Publicado em 17/09/2016 às 11h00.

Neto diz que Célia tem ‘pouco significado’: ‘Não tenho que conviver’

Prefeito admite ter eliminado cargos ligados à sua vice, descarta regulamentação do Uber e não assume compromisso de concluir novo mandato na prefeitura

Evilasio Junior
Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba
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Candidato à reeleição, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), mudou não apenas de parceiro na chapa majoritária, mas também de conceito em relação à sua atual vice, Célia Sacramento (PPL), uma das suas adversárias no pleito de 2016.

Após ter sido “trocada” pelo deputado Bruno Reis (PMDB), a ex-aliada iniciou uma série de ataques ao democrata e se aproximou do governador Rui Costa (PT). Apesar de a relação ter azedado, o gestor se disse indiferente com o fato de ser obrigado a dividir espaço com ela no Palácio Thomé de Souza até o fim do ano.

“Primeiro, eu não tenho que conviver com ela. Não tenho nenhuma obrigação de conviver. Segundo, a cidade viu que ela me traiu. Todos sabem o que ela dizia do governo, do próprio governador e do PT. Eu tenho ‘n’ declarações dela a esse respeito. E, para mim, é uma pessoa que passou a ter pouco significado político. Então, não merece mais do que eu já lhe disse a respeito dela”, detonou Neto, que admitiu ter promovido exonerações de quadros ligados à vice-prefeita: “Aconteceram normalmente”.

Em relação à polêmica do Uber, ACM Neto derramou um balde de água fria nos planos de quem apostava que, após o pleito, haveria flexibilização do Município para legalizar o aplicativo: “Da minha parte está descartada a discussão sobre a regulamentação”.

Sobre as especulações de que poderia abandonar o Palácio Thomé de Souza em 2018 para disputar o comando da Bahia, o democrata disse que “não trata” e “não pensa” na próxima eleição estadual, negou ter “obsessão” por ser candidato a governador, mas refutou a possibilidade de assinar um compromisso de conclusão do próximo mandato, caso consiga a renovação. “A minha palavra tem muito mais peso do que qualquer documento”, argumentou, sem garantir mesmo verbalmente que está fora do páreo.

Ele ponderou que “jamais renunciaria ou deixaria a prefeitura para entrar em uma aventura”, admitiu que o seu projeto é de “longo prazo” e não descartou concorrer à Presidência da República, embora tenha citado o avô, o falecido senador Antônio Carlos Magalhães, para pontuar que “presidência não é projeto, é destino”.

Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba
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bahia.ba – Caso eleito, o senhor se compromete em não abandonar o mandato daqui a dois anos para disputar outro cargo?

ACM Neto – Olha, qualquer tipo de especulação sobre 2018, neste momento, é uma grande irresponsabilidade. Eu sequer penso, muito menos falo, a respeito de 2018. Meu foco está totalmente concentrado em 2 de outubro, na eleição de 2016, e em continuar o meu trabalho à frente da prefeitura. Eu não vou cair em armadilha ou em qualquer tipo de cilada de dar uma palavra nessa ou naquela direção, assinar um documento assim ou assado. Eu não preciso disso. O povo de Salvador sabe como eu sou um cara responsável. Esses quatro anos serviram para mostrar o meu grau de responsabilidade com a cidade e é com essa mesma responsabilidade que eu pretendo exercer o segundo mandato à frente da prefeitura. E eu repito: o meu destino, qualquer que seja ele, vai depender exclusivamente da vontade do povo de Salvador. Nenhuma outra decisão será pautada por nada que não seja o desejo do povo de Salvador, mas o meu foco é exclusivamente 2016. Então, não trato de 2018, não penso em 2018 e, ao contrário do que muitos imaginam, não tenho nenhuma obsessão por ser candidato a governador do Estado em 2018. Acho que é muito mais uma criação dos meus adversários, que já me apontam como um eventual nome para 2018. Agora, quem me conhece sabe que a minha responsabilidade, o meu compromisso prioritário, fundamental, é com Salvador.

