A felicidade como caminho
Prazer e dor fazem parte da vida. Para ser feliz, é preciso saber integrar todas as nossas emoções, boas e ruins, e aprender com elas

Não adianta querer comprar, alugar, doar, emprestar ou vender.
Felicidade não é um produto tangível e nem está disponível por aí. Também não é um objetivo que encontraremos quando um dia formos bem-sucedidos, depois de uma vida cheia de lutas e sacrifícios. “Ser feliz” trata-se de um estado de espírito no momento presente, uma forma de viver a vida, um caminho a seguir.
Focar muita atenção no passado, nos deixa melancólicos. No futuro, ansiosos. Focar muito nas tristezas e derrotas da nossa vida, nos rouba a felicidade, mas tentar focar somente no positivo, reprimindo os sentimentos negativos inerentes à vida humana, também não nos ajuda a ser feliz.
Felicidade não é alegria constante, nem ausência de sofrimento, isso é ilusão ou fantasia. Até porque a vida é cheia de situações que inevitavelmente nos fazem sofrer. Felicidade também não é uma simples consequência de pensar positivo. Até porque apenas os nossos pensamentos não são capazes de criar o nosso destino. E quando supervalorizamos esse poder, acabamos nos sentindo culpados por algo de ruim que sempre acontece.
Felicidade é uma escolha, uma decisão pessoal. Segundo Susan David, professora da Escola de Medicina de Harvard e autora do livro “Emotional Agility”, felicidade é o subproduto de perseguir coisas que têm valor intrínseco para nós, é a principal consequência de fazer algo que você ama. Em outras palavras, focar em “ser feliz” ou colocar a felicidade como uma meta a ser perseguida e alcançada a qualquer custo, pode nos levar à infelicidade, ao longo do tempo.
Isso porque emoções como culpa, tristeza e raiva são sintomas dos nossos valores. Ninguém se sente culpado, fica triste ou com raiva sobre coisas que não importam. Afastar essas emoções da nossa vida, sob o pretexto de “ser feliz”, significa ignorar a nossa própria essência e o que é importante para nós, aquilo que no final das contas, é o que verdadeiramente nos traz felicidade.
Felicidade é um conjunto de habilidades que sustenta o nosso mundo interior com coragem, curiosidade e compaixão.
A ideia de que poderíamos abafar nossas emoções e pensamentos ruins para ser feliz, não faz sentido
Prazer e dor fazem parte da vida. Para sermos felizes, temos que saber integrar todas as nossas emoções, boas e ruins, e aprender com elas. Quando não estamos treinados, somos pegos de surpresa e acabamos afetando a nossa escolha pessoal de felicidade. Felicidade não é um porto seguro. É uma decisão difícil. Dá trabalho. Exige esforço constante.
Felicidade é um conjunto de habilidades que sustenta o nosso mundo interior com coragem, curiosidade e compaixão. Habilidades que podem ser aprendidas e desenvolvidas. Tem a ver com a nossa capacidade de enfrentar as nossas emoções, entendê-las e, em seguida, optar por avançar de maneira alinhada com nossos objetivos e congruente com nossos valores pessoais.
Sair com amigos para se divertir, é prazer. Trabalhar naquilo que se gosta, é ter realização pessoal e significado. Sentir-se parte de algo maior, é encontrar um propósito na vida. E, segundo Martin Seligman, fundador da Psicologia Positiva, tudo isso é importante para uma felicidade autêntica. Mas o que vai determinar essa felicidade é o caminho que escolhemos para vivenciar esses três aspectos de maneira equilibrada, ou seja, a nossa atitude perante a vida.
Algumas coisas simples ajudam muito nesse caminho, e foram comprovadas e divulgadas pelos principais autores da nova ciência da felicidade: buscar o autoconhecimento, comer saudável, fazer exercício físico, dormir suficiente, respirar corretamente, parar pra meditar, criar e cultivar conexões significativas na vida pessoal e no trabalho, exercitar a gratidão, praticar atos conscientes de bondade e de amor ao próximo.
No final das contas, não é somente a nossa genética e o ambiente externo em que estamos inseridos que determinam a nossa felicidade. Nossas escolhas diárias têm um peso decisivo nessa trajetória e podem nos ajudar muito, inclusive potencializando os outros aspectos.
A encruzilhada entre ser ou não feliz, vai estar sempre colocada à nossa frente.
E você, que caminho vai escolher?
Mais notícias
-
Artigos
12h20 de 20/04/2025
O Processo Penal de Jesus de Nazaré
Texto de Fabiano Pimentel
-
Artigos
18h19 de 15/04/2025
Ao Brasil – nem tão nacional assim – pedimos socorro!
Texto de Robson Wagner (foto)
-
Artigos
21h55 de 08/04/2025
Manifestação da vontade, único requisito para decretação de divórcio
Texto de Josalto Alves
-
Artigos
10h54 de 31/03/2025
Salvador além de praia e carnaval: a importância das cidades para as relações internacionais
Texto de Júlia Cezana
-
Artigos
09h09 de 26/03/2025
Código antiostentação da OAB: casa de ferreiro, espeto de pau
Como numa comédia jurídica, o advogado pode ser brilhante, mas não pode brilhar demais; pode ter sucesso, mas precisa evitar parecer bem-sucedido
-
Artigos
19h06 de 16/03/2025
Luís Otávio Borges fala dos desafios dos novos prefeitos nos primeiros 100 dias
Texto de Luís Otávio Borges
-
Artigos
19h10 de 12/03/2025
O permanente risco de um controle excessivo das redes sociais dos advogados
Artigo de Nelson Wilians
-
Artigos
13h05 de 13/01/2025
A importância do planejamento nas transições de Governos
Texto de Luis Otávio Borges
-
Artigos
14h27 de 03/01/2025
Mega tendência para 2025 – ‘A metamorfose no conceito de ESG’
Artigo do economista Antonio Carlos F. Dultra (foto)
-
Artigos
14h20 de 12/12/2024
A Constituição de 1988 x ODS da ONU: um chamado à Inteligência Cidadã
Artigo de Paulo Cavalcanti