Publicado em 24/11/2025 às 12h35.

Inema deve barrar ampliação de aterro de Salvador sob investigação do MP, diz revista Veja

Empresa Battre é responsável pelo Aterro Sanitário Metropolitano Centro há mais de 20 anos

Raquel Franco
Foto: Divulgação

 

O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) deve rejeitar o pedido de ampliação do contrato do Aterro Sanitário Metropolitano Centro apresentado pela empresa Battre, responsável pela operação do aterro em Salvador. A informação de que a decisão deve ser a rejeição da proposta foi divulgada pela revista Veja na última quarta-feira (19)

A decisão, que deve ser oficializada nos próximos dias, está no centro de uma polêmica que envolve a prorrogação bilionária do contrato de concessão por mais 20 anos pela prefeitura de Salvador e uma investigação do Ministério Público da Bahia (MP-BA).

Riscos ambientais

O parecer técnico do Inema analisa a proposta da Battre que previa a criação de duas novas áreas de despejo de resíduos. O problema é que essas áreas estão localizadas dentro de uma Zona de Preservação Permanente (APP), em uma região cortada por cursos d’água.

A proposta da empresa implicaria na retirada de vegetação e obras em uma área ambientalmente sensível. Especialistas apontam que a localização das novas áreas entra em conflito direto com os parâmetros da norma NBR 13.896 (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que define critérios de segurança para a localização de aterros em relação a corpos hídricos.

O principal risco apontado é a contaminação do solo e do lençol freático, o que motivaria a provável rejeição por parte do órgão ambiental estadual.

Investigação do MP-BA

O processo de ampliação e a prorrogação do contrato com a Battre, assinado em janeiro deste ano pela gestão do prefeito Bruno Reis (União Brasil) e com validade até 2045, já é alvo de investigação do MP-BA.

A 5ª Promotoria de Justiça de Proteção da Moralidade Administrativa e do Patrimônio Público apura possíveis irregularidades na renovação do contrato, que ocorreu sem a realização de uma nova licitação, após uma série de sete termos aditivos firmados desde 2019, quando a concessão original venceu. O MP-BA apura se houve violação à Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei nº 14.133/2021).

Paralelamente, a empresa também é alvo de investigação por crime ambiental na 12ª Delegacia Territorial de Itapuã por suposta supressão de vegetação de restinga e Mata Atlântica em área próxima ao aterro, com danos que, segundo perícia, vêm ocorrendo gradualmente desde 2011.

A Battre afirma que a renovação do contrato seguiu todos os trâmites legais e negou envolvimento nos danos ambientais, declarando que a área de degradação identificada por perícia não pertence à empresa. A prefeitura de Salvador defende a prorrogação, afirmando que ela está amparada pela legislação e foi fundamentada em estudos técnicos que apontam vantagens econômicas e benefícios operacionais.

Raquel Franco
Natural de Brasília, formou-se em produção em comunicação e cultura e em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Também é fotógrafa formada pelo Labfoto. Foi trainee de jornalismo ambiental na Folha de S.Paulo.

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