.ba – O senhor disse que vai evitar dar qualquer palavra definitiva, que não vai assinar nenhum documento. O senhor quer evitar o que aconteceu com José Serra, em 2004, que assinou um documento em uma sabatina se comprometendo em concluir o mandato e dois anos depois disputou o governo de São Paulo? Até hoje, isso causa uma grande discussão por lá…

AN – Primeiro, quem me conhece sabe que eu não ajo sob pressão. A minha conduta vai muito de acordo com as reflexões que eu faço e com o sentimento e o desejo do que eu percebo ser a vontade das pessoas, do cidadão. Então, eu jamais entraria em uma armadilha como essa. De maneira alguma. A minha palavra tem muito mais peso do que qualquer documento. Toda vez que eu dei a minha palavra, eu cumpri. É o momento de ter equilíbrio, serenidade e foco. E o foco, repito, está todo ele concentrado em 2016. Para mim, 2018 não passa de especulação dos adversários, porque nem minha é.

.ba – Como o senhor pretende medir o clamor popular para decidir se candidatar ou concluir o mandato de prefeito?

AN – Isso não está em pauta. Eu repito: as especulações sobre 2018 brotam e nascem muito mais no campo dos meus adversários do que dos meus aliados. Os meus aliados não tratam desse assunto porque eles sabem que eu proíbo de tratar. Eu não sento com ninguém para conversar: nem com deputados, nem com vereadores, nem com lideranças do interior. Hora nenhuma eu tratei sobre uma possível candidatura a governador daqui a dois anos. Então, sequer esse tipo de especulação acontece no meu campo. Eu deixo que os meus adversários continuem obcecados por mim e parece que essa obsessão cresce a cada dia. Isso é impressionante. Eu acho até que soa um pouco como inveja do trabalho que nós fizemos em Salvador, que eles não foram capazes de fazer pela nossa cidade. O meu foco, repito, continua sendo Salvador, a prefeitura e a continuidade, caso seja a vontade do eleitor no dia 2 de outubro, desse trabalho nos próximos anos.

.ba – No dia da inauguração do seu comitê…

AN – Só me permita acrescentar uma coisa, que é importante. Eu nunca encaro a próxima como a última eleição. Eu tenho um projeto de longo prazo. Eu tenho tempo e quem tem tempo não precisa ter pressa e é por isso que, ao contrário do que muitos imaginam, 2018 está muito distante de ser uma obsessão minha. Eu, graças a Deus, pude realizar sonhos muito novo na minha vida: cheguei à prefeitura aos 33 anos, já disputo agora uma reeleição, aos 37. Me sinto um homem realizado na vida pública pelo que fiz à frente da Prefeitura de Salvador. Tudo isso faz com que o meu olhar seja um olhar de longo prazo. Eu não posso entrar em uma aventura. Eu jamais renunciaria ou deixaria a prefeitura para entrar em uma aventura. Essa hipótese não existe. Jamais existiria. É incompatível com a forma como eu atuo e, sobretudo, com a racionalidade que eu procuro empreender nas minhas decisões.

Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba
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.ba – O senhor falou do tempo que o senhor tem, de projeto de longo prazo. O objetivo é a Presidência da República?

AN – [titubeia] Não… Eu… É… O meu longo prazo, quando eu coloco nesse sentido, é dizer o seguinte: eu fiz uma opção aos… É… Vamos lá. Antes dos 20 anos de idade eu fiz uma opção pela política, quando eu entrei na vida pública. Quando eu assumi a minha primeira função eu tinha de 19 para 20 anos, como assessor de Heraldo Tinoco na Secretaria da Educação. Então, ali eu fiz uma opção. Abri mão da minha carreira na advocacia, na minha carreira jurídica, abri mão de carreira empresarial, abri mão de tudo pela vida pública. Essa opção sempre foi olhando um projeto de longo prazo. O que é que vai ser? Vai disputar o que depois? Aí é a circunstância, é o destino, a consequência do trabalho. Eu não posso aqui… Eu seria petulante de dizer: ‘ah, eu quero ser presidente da República’, até porque o meu avô ACM dizia que ‘presidência não é projeto, é destino’. Agora, é claro que sempre que eu tiver a oportunidade de construir mais, eu pretendo estar preparado para construir mais. E aí é o futuro e o destino que vão dizer.

