Publicado em 30/05/2016 às 10h20.

Pacientes de câncer esperam até um ano por resultado de biópsia

Estado não consegue obedecer a lei dos 60 dias, que determina que pacientes oncológicos do SUS comecem tratamento em dois meses após diagnóstico

Redação
Foto: Manu Dias/GOVBA
Foto: Manu Dias/GOVBA

 

Pacientes oncológicos enfrentam uma espera que pode durar entre oito meses a um ano para iniciarem o tratamento de combate ao câncer na Bahia. O diagnóstico extraoficial é dado por representantes de entidades médicas e de associações de apoio a pacientes no estado. O prazo para início do tratamento contraria a lei dos 60 dias (12.732/12) – que determina que pacientes com câncer iniciem o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em, no máximo, 60 dias após o diagnóstico. A falta de agilidade do poder público coloca o Brasil entre os países com maior mortalidade da doença no mundo.

A via crucis para início do tratamento é representado pelo caso da auxiliar doméstica Célia Maria Santos Santana, 60, que entre a descoberta de um câncer de mama e o começo do tratamento viu passar dois anos. Residente no município de Ituberá, na região baixo sul da Bahia, Maria, em entrevista ao jornal A Tarde, contou que só recebeu a confirmação do diagnóstico de câncer de mama, em Salvador, 11 meses depois. Para a realização da cirurgia foram mais quatro meses de espera. Até agora, nem metade do tratamento prescrito pelo oncologista foi realizado. Conforme Maria, frequentemente as sessões são interrompidas por causa da manutenção dos aparelhos radioterápicos e da carência de medicamentos.

Falha no sistema – O caso da doméstica não é uma exceção. Dos 72 pacientes abrigados na sede do Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer (Naspec), no Engenho Velho de Brotas, pelo menos metade deles esperou por cerca de oito meses pelo resultado de uma biópsia. O presidente do Sindicato dos Médicos na Bahia (Sindimed), Francisco Magalhães, atribui a demora no atendimento à falta de estrutura dos Centros de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do interior do estado. Tal condição, segundo ele, é responsável por superlotar os hospitais da capital baiana.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a demanda da capital é grande, mas a prefeitura faz uma corrida contra o tempo para garantir a lei dos 60 dias. O paciente diagnosticado será encaminhado a uma das quatro unidades de saúde que oferecem tratamento oncológico pelo SUS – os hospitais Santa Izabel, Santo Antônio, São Rafael e Aristides Maltez – mensalmente 4.500 vagas para quimioterapia e radioterapia. O Centro Estadual de Oncologia (Cican) oferece  nos dias úteis 40 senhas para triagem.

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