Publicado em 01/07/2023 às 13h17.

2 de Julho: ‘Visconde de Pirajá’, o ‘rico idealista’ na luta pela Independência

“Foi ideia dele, bloquear a Estrada das Boiadas e tomar Pirajá” na batalha contra Madeira de Melo, daí vem o título dado por D. Pedro I, afirma historiador

Redação
Foto: Reprodução / Redes Sociais

 

O latifundiário Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque se destacou na luta pela Independência do Brasil, na Bahia, como o rico que se aliou à mobilização popular, investindo patrimônio no propósito de expulsar os portugueses do território baiano. O professor e historiador Ricardo Carvalho ressalta que ele “é uma figura bem curiosa. Resolveu vestir-se da ideologia da liberdade. Abriu mão de sua fortuna, investiu muito do dinheiro que tinha para organizar as tropas para lutar contra o Madeira de Melo”, militar português que se notabilizou como comandante das forças portuguesas. Nascido em Salvador, em 1788, Joaquim foi o primeiro Barão e único Visconde de Pirajá, bairro importante no contexto das lutas que culminaram com a vitória no 2 de julho de 1823, localizado, atualmente, na periferia da capital baiana, entre a BR-324 e o Subúrbio Ferroviário.

Segundo o historiador e professor Ricardo Carvalho, antes da fama, ele era “conhecido como Coronel Santinho”, sendo “amigo do rei, amigo de D. Pedro I, foi amigo de D. Pedro II e eu diria que era um rico idealista”. Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque “foi o primeiro grande proprietário de terras a organizar uma tropa contra Madeira de Melo, contra a opressão portuguesa. Lutou intensamente, acabou se transformando em um ótimo estrategista. Foi ideia dele, por exemplo, bloquear a estrada das Boiadas e tomar Pirajá. Daí, inclusive, o título nobiliárquico que ele recebe, ‘Visconde de Pirajá’”, destaca o historiador.

A estratégia do coronel Santinho, em Pirajá, fez com que as tropas inimigas sofressem com a falta de chegada de recursos e, consequentemente, com a fome. Apesar da resistência do exército comandado por Madeira de Melo, que ficou por quase um ano sem provisões, os brasileiros sob a direção do Coronel Santinho e do General Labatut se mantiveram firmes, isolando os rivais. O coronel Santinho viajou pelo recôncavo baiano, deixando de lado os negócios e dedicando todo seu empenho pela causa da independência da Bahia, sendo um dos grandes nomes, num grupo formado por senhores de engenho, a dar suporte às ações do General Labatut, que comandou as ações contra Portugal por terra.

Ricardo Carvalho conta que apesar da história de glórias nas lutas pela independência, o Visconde de Pirajá não teve um fim muito feliz. “É um dos heróis desse altar da Independência da Bahia. Uma figura muito importante. Após a independência, continuou lutando e acreditando na causa monárquica. Ajudou a reprimir movimentos republicanos no Nordeste (como a Sabinada e a Confederação do Equador) e morreu em meados do século XIX, ainda imbuído de ideais, o que levou a uma certa paranoia. Dizem que morreu pobre e louco, se comparado com a fortuna e a lucidez que teve antes”, encerra o historiador.

Pelo seu empenho na luta pela Independência do Brasil, na Bahia, o Visconde de Pirajá está entre os baluartes do Dois de Julho, permanecendo entre os homenageados neste Bicentenário da Independência, celebrado em 2023.

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