Publicado em 23/11/2015 às 16h42.

Gabrielli: “Foi um erro segurar preços dos combustíveis”

Em seminário sobre a crise do petróleo, ex-presidente da Petrobras diz que retenção do preço dos derivados de petróleo "criou buraco na economia"

Elieser Cesar
Gabrielli: "Taxas de juros pornográficas"/Foto: Ascom UPB
Gabrielli: “Taxas de juros pornográficas”/Foto: Ascom UPB

O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, reconheceu que “foi um erro segurar os preços dos combustíveis e da energia elétrica”. Ele disse que  o aumento da importação de derivados do petróleo, que atingiu de 15 a 20% do volume de oferta,”criou um buraco na economia brasileira”. “A política de segurar preços gerou o endividamento e obrigou o governo da importar derivados a US$ 180, o barril, e vender por metade do preço, a US$ 90”, observou o ex-presidente da Petrobras.  Gabrielli afirmou ainda que não vê perspectivas de o preço do barril de petróleo subir em 2015 e 2016.

As afirmações do economista foram feitas durante o seminário “Petróleo na Bahia, novos rumos, novas perspectivas”, realizado nesta segunda-feira, na sede da União dos Municípios Baianos (UPB), no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador. No evento promovido pela UPB em parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), José Sérgio Gabrielli falou sobre os reflexos da crise mundial na economia nacional e, é claro, sobre a crise na Petrobras, pivô do escândalo que vem sendo apurado pela Operação Lava Jato.

Sobre a crise na Petrobras, Gabrielli afirmou que o problema não está no petróleo, cujo preço do barril despencou de US$ 146 em 2008 para os atuais US$ 44, mas no preço da gasolina e do óleo, já que a principal receita da empresa vem do produto refinado. O economista baiano criticou ainda as altas taxas de juros no país: “Tem de parar com essa política  de manter taxas de juros pornográficas em relação à taxa internacional”. Segundo Gabrielli, “as taxas de juros extremamente altas têm um impacto enorme sobre as contas públicas brasileiras”. Ele considerou “uma política suicida” a emissão de dólares em real, com o governo “passando a vender papéis em real e pagando em dólar”.

Desindustrialização – O ex-presidente da Petrobras comentou também o processo de desindustrialização da economia brasileira: “Nossas exportações caíram e provocaram um efeito na nossa economia, a desindustrialização. Esse processo ocorreu no ciclo vicioso de 2005 a 2011. Tivemos uma redução do produto industrial na exportação mas um aumento do produto no mercado brasileiro. O mercado interno brasileiro cresceu fortemente o investimento aumentando a capacidade produtiva do país”.

Para Gabrielli, o Brasil adotou uma política que desonerou nas cadeias produtivas, segurou o preço do combustível e energia elétrica, expandiu o consumo para manter a economia que resistiu por um período a crise. “Com isso passamos a adotar uma política para manter taxas de juros pornográficas em relação a taxa de juros internacionais. Para atrair capitais internacionais criamos uma taxa de juro extremamente elevadas que tiveram impacto enorme nas contas públicas”, explicou.

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