Publicado em 24/11/2016 às 12h25.

Rejeitado na primeira tentativa, vigilante doa plaquetas há seis anos

“Eu sei qual é o sofrimento de um familiar aguardando a doação de sangue, de plaqueta ou de um órgão. É uma aflição”, justificou Ricardo de Sena ao ser questionado sobre seu ideal

Luís Filipe Veloso
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

 

O vigilante Ricardo Lessa de Sena, 36 anos, poderia ter desistido da ideia de doar plaquetas quando foi mal atendido e rejeitado por um determinado banco de sangue de Salvador em novembro de 2010, mas resolveu insistir e foi a outro local de doação onde, aceito, mantém a rotina mensal há seis anos.

Com um tom de quem foi à forra e não desistiu do objetivo, ele relatou ao bahia.ba que se sentiu ignorado e ouviu da técnica de enfermagem que “não tinha veia para puncionar” na primeira tentativa de aférese [nome dado à técnica utilizada para retirar apenas a plaqueta, um dos hemocomponentes do sangue]. Refeito da decepção, foi ao banco de sangue do Hospital São Rafael, onde passou a ser colaborador já no dia seguinte.

Engajado há 16 anos, ele contou que a relação com a equipe de captação e coleta, que encontra fielmente a cada 30 dias, é de total sintonia: “Quando estou pensando em ligar, eles me ligam. Quando eles pensam em me chamar, ligo para eles”.

De acordo com Ricardo, as mortes de uma prima, portadora de câncer de medula, e do avô, por causa semelhante, foram fundamentais para que ele fortalecesse o ideal que o move a interromper os próprios afazeres para estender o braço para a retirada do hemocomponente.

“Tem doador que marca e não vai, isso é terrível… Eu trabalho em hospital, convivo com isso. Eu sei qual é o sofrimento de um familiar aguardando a doação de sangue, de plaqueta ou de um órgão. É uma aflição”, disse o vigilante, quanto ao motivo de não quebrar o compromisso.

Ricardo discorda de quem considera um peso ir todos os meses ao hospital, por aguardar até duas horas ligado a uma máquina para efetuar a coleta. “Vejo a necessidade de ser e continuar sendo um doador. Estou plantando meu bem, meu futuro ao ajudar meu próximo”, concluiu o vigilante.

Semana Nacional do Doador Voluntário de Sangue – Os bancos de sangue da Bahia se associam à mobilização que ocorre em todo país e tem o marco na próxima sexta-feira (25) de novembro.

Segundo a Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), apenas 1,4% dos baianos doam sangue regularmente, número abaixo do previsto pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para o equilíbrio dos estoques, a OMS indica que entre 3% e 5% da população de uma unidade federativa exerçam a doação periodicamente.

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