Festa Literária de Aratuípe encantou organizadores e público
Curadora fala sobre sucesso do novo evento

Artigo de Meg Heloise*
Chegamos ao final da FLITA em estado de encantamento. Uso o verbo na primeira pessoa do plural, convocando um coletivo formado pela equipe de trabalho, artistas, poetas, escritores, escritoras convidadas e o público.
A cidade inteira se preparou para ser a FLITA. Acolhemos um público diverso, de diferentes cidades do Baixo Sul e Recôncavo, colorindo as ruas da cidade.
No Espaço Tabatinga, além da programação infantil, foram realizados saraus, apresentações culturais, performances e conversas-ensinamentos. Destaca-se o bate papo “Encantos da Leitura”, com a escritora mirim Luiza Meireles e o também escritor mirim Yalle Tárique, mediado por Márcia Mendes.
O auditório municipal, espaço reservado para as mesas, foi também palco para revisar discursos e construir novas narrativas. Na mesa de abertura “Narrativas da Diferença: literatura, memória e identidade”, Edinélia Souza e Wesley Correia, mediados por Lucas de Matos, mobilizaram reflexões sobre a nossa história e memória, aquilo que dizem sobre nós e o que somos. Encontrando ressonância na fala de Nankupé Tupinambá: “Índio, não. Indígena, talvez… Povos originários com certeza”, que junto a Denizia Kawany Fulkaxo e ao mediador Rafael Albuquerque, no segundo dia da FLITA, trouxe a dimensão política das narrativas para o bem viver, em sintonia com a natureza e respeitando a ancestralidade.

Denunciando o racismo estrutural, Hamilton Borges e Lande Onawale convocaram ao aquilombamento, uma estratégia para driblar a necropolítica. Em coro, o auditório entoou os versos do poeta José Carlos Limeira: “Se Palmares não vive mais, faremos Palmares de novo”, no final da mesa “Vozes Insurgentes: denúncias e dribles à necropolítica”, mediada por Bruno Máriston.
A mesa “Quantas tantas: escrita feminina na literatura contemporânea”, não só reuniu um quarteto de mulheres potentes: Luciany Aparecida, Clarissa Macedo, Rita Santana e a mediadora Jacquinha Nogueira para falar sobre suas escritas como possibilitou que mulheres da plateia reconhecessem que os textos que produzem fazem também delas escritoras.
Na última mesa do dia, “Corporeidades e Literatura”, Alex Simões, Daniela Galdino e Mariana Paim provocaram o público a pensar os corpos, corpas e corpes no mundo. “De qual mundo é o seu corpo!?” Questionou o mediador Hilário Zeferino ao abrir os trabalhos.
O último dia do evento foi marcado pela presença do jornalista e escritor Ricardo Ishmael, que abordou a necessidade da literatura para o público infantil abarcar discussões sobre subjetividades, identidades e diferenças, em uma conversa mediada por Deko Lipe. Na conferência de encerramento, Lívia Natália falou sobre como a escrita não está apartada da identidade. A mediadora Samira Soares conduziu brilhantemente o diálogo resgatando poemas da conferencista.
Compondo a programação, além de lançamentos de livros e apresentações culturais, os três dias do evento foram encerrados com música. Shows, como o de Sued Nunes, renovaram as energias. A Fundação Pedro Calmon se fez presente, através da Biblioteca de Extensão, com uma programação paralela.
A presença da LDM, como livraria oficial, e da editora Cogito, permitiu que a secretaria municipal da educação, para alegria do público, distribuísse vale-livros. O evento possibilitou bons encontros e trocas. Deixando um gostinho de quero mais. Até a próxima edição!
Viva à FLITA!
*Meg Heloise é professora, poeta e curadora do evento.
Mais notícias
-
Artigos
12h20 de 20/04/2025
O Processo Penal de Jesus de Nazaré
Texto de Fabiano Pimentel
-
Artigos
18h19 de 15/04/2025
Ao Brasil – nem tão nacional assim – pedimos socorro!
Texto de Robson Wagner (foto)
-
Artigos
21h55 de 08/04/2025
Manifestação da vontade, único requisito para decretação de divórcio
Texto de Josalto Alves
-
Artigos
10h54 de 31/03/2025
Salvador além de praia e carnaval: a importância das cidades para as relações internacionais
Texto de Júlia Cezana
-
Artigos
09h09 de 26/03/2025
Código antiostentação da OAB: casa de ferreiro, espeto de pau
Como numa comédia jurídica, o advogado pode ser brilhante, mas não pode brilhar demais; pode ter sucesso, mas precisa evitar parecer bem-sucedido
-
Artigos
19h06 de 16/03/2025
Luís Otávio Borges fala dos desafios dos novos prefeitos nos primeiros 100 dias
Texto de Luís Otávio Borges
-
Artigos
19h10 de 12/03/2025
O permanente risco de um controle excessivo das redes sociais dos advogados
Artigo de Nelson Wilians
-
Artigos
13h05 de 13/01/2025
A importância do planejamento nas transições de Governos
Texto de Luis Otávio Borges
-
Artigos
14h27 de 03/01/2025
Mega tendência para 2025 – ‘A metamorfose no conceito de ESG’
Artigo do economista Antonio Carlos F. Dultra (foto)
-
Artigos
14h20 de 12/12/2024
A Constituição de 1988 x ODS da ONU: um chamado à Inteligência Cidadã
Artigo de Paulo Cavalcanti