A guerra dos números
Divulgado dias atrás, o Diagnóstico dos Homicídios no Brasil: Subsídios para o Pacto Nacional pela Redução de Homicídios, publicação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), órgão do Ministério da Justiça, ainda causa mal estar entre as autoridades de segurança da Bahia. E não é para menos. O estudo, sem meias palavras, põe em xeque a política de enfrentamento à violência da atual gestão, ao posicionar o estado no topo do ranking de assassinatos em 2014. Em números absolutos, no período, foram registrados na Bahia 5.450 homicídios (36 por 100 mil habitantes).
Ou seja: apesar de ser a quarta população do país, a Bahia figura como mais violenta que São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, estados com maior número de habitantes. Mas seria mesmo esse o quadro que os dados pintaram? A julgar pelas reações indignadas da cúpula de segurança pública, não é bem assim. Nem sempre dois mais dois seriam quatro. Principalmente quando se misturam alhos com bugalhos. De acordo com a gestão estadual, existe uma discrepância nos critérios utilizados para medir a violência lá, acolá e aqui. Tanto que, saindo do discurso para a ação, o governador Rui Costa prometeu questionar formalmente a metodologia aplicada no estudo.
Se procedente o questionamento do governo baiano, espera-se que a Senasp reveja seus critérios. Agora, vale lembrar, o estudo não se resume ao ranking de homicídios. Outros indicadores são avaliados nesse desenho, que pretende compor um mosaico da violência no pais. A falta da presença do Estado é um deles. E aí cabe uma reflexão honesta: estaria a Bahia fazendo o dever de casa no sentido de reduzir as vulnerabilidades sociais que, conforme o estudo, podem influenciar na criminalidade violenta e ocorrência de homicídios?
Dentre outros, o levantamento avalia indicadores como Segurança Pública (a relação entre o efetivo policial e a população), Saúde (quantidade de médicos por habitante), Cultura e Lazer (percentual dos orçamentos familiares gasto com cultura) e acesso à Justiça. Isso só para citar alguns dos itens. Então, se a Bahia se sente confortável no que diz respeito ao cumprimento dessas premissas, é perfeitamente compreensível a revolta ante os números referentes à violência.
O estudo também quis saber quantas e quais são as políticas de redução da criminalidade em prática nos estados. Oito das unidades federativas declararam ter três , outros três têm duas, enquanto sete revelaram ter apenas uma – a Bahia está nesse grupo, com o Pacto pela Vida, a “menina dos olhos” da Secretaria de Segurança Pública. Não por acaso, Rio de Janeiro e Minas Gerais, estados mais populosos e com menor número de homicídios declararam desenvolver duas ou mais ações voltadas para o enfrentamento ao crime.
Um outro aspecto que chama a atenção na pesquisa diz respeito à concentração de renda, indicador que mede as desigualdades sociais, apontando o fosso entre os mais ricos e os mais pobres de cada estado. Com uma concentração de renda estimada em 65%, a Bahia também se destaca nesse recorte junto com Piauí (64,34%) e Maranhão (64,85%). Seria simples coincidência que estejamos entre os estados em que as taxas de roubos chega a quase 90 casos por cada 100 mil habitantes?…
Voltemos ao quadro dos homicídios. É digno que a gestão estadual lute para que os pesquisadores apliquem uma metodologia única para avaliar os índices de assassinatos. Mas, acima de tudo, cabe uma reflexão: para cada uma das 5.04o famílias enlutadas no ano passado, essa guerra tem nome, endereço e sobrenome. Estatística é apenas um número frio. Cada uma dessas mortes representa uma dor que não passa. Talvez, o desafio não seja brigar por equações e fórmulas de avaliar a morte, mas pôr em prática mecanismos que possam dar um basta nessa guerra de todos os dias.
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