Publicado em 04/11/2025 às 11h42.

Evento pré-COP30 discute agenda climática e impactos sobre populações vulneráveis

Simpósio reuniu lideranças negras, indígenas e comunitárias para debater os impactos da crise climática

Redação
Foto: Otávio Santos/ Secom PMS

 

A capital baiana sediou, nesta segunda-feira (3), o Simpósio Internacional sobre Justiça Climática e Adaptação de Periferias Vulnerabilizadas, evento que integra a Semana Pré-COP30 e o Programa Salvador Capital Afro.

Organizado pelo Coletivo Nacional de Organização Negra (Connegro), a atividade ocorreu na Assembleia Legislativa da Bahia e reuniu lideranças comunitárias, movimentos negros, quilombolas, indígenas, pesquisadores, gestores públicos e representantes internacionais para debater os impactos da crise climática sobre populações historicamente marginalizadas.

A palestra magna contou com a presença da procuradora da Advocacia-Geral da União (AGU), Manuellita Hermes, que abordou o tema “Justiça Climática e Governança Global: o papel das cidades e das periferias na agenda de adaptação”.

“É impossível abordar a justiça climática sem a perspectiva social e racial. E é extremamente importante a sociedade civil estar envolvida. Trago aqui dados sobre os percentuais da população negra, indígena e de mulheres atingidas pelos impactos da mudança climática. Esse público sofre diretamente as consequências, como a escassez de acesso à água e ao saneamento básico”, afirmou a procuradora.

Na prática, o simpósio representa o posicionamento da sociedade civil diante da crise climática e da ausência histórica das periferias e comunidades tradicionais nas decisões ambientais globais. A ação faz parte do Circuito de Escutas do Projeto Carta de Salvador, que percorre o Brasil e países da África recolhendo contribuições para o documento a ser entregue aos líderes da COP30, em Belém.

O presidente do Connegro, Cristiano Santos, destacou que Salvador se colocou como uma frente de representação dessas populações.

“O Projeto Carta de Salvador foi pensado exatamente para que pudéssemos mostrar aos dirigentes da comunidade global — especialmente àqueles que definem o direcionamento de recursos — que Salvador está se apresentando como referência”, afirmou.

Ele lembrou ainda que os debates do evento abordaram diversos aspectos da justiça climática e adaptação, com grupos temáticos voltados a comunidades extrativistas, marisqueiras, pescadores artesanais, mulheres empreendedoras e juventude.

O secretário de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-Estar e Proteção Animal (Secis), Ivan Euler, ressaltou a importância do simpósio na véspera da COP30 por discutir soluções locais para os desafios climáticos da capital baiana.

“Em Salvador, já registramos chuvas intensas em períodos atípicos, além da elevação da temperatura e do nível do mar. Como cidade costeira, temos uma população vulnerável que sofre mais com esses impactos. Por isso, estamos desenvolvendo projetos, soluções e programas para reduzir esses efeitos”, afirmou Euler.

O diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macêdo, destacou que as mudanças climáticas têm provocado transformações significativas na vida das pessoas, principalmente das famílias em áreas de risco.

“Quando observamos as mudanças climáticas trazendo mais chuvas, mais calor e novos desafios, percebemos que os mais vulneráveis são os mais afetados. Por isso, a Codesal vem implementando uma série de programas preventivos”, explicou.

Ele anunciou que, ainda neste mês de novembro, será lançado o programa Mulheres que Protegem, voltado a mulheres negras e mães solo que vivem em áreas de risco.

“Essas mulheres, referências em suas comunidades, serão o fio condutor das discussões preventivas. Nosso objetivo é construir uma Salvador cada vez mais resiliente”, concluiu.

Durante o encontro, foi sistematizada e apresentada a Carta de Salvador, documento que reivindica financiamento climático, adaptação de periferias vulneráveis e reparação histórica. A iniciativa se conecta diretamente a Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como o ODS 10 (Redução das Desigualdades), ODS 11 (Cidades Sustentáveis), ODS 13 (Ação Climática), ODS 16 (Instituições Eficazes) e ODS 18 (Igualdade Étnico-Racial).

A Semana Pré-COP30 Salvador representa uma convergência inédita entre legitimidade política e comunitária, metodologias criativas de mobilização e ampliação da dimensão diplomática das discussões — projetando Salvador como espaço de diálogo internacional.

Toda a programação pode ser conferida em: www.precop30.salvador.ba.gov.br.

A partir do dia 10 de novembro, a delegação da Prefeitura de Salvador segue para Belém, onde apresentará iniciativas municipais ligadas à gestão de resíduos sólidos, estratégias de ação climática e políticas de sustentabilidade durante as discussões da COP30.

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