Publicado em 09/05/2025 às 11h01.

Estado lidera população quilombola no Brasil e enfrenta desafios sociais

Censo 2022 revela que o estado abriga quase 400 mil quilombolas, com maior presença urbana do país e fortes desigualdades em saneamento e alfabetização

Redação
Reprodução/ Flickr

 

O Censo Demográfico de 2022 revelou que a Bahia é o estado com a maior população quilombola do Brasil, com 397.502 pessoas. Pouco mais da metade dessas pessoas (52,0% ou 206.825) vivia em áreas rurais, enquanto 48,0% (190.677) estavam em áreas urbanas. A Bahia possuía a maior população quilombola urbana do país, embora, no meio rural, ficasse atrás do Maranhão.

A proporção de quilombolas na zona rural da Bahia (52,0%) era significativamente maior do que a da população geral do estado (23,3%), mas ainda inferior à média nacional de quilombolas em áreas rurais (61,7%). Estados como Piauí (87,9%), Amazonas (84,9%) e Maranhão (79,7%) apresentaram os maiores percentuais. Por outro lado, Distrito Federal (3,0%), Rondônia (18,4%) e Goiás (27,0%) tinham as menores proporções.

Perfil demográfico: população jovem e desigualdade de gênero

Na Bahia, a população quilombola, tanto urbana quanto rural, é ligeiramente mais masculina do que a população geral. A razão de sexo entre quilombolas é de 97,9 homens para cada 100 mulheres, enquanto, na população total do estado, é de 93,6.

Nas áreas rurais, esse índice chega a 103,1, embora ainda abaixo da razão de sexo da população rural como um todo (108,4). Já nas áreas urbanas, a razão de sexo entre quilombolas (92,6) supera a da população geral urbana (89,5).

Esse maior número de homens está relacionado ao fato de a população quilombola ser, em média, mais jovem. O índice de envelhecimento entre quilombolas na Bahia é de 60,8 idosos (60 anos ou mais) para cada 100 pessoas de até 14 anos, enquanto, na população geral do estado, é de 75,4. Entre os quilombolas rurais, esse índice é ainda menor: 59,9 — bem abaixo dos 85,5 registrados para a população rural total.

A idade mediana dos quilombolas baianos também é inferior à da população geral: 32 anos contra 35 anos. Entre os quilombolas urbanos, a mediana é de 33 anos (frente a 34 da população urbana geral), e entre os rurais, 31 anos (contra 35 da população rural baiana).

Analfabetismo: desigualdade persiste, especialmente nas áreas rurais

A taxa de analfabetismo entre a população quilombola baiana com 15 anos ou mais de idade é de 18,3%, superior aos 12,6% registrados na população em geral. Essa diferença é mais acentuada nas áreas urbanas: entre os quilombolas urbanos, 13,7% não sabem ler nem escrever (20.719 pessoas), enquanto, na população urbana geral, a taxa é de 9,0%.

Nas áreas rurais, o analfabetismo entre quilombolas atinge 22,6% (35.893 pessoas), um pouco abaixo da taxa da população rural geral (24,5%). Ainda assim, revela a persistência de desigualdades no acesso à educação básica.

Saneamento básico é um desafio para a população quilombola

De acordo com os critérios do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), quase metade dos domicílios quilombolas urbanos na Bahia (47,5% ou 37.537 residências) não tinha acesso adequado simultâneo a abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo em 2022.

Essa proporção é quase o dobro da registrada para o total de domicílios urbanos do estado, dos quais 25,4% apresentavam alguma inadequação. Já nas áreas rurais, a situação é ainda mais crítica: 94,4% dos domicílios quilombolas (66.388) sofriam com precariedade em pelo menos um dos três serviços. Esse índice é semelhante ao da população rural baiana como um todo (93,4%).

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