A guerra de bilhões por assessores de investimentos (e como você pode se dar bem nessa)
A XP, principal player no mercado de agentes autônomos de investimento, vai contratar 5 mil profissionais até o fim de 2022 através de sua rede de escritórios parceiros


Tiago Paiva
Uma das principais notícias do mercado financeiro nesta semana é a entrada do Santander no concorrido mercado brasileiro de assessoria de investimentos. Visando atrair 1,2 mil assessores e 100 traders até abril de 2023, o banco espanhol oferece atrativos como uma carteira individual com 100 clientes, além da possibilidade de até 30% do resultado adicional gerado.
A ofensiva do Santander visa catapultar o setor da companhia, que hoje conta com aproximadamente 330 assessores de investimentos, além de 40 traders. Vale ressaltar também que o mercado está extremamente aquecido, com outras instituições aumentando de forma relevante sua captação de assessores. A XP, principal player no mercado de agentes autônomos de investimento, vai contratar 5 mil profissionais até o fim de 2022 através de sua rede de escritórios parceiros.
Além de XP e Santander, outras instituições financeiras também estão voltando sua atenção à assessoria de investimentos. Principal concorrente da empresa fundada por Guilherme Benchimol, o BTG Pactual já conta com mais de 2,5 mil agentes autônomos. O EQI, um dos principais escritórios de investimentos do país e recentemente comprado pelo banco de André Esteves, visa contratar 1,3 mil profissionais nos próximos 18 meses.
Vale também citar que Itaú Unibanco, Safra e Grupo Primo estão desenvolvendo iniciativas para entrar nesse nicho. O primeiro comprou a corretora Ideal e ressaltou que o acordo pode catalisar sua entrada no mercado de AAIs. O segundo está elaborando suas iniciativas de forma interna, através da Safra Invest. O terceiro adquiriu a Top Invest, um dos principais cursos preparatórios para as provas de certificação.
Entrando na seara burocrática, a prova da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord), que regula o mercado de agentes autônomos de investimentos, não tem sido um impeditivo para o crescimento da profissão. De acordo com a associação, o Brasil saiu de 7,1 mil agentes autônomos credenciados, em março de 2019, para 18,6 mil assessores, em abril deste ano. Deste total, 15,05 mil estão em atividade.
Os novos movimentos de expansão do mercado de assessores de investimento refletem o crescimento do mercado de capitais como um todo no Brasil. No entanto, frente a outros pares, como os Estados Unidos, estamos algumas décadas atrasadas, já que este fenômeno ocorreu ainda no século passado, com a ascensão dos financial advisors, um tipo de consultor financeiro que ajuda o cliente a tomar decisões de crédito, no mercado imobiliário e buscar as melhores oportunidades de investimento.
A carreira de assessor de investimentos não é fácil, mas permite uma promissora mistura das partes boas — e ruins — de um trabalho convencional com empreendedorismo. Há ainda agravantes, como o fato de que uma boa parte do dinheiro do cidadão brasileiro ainda está parado na poupança e a existência de um mercado de capitais firme, porém incipiente. Além do mais, a barreira de entrada é baixa, permitindo o ingresso de profissionais de outras áreas, formações não-correlatas e sem experiência.
A existência de um mercado mais concorrido de assessores de investimentos reflete de forma extremamente positiva, melhorando a qualidade de investimentos e conhecimento no longo prazo. Da mesma forma que ações de bancos são consideradas “seguras”, as decisões de investimentos destes também podem ser consideradas como um sinal formidável, deixando o mercado de assessoria de investimentos deitado em berço esplêndido.
Tiago Paiva é jornalista de economia e investimentos, tendo atuações na Arazul Capital e ACT Ápice Investimentos.
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