Publicado em 09/11/2025 às 09h34.

Mateus Aleluia leva Concha Acústica ao encantamento em novo show

O artista apresentou “Baía Profunda” para cinco mil pessoas no último sábado (8), em noite marcada por celebração e força ancestral

João Lucas Dantas
Foto: João Lucas Dantas/ bahia.ba

 

O cantor e compositor Mateus Aleluia, natural de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, apresentou seu show ‘Baía Profunda’ para cerca de cinco mil pessoas que lotaram a Concha Acústica do Teatro Castro Alves na noite do último sábado (8).

Ao lado do parceiro de longa data, o maestro Ubiratan Marques, regendo a Orquestra Afrosinfônica da Bahia, o músico, aos 83 anos, emocionou o público com um repertório que passeou por clássicos de sua antiga banda, Os Tincoãs, e por momentos marcantes da carreira solo.

Em uma grande celebração à obra de um baluarte da música baiana, e também da cultura brasileira, a plateia cantou em uníssono os cânticos que dialogam com a música ancestral e suas fortes raízes nas religiões de matriz africana.

 

Foto: João Lucas Dantas/ bahia.ba

 

Inauguração da Baía

A voz inconfundível de Mateus abriu oficialmente seu projeto mais ambicioso até aqui, o Baía Profunda, uma maratona artístico-cultural que reunirá diversas frentes e abordagens. Você pode saber mais na entrevista do Bahia.ba com o próprio artista.

No repertório do concerto, que durou cerca de duas horas, apareceram clássicos como “Deixa a Gira Girar”, “Lamento às Águas” e “Cordeiro de Nanã”, dos tempos de Os Tincoãs, além de canções marcantes da carreira solo, como “Fogueira Doce”, “Quem Guiou a Cega” e “Ogum Pa”. Uma verdadeira miscelânea de quase seis décadas de trajetória.

O show também funcionou como uma homenagem ao músico, que foi recebido com uma ovação de quase cinco minutos, além da presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e de Carlinhos Brown, figuras importantes na virada para sua carreira solo.

 

Mateus Aleluia ao lado de Margareth Menezes e Carlinhos Brown
Foto: João Lucas Dantas/ bahia.ba

 

De Tincoãs à Baía Profunda

Pesquisador acadêmico, Mateus interrompeu sua carreira no Brasil em 1983 para se mudar para Angola, onde deu continuidade aos estudos sobre cultura e ancestralidade. Retornou apenas em 2003. Artisticamente, saiu como um Tincoã e voltou como Mateus Aleluia. Seu primeiro disco solo, Cinco Sentidos, só foi lançado em 2010, com apoio de Brown, Margareth e parceria com o maestro Ubiratan Marques.

O show ganha peso simbólico quando se considera todo esse percurso. No palco, o artista também exibiu seu bom humor, respondendo aos gritos de “lindo” e “gostoso” vindos da plateia e contando um causo envolvendo Cosme de Farias, que deu um novo contexto à “Quem Guiou a Cega“, arrancando risadas do público.

A regência precisa do maestro Bira e a participação de um artista da dança que performou no palco em alguns momentos foram outros pontos altos da noite, iluminando ainda mais a apresentação de Mateus Aleluia, que entregou um espetáculo inesquecível ao público soteropolitano.

 

O cantor celebrando ao lado do maestro Ubiratan Marques
Foto: João Lucas Dantas/ bahia.ba

 

A plateia também chamou atenção. Russo Passapusso, do BaianaSystem, acompanhou o espetáculo; o diretor Walter Salles, vencedor do Oscar por Ainda Estou Aqui, causou alvoroço ao circular pela Concha; e a atriz global Malu Galli também marcou presença.

João Lucas Dantas
Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

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