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Publicado em 05/12/2025 às 10h27.

Netflix fecha acordo bilionário para comprar a Warner Bros; saiba mais

Movimento histórico une o maior streaming do mundo ao estúdio centenário de Hollywood

João Lucas Dantas
Imagem: Divulgação/ Redes sociais

 

A Netflix anunciou, nesta sexta-feira (05), que firmou um acordo definitivo para adquirir a Warner Bros. Discovery (WBD). O pacote inclui os estúdios de cinema e televisão, além da HBO e do HBO Max, marcando um movimento que pode alterar de forma profunda o cenário do entretenimento mundial.

A operação, avaliada em US$ 82,7 bilhões, com valor patrimonial de US$ 72 bilhões, combina o alcance global do streaming dominante com o legado centenário da Warner na criação de conteúdo.

O negócio avalia cada ação da WBD em US$ 27,75 e ainda depende de duas etapas: a separação da divisão de redes globais, a Discovery Global, e a conclusão do processo que colocou a Netflix à frente de concorrentes como Paramount Skydance e Comcast.

Oferta mista e cronograma longo

A proposta da Netflix foi estruturada em um modelo híbrido, com pagamento em dinheiro e ações, mas com predominância do caixa. Cada acionista da WBD receberá US$ 23,25 em dinheiro e US$ 4,50 em ações ordinárias da Netflix por papel.

Essa parte em ações é protegida por um mecanismo de collar, que limita os efeitos de oscilações no mercado. Na prática, o valor acionário fica travado em US$ 4,50 desde que o preço médio ponderado por volume (VWAP) da Netflix, calculado nos três dias úteis anteriores ao fechamento, permaneça entre US$ 97,91 e US$ 119,67.

Os conselhos das duas empresas aprovaram o acordo por unanimidade. O prazo estimado para conclusão é de 12 a 18 meses, ainda sujeito ao aval de reguladores, ao voto dos acionistas da WBD e à cisão prévia do braço de redes globais.

Em junho de 2025, a WBD havia anunciado que dividiria a operação em duas empresas públicas: Streaming & Studios e Global Networks. A separação, prevista para o terceiro trimestre de 2026, cria a Discovery Global, que reunirá CNN, TNT Sports nos EUA, Discovery, emissoras europeias e o serviço Discovery+.

Após a conclusão total da fusão, a Netflix projeta economizar entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões por ano a partir do terceiro ano e prevê aumento do lucro por ação (GAAP) já no segundo ano.

Catálogo robusto e desafios regulatórios

A união entre a escala mundial da Netflix e a capacidade produtiva da Warner Bros. forma um raro conjunto de distribuição global com tradição de estúdio.

A Netflix afirma que manterá as operações atuais da Warner e reforçará seus pontos fortes, incluindo a prioridade para lançamentos nos cinemas antes do streaming, algo que pode influenciar o próprio modelo da plataforma, historicamente voltado a impulsionar assinaturas a partir de filmes originais.

Para o mercado criativo, a empresa fala em mais oportunidades e em uma indústria fortalecida pela combinação de produção de alto nível com alcance internacional.

A fusão reúne franquias como todo o catálogo da HBO e HBO Max, o Universo DC e clássicos como Casablanca e Cidadão Kane, sucessos como Friends e Harry Potter e títulos da própria Netflix, como Wandinha, Bridgerton, Stranger Things, Round 6 e Guerreiras do K-Pop.

Apesar da dimensão do negócio, o caminho regulatório é considerado complexo. Produtores e cineastas solicitaram ao Congresso dos EUA uma análise antitruste rigorosa, enquanto parlamentares pedem avaliações sobre impacto concorrencial, janelas de distribuição e relações trabalhistas.

A Paramount Skydance contestou o processo de venda, segundo o Wall Street Journal, alegando que a WBD favoreceu a Netflix. Em carta ao CEO da empresa, afirmou que o processo teria sido conduzido com um resultado previsível a favor de um único comprador. A Paramount argumentou ainda que a fusão “provavelmente nunca seria aprovada” devido aos desafios regulatórios internacionais, percepção reforçada pelo fato de a oferta inicial da Netflix incluir uma taxa de rescisão de US$ 5 bilhões caso o acordo fosse barrado.

João Lucas Dantas
Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

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