Publicado em 30/11/2022 às 11h38.

Festa Literária de Aratuípe encantou organizadores e público

Curadora fala sobre sucesso do novo evento

Redação
Foto: Divulgação
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Artigo de Meg Heloise*

Chegamos ao final da FLITA em estado de encantamento. Uso o verbo na primeira pessoa do plural, convocando um coletivo formado pela equipe de trabalho, artistas, poetas, escritores, escritoras convidadas e o público. 

A cidade inteira se preparou para ser a FLITA. Acolhemos um público diverso, de diferentes cidades do Baixo Sul e Recôncavo, colorindo as ruas da cidade. 

No Espaço Tabatinga, além da programação infantil, foram realizados saraus, apresentações culturais, performances e conversas-ensinamentos. Destaca-se o bate papo “Encantos da Leitura”, com a escritora mirim Luiza Meireles e o também escritor mirim Yalle Tárique, mediado por Márcia Mendes. 

O auditório municipal, espaço reservado para as mesas, foi também palco para revisar discursos e construir novas narrativas. Na mesa de abertura “Narrativas da Diferença: literatura, memória e identidade”, Edinélia Souza e Wesley Correia, mediados por Lucas de Matos, mobilizaram reflexões sobre a nossa história e memória, aquilo que dizem sobre nós e o que somos. Encontrando ressonância na fala de Nankupé Tupinambá: “Índio, não. Indígena, talvez… Povos originários com certeza”, que junto a Denizia Kawany Fulkaxo e ao mediador Rafael Albuquerque, no segundo dia da FLITA, trouxe a dimensão política das narrativas para o bem viver, em sintonia com a natureza e respeitando a ancestralidade.

Meg Heloise é curadora da Flita. (Foto: Divulgação)
Meg Heloise é curadora da Flita. (Foto: Divulgação)

Denunciando o racismo estrutural, Hamilton Borges e Lande Onawale convocaram ao aquilombamento, uma estratégia para driblar a necropolítica. Em coro, o auditório entoou os versos do poeta José Carlos Limeira: “Se Palmares não vive mais, faremos Palmares de novo”, no final da mesa “Vozes Insurgentes: denúncias e dribles à necropolítica”, mediada por Bruno Máriston. 

A mesa “Quantas tantas: escrita feminina na literatura contemporânea”, não só reuniu um quarteto de mulheres potentes: Luciany Aparecida, Clarissa Macedo, Rita Santana e a mediadora Jacquinha Nogueira para falar sobre suas escritas como possibilitou que mulheres da plateia reconhecessem que os textos que produzem fazem também delas escritoras. 

Na última mesa do dia, “Corporeidades e Literatura”, Alex Simões, Daniela Galdino e Mariana Paim provocaram o público a pensar os corpos, corpas e corpes no mundo. “De qual mundo é o seu corpo!?” Questionou o mediador Hilário Zeferino ao abrir os trabalhos.  

O último dia do evento foi marcado pela presença do jornalista e escritor Ricardo Ishmael, que abordou a necessidade da literatura para o  público infantil abarcar discussões sobre subjetividades, identidades e diferenças, em uma conversa mediada por Deko Lipe. Na conferência de encerramento, Lívia Natália falou sobre como a escrita não está apartada da identidade. A mediadora Samira Soares conduziu brilhantemente o diálogo resgatando poemas da conferencista. 

Compondo a programação, além de lançamentos de livros e apresentações culturais, os três dias do evento foram encerrados com música. Shows, como o de Sued Nunes, renovaram as energias. A Fundação Pedro Calmon se fez presente, através da Biblioteca de Extensão, com uma programação paralela. 

A presença da LDM, como livraria oficial, e da editora Cogito, permitiu que a secretaria municipal da educação, para alegria do público, distribuísse vale-livros. O evento possibilitou bons encontros e trocas. Deixando um gostinho de quero mais. Até a próxima edição!

Viva à FLITA!

*Meg Heloise é professora, poeta e curadora do evento.

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