.ba – No dia da inauguração do seu comitê, o senhor disse que era “babaquice” da oposição classificá-lo como golpista e que torcia para que eles mantivessem a estratégia. No entanto, a sua coligação entrou com várias ações para impedir que o termo fosse utilizado. Não é uma contradição?

AN – Não, de maneira alguma. Uma coisa é a gente fazer valer o que está escrito na lei. A lei é clara sobre o que pode ou não pode ser utilizado na propaganda eleitoral e uma expressão como essa está terminantemente proibida. Isso é uma coisa. Outra coisa é eles continuarem dando entrevistas, discursando e tentando colocar essa pecha em mim. E não vem dando certo. Prova disso é que as pesquisas registram o crescimento muito pequeno das outras candidaturas e uma força muito grande da nossa candidatura. Essa é a maior prova. Eleição municipal é debate municipal. Toda vez que alguém procurou ou tentou federalizar ou nacionalizar uma eleição municipal se deu mal. As pessoas estão escolhendo o prefeito, não é o presidente da República. Na eleição para governador você ainda tem uma influência grande do contexto nacional, porque é uma eleição casada. Agora não. Não se trata de uma eleição casada. As pessoas estão preocupadas é com a educação no seu bairro, com o transporte, com a saúde, com a infraestrutura, com a habitação. É com isso que as pessoas estão preocupadas. Não em discutir se houve golpe, se não houve golpe, se deve ter havido ou não o impeachment. Eu acho um grande equívoco e espero, repito, que eles continuem com essa estratégia até o último dia.

.ba – Mas as campanhas do PFL e do PSDB, lá atrás, quando Fernando Henrique Cardoso era bem avaliado, também se utilizavam do mesmo discurso dos aliados do PT hoje em dia, de querer trazer Lula e Dilma para perto do debate. Essa estratégia do senhor não é muito em função de Michel Temer ser campeão de rejeição aqui em Salvador?

AN – Pela minha pouca idade [dos dois entrevistadores, um é três anos mais velho que o prefeito e o outro oito anos mais novo], eu não tenho recordações tão vivas a respeito dessas campanhas a que você se refere, mas das notícias que eu tenho, e a de 2000 eu acho que acompanhei um pouco, não houve essa tentativa. Na reeleição de Imbassahy, o que se trabalhou muito fortemente foi a transformação da cidade, de como ela estava destruída no governo de Lídice e depois foi recuperada. Eu acho que esse foi o foco principal. Quatro anos atrás, eles diziam, e é bom lembrar, que Salvador não podia andar com as próprias pernas, que estava condenada caso o prefeito não fosse do mesmo partido do governador e da presidente. A cidade não caiu na chantagem, não se deixou levar pelo medo e me elegeu. E eu mostrei que eles estavam errados. Se há quatro anos eu tive essa estratégia e ela foi exitosa, porque ela é necessária, correta e verdadeira, por que eu vou mudar agora? Não tem nada a ver com Temer, não tem nada a ver com Brasília. Em nenhuma hipótese eu iria nacionalizar a campanha. A receita do sucesso há quatro anos foi debater a cidade e será desta mesma forma que nós estamos fazendo.

Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba
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.ba – O senhor não considera que na atual campanha tem prevalecido a judicialização no lugar de debate? O senhor já disse que, em seu entendimento, não houve golpe. Por que não defender a tese na propaganda eleitoral?

