Publicado em 04/10/2024 às 12h40.

Biscoito de licuri é o novo produto lançado pela Cesol de Pintadas

Entidade segue fortalecendo agricultura familiar e gerando valor para produtos da economia solidária

Redação
Crédito: Ascom Cesol Bacia do Jacuípe

Um coquinho pequeno, típico da caatinga, garante sabor ao mais novo biscoito lançado pelo mais antigo Centro Público de Economia Solidária (Cesol) em funcionamento, o da Bacia do Jacuípe, localizado em Pintadas. Agora o mais novo item do catálogo de delícias da Casa do Biscoito, que já produz sequilhos no sabor de laranja, coco, maracujina, casadinho e carequinha, agrada o paladar de pessoas restrição alimentar. O Biscoito de Licuri é uma opção sem gluten e lactose sem perder o encanto e sabor dos produtos regionais. Todo mundo que come nosso produto ama”, dispara sem modéstia Ednólia Barreto, uma das responsáveis pela Casa do Biscoito.

O coletivo, que nasceu em busca de uma complementação de renda para 13 pessoas – doze delas mulheres – da região da Bacia do Jacuípe, percebeu a demanda por produto livre de alto teor de gordura saturada e açúcar ao participar de feiras de agricultura familiar e Economia Solidária pelo estado. Ao contar com assessoria técnica do Centro Público de Economia Solidária Bacia do Jacuípe resolveu juntar a fome com a vontade de valorizar um produto saudável e bem regional. “Trabalhamos três anos sozinhos até que o Cesolnos abraçou. Mesmo com muitas dificuldades, estamos seguindo fortes com o apoio e conhecimento que estamos tendo acesso”, reconhece Barreto.

O suporte tem reflexo direto na qualificação dos produtores, melhoria dos processos, qualificação dos produtos e satisfação dos clientes. Além de um espaço mais apropriado para a produção, com equipamentos necessários, a exemplo de liquidificador e batedeira profissional, forno, seladeira, balança, a consultoria do Cesol focou na padronização das embalagens e rótulos. O foco destes espaços de grande impacto social é desenvolver pessoas e transformar vidas através do potencial da própria região. Com o Cesol, a gente consegue tudo”, celebra Ednolia.

Ouro verde do Sertão

A ideia de produzir o biscoito de Licuri surgiu após a realização de um evento de consumo consciente com a nutricionista Veranubia Mascarenhas. “Este novo produto foi criado para atender a demanda do público com restrição alimentar”, lembra Solange Paixão, coordenadora geral do Centro Público de Economia Solidária (Cesol) da Bacia do Jacuípe, gerido pela Rede Pintadas.

O Licuri é um coco da terra considerado “ouro verde do sertão”. É fruto de uma planta típica da caatinga, que pode chegar a 11 metros de altura e ter folhas de cerca de 3 metros de comprimento. Além do aspecto cultural, as mulheres se reúnem na colheita e preparo para comercialização, o licuri desempenha papel importante na economia local e na preservação do meio ambiente. O Cesol trabalha com uma carteira de produtos regionais e selecionados. Cada produto nosso tem uma história, um arranjo cultural. No caso do licuri, estamos preservando a cultura de mulheres que se reúnem para catar o coquinho”, pontua a gestora do Cesol de Pintadas.

Cesol

Os Centros Públicos de Economia Solidária, conhecidos como Cesols, são espaços multifuncionais públicos, de caráter comunitário, que se destinam a articular oportunidades de geração, fortalecimento e promoção do trabalho coletivo, baseado na economia solidária. O Cesol Bacia do Jacuípe é o mais antigo em funcionamento em todo o estado e o primeiro a funcionar no interior. Foi instituído desde 2013 com a missão de apoiar e valorizar a produção do campo, do semiárido, bem como seus modos de vida. As atividades voltadas para cooperação, articulação e ação coletiva contemplam grupos de economia solidária dos 14 municípios do território da Bacia do Jacuípe. Nos últimos 5 anos, graças a politicas constantes de apoio e fomento, o Cesol Bacia do Jacuípe pôde prestar assessoria técnica e de gestão a mais de 128 empreendimentos.

A produção de diversos gêneros alimentícios, como doces, biscoitos, mel, bolos, polpa de fruta, além de artesanatos, ultrapassam as fronteiras através de feiras e outras ações promovidas com a intenção de potencializar a comercialização em rede, através de feiras e caravanas de Economia Solidária. Na capital baiana, os produtos podem ser conhecidos em um stand de venda no Shopping Salvador.  

Mesmo no período crítico da pandemia, com todas as restrições, o suporte aos produtores foi mantido. “Seguimos trabalhando de forma remota. Graças ao Fundo Rotativo, os produtores da região não ficaram paralisados e tiveram como retomar suas produções. Essa tecnologia social é muito importante, especialmente em locais onde não existe facilidade de acesso ao crédito”, destaca Solange, lembrando que aarticulação do Cesol permitiu que produtos locais estivessem na lista da cesta básica fornecidas pelo governo do estado na pandemia. “Conseguimos incluir na cesta básica produtos regionais, como sequilhos e granola, relembra com orgulho.

Curiosidades:

O Licuri é o fruto de uma palmeira nativa da Caatinga, a Syagrus coronata, que faz parte da cultura, sobrevivência e economia de famílias do sertão da Bahia. Tradicionalmente são as mulheres que coletam o coco pequeno, fazem o manuseio e preparam o produto para ser comercializado em feiras. Da amêndoa, são feitos leite, cocada, farofa, licor. Mas o Licuri também pode ser consumido in natura. Suas folhas são empregadas no artesanato e na construção civil.  Estudos comprovaram que o óleo de sua amêndoa possui ação antibacteriana, antifúngica, antiparasitária e anti-inflamatória, sendo utilizado pelas comunidades locais como cicatrizante, para controle da pressão alta e diabetes.

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