Bronca nos bastidores: ACM Neto se irrita com gesto de Bruno Reis a Jerônimo

O lançamento do Plano Municipal de Segurança Pública e Defesa Social de Salvador no início do mês, realizado em parceria com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), não agradou o ex-prefeito, ACM Neto (União Brasil), que teria repreendido o prefeito Bruno Reis (União Brasil) por dividir o palco, e os holofotes, com o adversário político.

Segundo relatos de integrantes da cúpula oposicionista, Neto não queria que Bruno se aproximasse do governador justamente no tema que o ex-prefeito usa como principal ponto de críticas ao PT: a segurança pública. A avaliação interna é que, ao vincular o município à área, Bruno pode ter minimizado o discurso oposicionista de que a responsabilidade é exclusiva do governo estadual.

Passou do ponto?

Para dirigentes ligados ao ex-prefeito, o evento criou um ruído desnecessário. O desconforto cresceu quando Bruno, diante do público, fez elogios explícitos a Jerônimo, gesto considerado excessivo por aliados. “Governador, quero primeiro lhe agradecer pela presença e pela deferência. Política é feita de gestos, e hoje damos um grande gesto para a cidade. A sua humildade é um gesto importante para mim e para toda a nossa equipe”, disse o prefeito no palanque, chamando atenção não apenas pelo tom ameno, mas pela ênfase incomum em meio a adversários.

A fala, segundo interlocutores, foi o “ponto fora da curva” que irritou Neto. Dentro do grupo oposicionista, a percepção é de que o Palácio de Ondina poderá explorar o episódio na campanha de 2026, apresentando o prefeito como alguém que, mesmo pertencendo ao bloco rival, reconhece a atuação de Jerônimo. Aliados de Bruno admitem que o momento foi politicamente sensível, mas afirmam que o prefeito “agiu como chefe do Executivo municipal, não como cabo eleitoral”.

Tudo em paz?

A bronca, contudo, não abalou a relação entre os dois. Bruno e ACM Neto mantiveram agendas conjuntas no interior e encontros estratégicos voltados à montagem da chapa oposicionista para 2026.

A popularidade do prefeito em Salvador, vista como ativo eleitoral relevante, é considerada peça-chave no plano de Neto para tentar derrotar Jerônimo no pleito estadual de 2026.