Adriana Prado tem 25 anos de experiência em Recursos Humanos. Atualmente mora em São Paulo, é mestranda em Liderança Positiva e consultora da “The Edge Group”, empresa equatoriana pioneira em programas de crescimento pessoal e organizacional na América Latina, através da aplicação das descobertas da Psicologia Positiva, a Ciência da Felicidade.
Quem disse que meditação é coisa só para monges?
Como o “mindfulness”, técnica que requer uma atitude de não julgamento, pode melhorar a vida das pessoas e os resultados das empresas
Durante muito tempo, meditação era coisa de monges solitários nas colinas do Himalaia. No entanto, desde 1975, essa prática teve inicio no Ocidente, trazida pelo médico e cientista americano Jon Kabat-Zinn, da Universidade de Massachusetts, que desenvolveu um programa de redução de estresse baseado em técnicas de mindfulness. Este programa tem uma estrutura rigorosa e um protocolo preciso que integra princípios da prática de meditação, exercícios corporais da yoga e abordagens psicológicas, para redução do estresse e desenvolvimento emocional. Recentemente, as práticas de mindfulness começaram a ser difundidas e inseridas nos ambientes corporativos, em algumas empresas como Google e Apple.
Mindfulness, ou “meditação de atenção plena para viver melhor” é uma prática de meditação focada no momento presente, que consiste em observar a respiração, perceber e cultivar pensamentos e sensações com uma atitude interna de não julgamento. Trata-se de se tornar consciente sobre como os diversos estímulos internos e externos aos quais somos submetidos, podem provocar respostas automáticas e imediatas, influenciando diretamente nossas ações e emoções. Mindfulness ajuda a criar o espaço necessário entre o estímulo e a resposta, através do qual se pode criar pensamento generativo.
Nossos cérebros não estão equipados para lidar com os milhões de bits de informação que nos chegam a todo o momento. Por uma questão de eficiência, tendem a tomar novas decisões com base em referências antigas, memórias ou associações. Através da prática da atenção plena, conseguimos perceber como a mente reage às informações recebidas, ver além das velhas histórias e padrões habituais que, inconscientemente, guiam o nosso comportamento. Dessa forma, podemos escolher melhor como falar e como agir, respondendo, em vez de reacionar.
Para praticar mindfulness, não é necessário ir até a Índia ou a um centro budista, dispor de muitas horas sem nenhuma atividade, estar com a mente completamente vazia ou pensar positivo. Trata-se apenas de parar um pouco e simplesmente prestar atenção de uma maneira especial ao momento presente. Bastam cinco minutos observando sua respiração, pensamentos, sensações e emoções, sem julgamentos.
O mindfulness pode ajudar muito nos
processos de planejamento estratégico
Em um nível pessoal, mindfulness nos ajuda a viver melhor, pois nos ajuda a reduzir o estresse, a ansiedade, a pressão arterial, melhorar a autoestima e a regulação emocional. No nível corporativo, ajuda as pessoas a trazer foco, autenticidade e intenção ao trabalho que realizam. Mais conscientes, as pessoas conseguem ouvir mais profundamente e orientar suas ações através da intenção clara, ao invés de caprichos emocionais ou padrões reativos. Isso melhora consideravelmente as relações interpessoais dentro das empresas.
Em uma época em que as organizações estão cada vez mais inundadas de informações, tendo que reagir rápido e superficialmente aos estímulos de curto prazo, a prática de mindfulness pode ajudar muito nos processos de planejamento estratégico, por exemplo. Dessa forma, é possível ajudar as pessoas a “enxergar fora da caixa” e ser mais criativas na tomada de decisão. Mais do que resolver os problemas, essa prática nos ajuda a questionar se são esses mesmos os verdadeiros problemas e definir estratégias mais poderosas. É uma maneira interessante de ajudar as pessoas a ampliarem suas capacidades de desafiar os pressupostos operacionais e reforçarem seus “insights” criativos no planejamento.
Seguem algumas maneiras simples de introduzir “mindfulness” ou “estratégia consciente”, em exercícios de planejamento:
- Introduzir alguns momentos de foco e consciência ao longo do dia, através de práticas simples de meditação que ajudem os participantes a se conectarem com a respiração e reconhecer distrações desnecessárias, de forma a criar condições para a intuição surgir.
- Explorar cenários alternativos, utilizando exercícios de avaliação sem julgamento, através dos quais é possível desafiar velhos pressupostos e abrir espaço para novas ideias e para inúmeras histórias de futuro plausíveis.
- Visualizar resultados positivos como parte integrante da atenção focada. O pessimismo restringe o nosso foco, enquanto que as emoções positivas alargam a nossa atenção e a nossa receptividade ao novo e ao inesperado. Uma boa maneira de fazer esse exercício é levar os participantes a pensar: se tudo funciona perfeitamente para a nossa organização hoje, o que estaríamos fazendo de melhor em dez anos?
Práticas de mindfulness como essas podem ajudar os líderes e suas organizações a identificar quais ideias e aspirações são importantes para seus negócios e que velhos pressupostos podem estar limitando o seu crescimento. São ferramentas extremamente úteis e poderosas, não só para atingir a iluminação, mas também para dar sentido a um mundo globalizado e em constante mudança.
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