, não se transforme apenas em “um slogan publicitário”, mas em um compromisso concreto com a vida da população negra.

 

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