Publicado em 21/08/2023 às 11h22.

Governador aponta três possíveis teses sobre morte de Mãe Bernadete

"Terreno do quilombo, intolerância religiosa e a disputa das facções criminosas para ocupar o espaço", listou Jerônimo Rodrigues

Fernanda Chagas / Gabriela Araújo
Foto: Jorge Jesus/bahia.ba

 

Em meio à comoção nacional do assassinato da líder quilombola, mãe Bernadete, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) trouxe novidades sobre o caso na manhã desta segunda-feira (21). Durante entrevista ao bahia.ba, o chefe do Executivo estadual elencou três possíveis teses que motivou a morte brutal da líder religiosa, na última quinta (17), dentro do próprio terreiro, em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Dentre as prováveis causas para os 20 tiros que atingiram mãe Bernadete estão: terreno do quilombo, intolerância religiosa e a disputa das facções criminosas para ocupar o espaço. As informações dadas pelo governador estão em conformidade com a linha de investigação da Polícia Civil, onde tramita o caso. Na oportunidade, Jerônimo ainda afirmou que pretende discutir com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a revalidade dos territórios quilombolas indígenas do Estado. Além disso, o gestor estadual se colocou à disposição para resolver o problema.

“Há três teses: uma delas é do território quilombola. Há uma expectativa que este caso não tenha ligação direta com o território. Mas, é uma tese. Mesmo não acontecendo, o problema existe, e nós já nos manifestamos com o Incra para que a gente possa acelerar o processo de revalidade daquele terreno, daquele território”, iniciou.

“Não é só dele, estamos falando de um conjunto de territórios quilombolas indígenas que a gente precisa aproveitar. Ficamos seis anos, ao invés do governo passado ter enfrentado e dialogado, foi feito um acirramento. Foi muito ruim. Agora, vamos retomar uma pacificação desse diálogo para que as decisões tomadas diante do governo federal não sejam jogados só para que o presidente Lula resolva isso, é responsabilidade nossa. Então, mesmo possivelmente não acontecendo uma causa pelo território, nós entendemos que é um problema que temos que enfrentar”, completou.

Já sobre a questão da intolerância religiosa, o governador apenas pincelou o assunto, mas não se aprofundou e nem explicou como deve enfrentar o tema, caso tenha sido este a motivação do assassinato de Mãe Bernadete.

“A outra tese é o da intolerância religiosa. Da mesma forma, ela era uma figura defensora dos povos de terreiro. É uma tese, não podemos confirmar ainda que não seja essa a causa. Mas, mesmo não sendo a causa, a questão religiosa precisa ser enfrentado pela democracia”, disse.

A última tese que diz respeito sobre a disputa de facções para ocupar o território da Região Metropolitana de Salvador (RMS), o governador frisou, que se a eventualidade ficar comprovada, o Estado se debruçará em uma ação integrada com o governo Federal para conter o avanço dos criminosos no Quilombo Pitanga dos Palmares.

“E uma terceira, é a disputa de facções. Essa tem sido, na tese da Polícia Civil, uma das mais premente que possa acontecer. Também é tese. Mas, se isso vier acontecer, nós haveremos de [nos] debruçar sobre ela, em uma parceria integrativa com o governo federal e com a Polícia Federal. No próprio dia do evento quando soube, estava em São Paulo com a BYD e de lá mesmo determinei rigor na apuração”, disse.

“No sábado pela manhã fui diretamente na sede da Polícia Civil, me reuni, procurei entender e coloquei minha determinação. É claro que existe informações que nem mesmo, nós governadores temos, porque é da inteligência, tem o sigilo, mas eu pedi uma certa celeridade. […]. Eu confio na Polícia Civil e no sistema nosso de investigação”, acrescentou.

O cruel assassinato da líder religiosa gerou mobilização nacional de autoridades e sociedade civil. Vale ressaltar que, Mãe Bernadete estava sob os cuidados do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do Governo Federal, após a morte do seu filho Flávio Gabriel dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo. A menos de um mês antes da sua morte, a líder quilombola revelou que estava sob ameaça e pediu ajuda a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, que esteve na Bahia, no último dia 26 de julho.

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