Publicado em 27/11/2025 às 10h25.

Alberto Pitta inaugura exposição ‘Alafiou’ no MAM

Mostra reúne mais de quatro décadas de criação do artista, evidenciando sua relação com a cultura afro-brasileira

João Lucas Dantas
Foto: Ulysse Dumas/ Divulgação

 

O Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) abre nesta sexta-feira (28), às 17h, a exposição Alafiou, primeira mostra individual de Alberto Pitta em Salvador. A apresentação revisita 45 anos de produção do artista, tendo a cultura afro-brasileira como eixo fundamental.

Inspirada na frase de Mãe Stella de Oxóssi, “o que não se registra, o tempo leva”, a exposição reforça o empenho de Pitta em preservar saberes tradicionalmente passados pela oralidade, convertendo-os em imagem, forma e gesto. O título, uma adaptação de “aláfia”, termo iorubano associado à abertura de caminhos e prosperidade, dialoga com a trajetória do artista.

Filho de Mãe Santinha de Oyá, Pitta cresceu cercado por objetos rituais e cantigas, incorporando referências do candomblé e o universo da costura, que moldou sua percepção do tecido como corpo, memória e superfície.

Desde os anos 1980, desenvolve desenhos, colagens, figurinos, estampas e objetos. Criou identidades visuais de blocos como Olodum, Ilê Aiyê, Apaches e Cortejo Afro — este último fundado por ele em 1998, consolidando a estética do “branco sobre branco”. Sua obra combina tradição e inovação, articulando diálogos entre o sagrado e o profano e reforçando sua importância na cultura afro-baiana.

A mostra apresenta desenhos, colagens, peças de design, publicações, instalações e matrizes serigráficas, além de pinturas recentes que refletem sua presença em exposições internacionais, como a Bienal de Sydney 2024, a Bienal de São Paulo e “O Quilombismo”, em Berlim. Suas criações integram coleções de instituições como Perez Art Museum Miami, Museu Nacional de Belas Artes, Pinacoteca de São Paulo, MALBA e o próprio MAM Bahia.

“Alafiou” permanece em cartaz até fevereiro de 2026, concluindo a trilogia do museu dedicada a artistas baianos que ampliam o diálogo entre cultura popular e erudita — iniciada com J. Cunha, em 2023, e seguida por Goya Lopes.

Imagem: Divulgação
João Lucas Dantas
Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

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