Publicado em 30/11/2015 às 18h04.

Juazeiro: Conselho vê racismo em agressão de PM a professor

Julio Reis

O Conselho Estadual de Cultura enviou, nesta segunda-feira (30), uma carta ao secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, em que solicita apuração e punição para o caso de agressão policial contra um professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Juazeiro, no norte baiano.

Professor de história no curso de Ciências Sociais, Nilton de Almeida Araújo foi agredido pelo comandante da guarnição quando circulava em sua moto, no bairro do Cruzeiro, em direção ao dentista, na manhã deste sábado (28). Após a abordagem, o veículo foi apreendido. Ao tentar dialogar com o policial, o docente foi atacado na face, preso por suposto desacato e levado para a delegacia.

“Ele alegava que eu não portava o comprovante do pagamento de licenciamento de 2015, o que não era o caso. Mas também não percebi na hora e como estava muito próximo de casa falei que talvez pudesse ir procurar, quando fui agredido. A situação foi testemunhada, inclusive, por crianças. Além da agressão, está claro que houve prática de abuso de poder e dano moral”, disse Nilton Araújo ao bahia.ba.

(Foto: Reprodução Facebook)
(Foto: Reprodução Facebook)

Racismo – Para o presidente do Conselho de Cultura, Márcio Ângelo Ribeiro, o caso caracteriza mais: a prática de abordagens policiais racistas. Para Ribeiro é injustificável que “todo negro (como é a maioria dos moradores da periferia da cidade e do país) em uma moto (veículo utilizado de modo corriqueiro para atos ilícitos) seja tratado como bandido”.

Na carta, dirigida à Secretaria de Segurança Pública, Ribeiro aproveita para questionar o modo como se interpreta a situação social dos negros já que “um branco com paletó é advogado ou político, e o negro é segurança”, diz.

Nilton Araújo afirmou que ainda avalia as medidas cabíveis. “Ainda vou conversar com meu advogado. Racismo é um crime perfeito. Ninguém responde por ele. O agressor era negro, mas não é isto que caracteriza ou não a sua ocorrência. As ideias dominantes acabam se impregnando na conduta, mesmo dos que podem acabar sendo prejudicados por elas”, pontuou.

A carta também foi encaminhada ao comando da Polícia Militar da Bahia, à Casa Civil e entidades ligadas aos direitos humanos e atividades docentes.

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