Publicado em 19/05/2022 às 12h37.

O pesadelo do Ibovespa tem hora para acabar (e pode ser em breve)

Há boas chances de que o ciclo de alta de juros chegue ao fim na próxima reunião do Copom

Redação

 

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

 

Tiago Paiva

Se pudéssemos definir em uma palavra como foram os últimos 12 meses do mercado de ações brasileiro, seria difícil não optar por pesadelo. Acumulando uma queda de -12,30% desde maio do ano passado, o Ibovespa viu a taxa Selic disparar de 3,5% a.a. para 12,75% a.a., fator que afeta diretamente o apetite do investidor por renda variável.

Além disso, diversos fatores externos — e em boa parte imprevisíveis — afetaram o comportamento dos mercados, como por exemplo o conflito entre Rússia e Ucrânia, a forte inflação que está afetando o mundo, os gargalos na produção de semicondutores e, mais recentemente, as medidas de lockdown contra a covid-19 na China, que afetaram toda a cadeia de comércio global.

No entanto, este artigo de estreia vem argumentar que o pior pode estar passando, permitindo uma visão otimista — mas sem “oba-oba” — do futuro. Há boas chances de que o ciclo de alta de juros chegue ao fim na próxima reunião do Copom, estacionando a taxa básica de juros em 13,25%. Sem incrementos da Selic à vista, podemos esperar que o dinheiro investido em títulos de renda fixa retorne, pouco a pouco, para o mercado acionário e também para a economia real.

Esse regresso de capital pode acontecer no momento em que a bolsa brasileira está extremamente descontada, superando períodos como o da crise econômica mundial de 2008 e o período pós-eleições de 2003. Considerando os números de terça-feira (17), o índice preço/lucro (PL) do Ibovespa está em 5,44x, um dos menores patamares de toda a história brasileira.

Também é interessante elencar um sinal “alternativo”, que pode indicar bons ventos para o nosso mercado de capitais: dois dos principais fundos de investimentos brasileiros — Dynamo e Atmos — reabriram suas captações após longos períodos fechados. No primeiro caso, foram captados R$ 1,1 bilhão em apenas 46 segundos; no Atmos, a expectativa é que os R$ 2 bilhões também sejam arrecadados em alta velocidade.

É importante reiterar que tudo isso encontra-se dentro do campo da previsão, fazendo sentido nas informações e fatos que nos são disponíveis até essa quarta-feira (18). O Brasil encontra-se em um período turbulento, de ano eleitoral e inúmeras polêmicas — como, por exemplo, inflação e a questão dos combustíveis — que podem virar o jogo de forma abrupta. Ainda assim, apesar dos riscos embutidos, podemos concluir que este pode ser um interessante momento para retornarmos os olhos para a renda variável.

Tiago José Paiva é jornalista de economia e investimentos, tendo atuações na Arazul Capital e ACT Ápice Investimentos.

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