Presidente do Bahia desabafa sobre processo de assumir sua sexualidade

O presidente do Bahia Associação, Emerson Ferretti, abriu o coração em entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, exibido na madrugada desta sexta-feira (3). Aos 54 anos, o ex-goleiro do Tricolor de Aço falou abertamente sobre o processo de assumir sua homossexualidade e relembrou a trajetória marcada pelo medo e pelo preconceito no ambiente do futebol.

Ferretti iniciou a carreira nos anos 1980, com passagens por Grêmio, Flamengo, América-RJ e América-RN, e explicou por que, naquele período, jamais considerou revelar sua sexualidade.

“Desde cedo eu entendi que o futebol não aceitava homossexuais”, afirmou.

Ele recordou o contexto social da época. “A homossexualidade, inclusive, era considerada doença pela OMS. A gente também não tinha contato nenhum com o mundo gay, com pessoas LGBTs. Então era um mundo muito distante para mim”, disse.

Solidão e dilemas pessoais

O dirigente contou que o receio de ser descoberto o acompanhou por boa parte da vida. “A descoberta foi muito solitária. O processo todo foi muito solitário. Com medo de isso acabar com a minha carreira”, revelou.

Segundo ele, foram necessários 20 anos de terapia para conseguir encontrar equilíbrio entre vida pessoal e profissional. “Eu até então nunca tinha me relacionado com nenhum homem”.

Após a entrevista, Ferretti também usou as redes sociais para reforçar a importância de debater a presença de pessoas LGBTQIA+ no futebol e dar visibilidade ao tema.

O ex-goleiro também admitiu que o peso do silêncio influenciava em todas as áreas da vida.

“A minha vida profissional caminhava para ter um destaque muito grande e a minha vida pessoal era um vazio muito grande por conta disso. Então, para equilibrar esses dois mundos, eu acho que hoje, como eu falei, após 20 anos de terapia, eu entendo que foi uma decisão inconsciente de sair de cena”, declarou.