AN – Não. Eu não trato disso. Qual é a minha estratégia? A minha estratégia é mostrar tudo o que eu fiz por Salvador, porque, inclusive, muitas coisas não puderam ser ditas ao longo do meu mandato porque nós não dispúnhamos de meios para isso, e mostrar o que eu pretendo fazer para o futuro. Esse é o nosso foco e a nossa estratégia. Ninguém me viu, no meu horário eleitoral, agredindo ninguém, ofendendo ninguém, atacando ninguém ou muito menos rebatendo qualquer crítica que tivesse sido de qualquer candidato. Não. A gente vai à Justiça, quando é o caso, pede a suspensão do programa ou da peça publicitária ou pede direito de resposta. No meu horário não há, até este momento, uma resposta ou mesmo um ataque. Eu estou vendendo o trabalho que eu fiz e o que eu pretendo fazer em Salvador.

.ba – Até a véspera da sua convenção, o PRB ameaçava não apoiar a sua candidatura e lançar Tia Eron candidata a prefeita. O que acomodou o PRB, que está com o Democratas até na coligação proporcional? Uma perspectiva de vaga na chapa majoritária de 2018?

AN – Não. Eu não trataria desse assunto nem com o PRB nem com nenhum outro partido. O que houve foi uma compreensão do PRB de uma parceria que nós firmamos em janeiro de 2013, que deu certo para Salvador. O PRB é um partido responsável, um partido que ajudou a prefeitura desde o primeiro instante, que tem quadros importantes, que tem o direito de almejar posições majoritárias, seja agora – foi legítima a pretensão do PRB –, seja no futuro. O PRB tem esse direito a partir do grande estruturado na Bahia e no Brasil. Agora, não há e não houve nenhum tipo de acordo, de entendimento, de barganha, de troca, nada disso. O que houve foi uma boa conversa política e a compreensão e o sentimento de que o projeto, para a cidade, é maior do que qualquer tipo de divergência partidária.

.ba – A forma que o PRB pleiteou também foi legítima? A deputada Tia Eron chegou a tomar café com o governador Rui Costa, o partido não foi à convenção do Democratas…

AN – Eu não posso impedir que uma deputada federal converse com o governador. Seria autoritário da minha parte. Ele até faz isso. O governador tem essa posição muito maniqueísta. Ele não tolera que aliados dele conversem comigo, se relacionem comigo e tal. Eu não sou assim. Eu não faço política na base do veto, do ódio, de maneira alguma. A minha política é muito mais leve e relaxada. A gente sabe que existem circunstâncias que fazem determinadas coisas que depois são superadas.

Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba
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.ba – Em relação ao Uber, depois da campanha municipal, o senhor acredita que uma lei poderá ser editada para regulamentar o serviço em Salvador?

AN – Da minha parte, não. Da minha parte está descartada a discussão sobre a regulamentação.

.ba – Com o novo regulamento dos táxis, houve uma ampliação do período de aplicação da bandeira 2 e também uma autorização para os taxistas cobrarem 20% sobre a corrida em grandes eventos populares. A prefeitura não prejudicou os taxistas na concorrência com o Uber?

AN – Não. O regulamento procurou atualizar situações que já existiam há muito tempo. Nas festas populares, muitas vezes, o que Salvador viu? A prática de uma tabela de preços que sequer era controlada pela prefeitura e que não duplicava a corrida, não. Às vezes, quintuplicava o preço da corrida. Então, o que é que nós fizemos? Nós trouxemos para o regulamento, para o que está na lei, para a fiscalização da prefeitura, aquilo que já era uma realidade em nossa cidade. O regulamento foi debatido com os taxistas profundamente. Eles ajudaram a construir o regulamento e é uma prova de que a prefeitura se preocupou em ordenar o transporte público, porque não foi só o táxi. Nós fizemos a concessão do ônibus depois de 40 anos na gaveta, nós aprovamos a regulamentação do mototáxi, que não existia em Salvador, nós regulamentamos o serviço de transporte complementar, o serviço de transporte turístico e agora vamos regulamentar o serviço de transporte escolar. A ideia é que, na base do regulamento e dos instrumentos de fiscalização, esse serviço possa ser prestado com qualidade e segurança ao cidadão.

