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Publicado em 30/12/2025 às 22h23.

Olodum cobra reconhecimento e fala sobre desigualdade e violência

Lucas Di Fiori vocalista do grupo, afirmou que ainda é preciso lutar para que essa valorização aconteça de forma efetiva

Neison Cerqueira / Edgar Luz
Foto: Edgar Luz / bahia.ba

 

Atração desta terça-feira (30) no quarto dia do Festival Virada Salvador, o vocalista do Olodum, Lucas Andrade, também conhecido como ‘Lucas Di Fiori’, comentou sobre a valorização da banda e a importância do reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo grupo.

Em entrevista coletiva antes de subir ao palco da Arena O Canto da Cidade, na Boca do Rio, o cantor afirmou que ainda é preciso lutar para que essa valorização aconteça de forma efetiva.

“Quando a gente parar de perguntar e de falar desses assuntos, aí vamos entender que a valorização chegou. A cidade afro, a capital afro, é o que é vendido, é o que é exportado. Está na televisão, nas propagandas. Reconhecemos os avanços, mas sabemos que ainda é preciso fazer muito mais”, afirmou.

Lucas destacou que esse reconhecimento precisa ocorrer de forma espontânea, sem que seja necessário reivindicar. “A valorização tem que ser dada, porque a gente entra e faz”, disse.

Ao abordar as desigualdades nas comunidades e a violência, especialmente contra as mulheres, o artista afirmou que o Olodum atua onde o poder público muitas vezes não chega. Segundo ele, o combate ao feminicídio deve ser uma responsabilidade coletiva.

“Somos um grupo que sempre pregou e segue lutando por paz, dignidade, igualdade e contra qualquer tipo de discriminação racial. A luta contra o feminicídio não é só das mulheres, é dos homens. Precisamos falar mais sobre isso”, enfatizou.

Sobre a atuação da banda nas comunidades, Lucas afirmou que a violência aumentou em Salvador, mas ressaltou o respeito conquistado pelo Olodum nesses territórios. “O Olodum tem passe livre em qualquer lugar. A gente entra de cabeça erguida em qualquer favela, fala de paz e educação, e é respeitado”, garantiu. “Se toda comunidade tivesse uma escola Olodum, Salvador seria diferente”, completou, citando também o Ilê Aiyê.

O vocalista voltou a defender a valorização dos blocos afros e da cultura periférica. “É preciso pegar esses meninos do pagode, dos blocos afros, que estão nas periferias, e fazer com que eles também ensinem, toquem e fortaleçam essa cultura. As músicas precisam ter mais valor e mais vida. Quando falamos de ‘Faraó’, é uma canção eterna, assim como tantas outras que falam de amor, alegria e identidade”, pontuou.

Lucas também enalteceu o Festival Virada Salvador, evento público e gratuito organizado pela Prefeitura de Salvador. “É um espaço democrático. A gente reconhece os esforços da prefeitura, que tem se tornado referência para outros estados, principalmente no cuidado com os ambulantes”, declarou.

O artista citou melhorias oferecidas aos trabalhadores informais durante o evento. “Eles receberam equipamentos novos, térmicas mais resistentes, transporte, apoio para deixar os filhos e alimentação. Isso precisa ser reconhecido. Há avanços, mas sabemos que eles precisam alcançar todos”, avaliou.

Por fim, Lucas reforçou a necessidade de união entre poder público e sociedade. “É um processo coletivo. Precisamos falar mais, exigir mais e garantir que os nossos sejam valorizados. É isso que eu defendo”, concluiu.

Neison Cerqueira
Jornalista, com atuação na área de política e apaixonado por futebol. Foi coordenador de conteúdo do site Radar da Bahia, repórter do portal Primeiro Segundo e colunista em ambos os veículos. Atuou como repórter na Superintendência de Comunicação da Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas e, atualmente, cobre política no portal bahia.ba.

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