.ba – Em vez de combater o Uber ou outros aplicativos que virão, o caminho não seria regulamentar, como em São Paulo, até para buscar uma fonte de arrecadação e reconfigurar o sistema de táxi em Salvador? Não seria uma forma de sanar irregularidades como a falta de transparência na concessão de alvarás e diminuir o preço da corrida, já que a bandeira 2 de Salvador é uma das mais caras do país e de maior duração, porque vigora entre a noite de sexta e a manhã de segunda-feira?

AN – Na minha gestão, nós não concedemos nenhum novo alvará. Nós chamamos o Ministério Público para dialogar a respeito de um modelo que permita a revisão dessa forma de concessão. Isso está sendo discutido. Nós não tomamos nenhuma providência porque o assunto não estava devidamente pronto. Não houve, nesse período, um consenso ou entendimento com o próprio Ministério Público, o que não quer dizer divergência. Quer dizer que está em construção. A gente acha, sim, que deve se aperfeiçoar, deve olhar para a frente, no sentido de criar novas regras para a concessão da licença de funcionamento de táxi na cidade, porém isso nada tem a ver com Uber. Isso tem a ver com a preocupação de sempre melhorar a qualidade do serviço de táxi. Eu acho que, em outras capitais, onde o próprio Uber foi regulamentado, a gente está vendo que o resultado não foi legal, não foi positivo. Eles aumentaram muito o preço das viagens, tem muito serviço que está sendo fraudado, não há controle da segurança, que é prestada ao usuário. Então, acho que o caminho nosso é aperfeiçoar os modelos que nós já temos hoje e não trazer outro modelo.

.ba – Recentemente, a promotora Rita Tourinho deu uma entrevista sobre o Uber e disse que “se o direito vira as costas para o fato, o fato vira as costas para o direito”, ao apontar que a lei que proíbe o aplicativo é inconstitucional. Ela ainda questionou como o Município poderia controlar a oferta do serviço na cidade. Por exemplo, a prefeitura sabe quantos carros foram apreendidos até hoje e quantos estão em circulação?

AN – Temos todos os dados. Primeiro, a gente tem que respeitar a posição do Ministério Público. Eu não preciso concordar em tudo com o Ministério Público. Muitas vezes a gente concorda. Na grande maioria das vezes a gente concorda, mas isso não significa 100% de concordância. O Ministério Público já se pronunciou a respeito do assunto e a sua posição é divergente da posição da prefeitura, neste caso. A Secretaria de Mobilidade, através de Fábio [Mota], pode passar os dados das apreensões que foram feitas. Agora, nós temos utilizado estratégias que envolvem inteligência, algumas, inclusive, que não podem ser publicizadas, porque é a forma de você buscar agir em cima de um serviço que é clandestino. Um serviço que é clandestino e que, muitas vezes, funciona de maneira escamoteada. Então, a gente tem reserva com relação às estratégias de operação para fiscalização, mas a Transalvador e a Semob, através dos seus agentes, têm atuado e os dados todos são compilados e condensados na Secretaria de Mobilidade.

Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba
Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba

 

.ba – Em 2012, na campanha, o senhor prometeu ônibus com ar-condicionado…

AN – Opa, peraí. Já interrompo (risos). Isso aí é conversa de adversário. Hora nenhuma, você pode pegar os meus comerciais, eu disse que toda a frota da cidade teria ar-condicionado. Os ônibus troncais [teriam]. Finalmente, nós assinamos o contrato do BRT e, sendo uma linha troncal. O BRT terá ar-condicionado. Todas as linhas troncais terão ar-condicionado. Nós já oferecemos hoje um serviço diferenciado de ônibus com ar-condicionado e wi-fi, que eu lancei. Agora, não prometi que toda frota teria, porque é impossível. Não existe isso em nenhuma capital do Brasil e quem estiver prometendo isso está mentindo, com o objetivo de enganar o eleitor.

.ba – Mas, de volta à pergunta, aí eu mesmo vi no seu programa de governo de 2012. O senhor prometeu construir uma maternidade municipal no Subúrbio. Como o senhor mesmo dizia, em um jargão nos debates contra Nelson Pelegrino, por que não fez?

AN – Na verdade, nós mudamos a prioridade em relação à maternidade, por um motivo simples: o governo do Estado anunciou que transformaria o Hospital João Batista Caribé, do Subúrbio, em maternidade. Não tinha sentido a prefeitura fazer uma maternidade no Subúrbio se o governo do Estado ia transformar uma unidade hospitalar que já existia em maternidade. Essa foi a decisão, e aí nós mudamos o foco. Para quê? Para colocar UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] na cidade, que eu não tinha prometido. Nós tínhamos uma UPA no Subúrbio, que não funcionava, em Periperi. Construímos oito novas UPAs, sendo que uma delas no Subúrbio, em Paripe, que era uma obra muito mais necessária e urgente para atender às demandas de emergência naquela região e em toda a cidade. O que nós fizemos pela Saúde, nunca nenhuma prefeitura fez. Nós mais do que dobramos o número de equipes de Saúde da Família, e eu não prometi isso, nós reformamos todas as nossas unidades básicas, eu não prometi isso, nós contratamos mais de 3,7 mil profissionais, eu não prometi isso, implantamos os multicentros, que eu prometi, e nós começamos a construir o hospital, que eu prometi.

.ba – A vice-prefeita Célia Sacramento declarou recentemente que basta um convite do governador Rui Costa para que ela faça parte da base de apoio dele. Como será conviver com ela na prefeitura até o final do mandato?

AN – Primeiro, eu não tenho que conviver com ela. Não tenho nenhuma obrigação de conviver. Segundo, a cidade viu que ela me traiu. Todos sabem o que ela dizia do governo, do próprio governador e do PT. Eu tenho ‘n’ declarações dela a esse respeito. E, para mim, é uma pessoa que passou a ter pouco significado político. Então, não merece mais do que eu já lhe disse a respeito dela.

.ba – Houve exonerações de pessoas ligadas a ela na prefeitura?

AN – Aconteceram normalmente, como acontecem todos os dias em vários órgãos da prefeitura. Não só no gabinete da vice-prefeita, mas dezenas de exonerações e nomeações. Mudanças são feitas em diversos órgãos da prefeitura, inclusive no gabinete da vice-prefeita, no gabinete do prefeito, no gabinete dos secretários. Isso acontece corriqueiramente. Não há nada de excepcional nesse fato (ouça aqui o trecho sobre Célia).

Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba
Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ bahia.ba

 

.ba – O senhor tem um minuto para pedir o voto do eleitorado de Salvador.

AN – Eu olho para trás, enxergo a cidade que nós vivíamos em 2012, olho o momento atual e vejo a cidade que nós vivemos hoje. É uma cidade que ainda tem problemas, que ainda tem desafios, certamente, mas é muito melhor do que era no passado, o que me dá tranquilidade de chegar a qualquer bairro de Salvador de cabeça erguida, com o coração em paz e de alma lavada. Eu cumpri todos os meus compromissos. Fiz mais, inclusive, do que prometi. Me sinto, hoje, preparadíssimo para continuar surpreendendo Salvador, para continuar dedicando a minha vida a esta cidade. Temos um projeto, que está em andamento, e que precisa ser consolidado. É por isso que eu tenho certeza que nós vamos ter o apoio do povo de Salvador no dia 2 de outubro. Falar é fácil, eu quero ver é fazer. E a gente tem feito. Eu transformei a rua no meu melhor gabinete e eu tenho certeza que a gente mudou a realidade de Salvador. Hoje, a cidade voltou a ter confiança, a recuperar a sua autoestima, a ter o sorriso no rosto das pessoas e o brilho no olhar. É isso que a gente espera que continue sendo a marca de uma cidade que ocupava as últimas posições e hoje voltou a merecer o título de primeira capital do Brasil. É 25 na cabeça e na urna.

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