Maragato, Tchê!
Jornalista baiano e militante trabalhista gaúcho escrevem a biografia política de Leonel Brizola

O biografado é Brizola, mas Getúlio Vargas divide o protagonismo do primeiro volume do livro Leonel Brizola, uma biografia política – O fio da história (1922-1964), do jornalista baiano Nilton Nascimento e do político e militante trabalhista gaúcho Hari Alexandre Brust. Em mais de um terço das 723 páginas da biografia do ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, Getúlio Vargas paira, soberano, como a árvore frondosa do trabalhismo brasileiro, à sombra da qual vicejaram líderes trabalhistas como João Goulart e o próprio Leonel Brizola.
Fartamente documentado, o livro se assemelha a um compêndio da história do Brasil republicano, pois contextualiza o período que vai da Proclamação da República ao golpe militar de 1964, com destaque para os golpes e contragolpes que incendiaram o cenário político nacional. O primeiro volume foi lançado no final de outubro pelo programa editorial da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Ele abarca do nascimento à fuga espetacular de Brizola para o exílio no Uruguai, como o político mais visado pelos militares golpistas. O segundo tomo pretende dar conta do período que vai de 1964 a 2004, ano da morte de Brizola. Como não poderia deixar de ser, a biografia do homem que viveu no olho do furacão das crises políticas que marcaram o Brasil na segunda metade do século 20 mergulha fundo na história.
Os antecedentes da proclamação da República, o fim da República Velha, com o advento da Revolução de 1930, a Revolução Constitucionalista, de 1932, em São Paulo; a ditadura do Estado Novo (1937-1945), a deposição de Getúlio e sua volta triunfal, nos braços do povo, seu suicídio, a ascensão e queda de João Goulart; tudo isso – e muito mais – perpassa as páginas do livro.
Ala Moça – Caçula dos cinco filhos do casal José Oliveira Santos Brizola e Oniva de Moura Brizola, o menino Itagiba nasce em 22 de janeiro de 1922, no pequeno vilarejo de Cruzinha, em Carazinho, à época um longínquo povoado de Passo Fundo-RS. Ele vai crescer sob o signo das guerras fratricidas que ensanguentaram os pampas rio-grandenses, opondo os chimangos (partidários do caudilho Borges de Medeiros), aos maragatos (aliados de Silveira Martins, Assis Brasil e Leonel Rocha, de quem, anos mais tarde, o jovem Itagiba tomará o prenome emprestado, registrado em cartório pela mãe, dona Oniva). Dos maragatos, Brizola adotaria o costume de ostentar o lenço vermelho ao pescoço.

O menino Itagiba tinha apenas um ano e oito meses de idade, quando o pai dele, José Brizola, o Bejo, que havia tomado parte da Revolução Federalista (1893-1923) foi assassinado. Com muita dificuldade, o jovem Brizola consegue estudar, passar num concurso para o Ministério da Agricultura e se formar em engenharia.
O batismo na política vem com o ingresso na Ala Moça do PTB. Em 1946, então com 24 anos de idade, Brizola participa de um comício em Porto Alegre, no mesmo palanque que Getúlio Vargas. Impressionado com o ardor militante do jovem trabalhista, Getúlio recomenda; “Bota esse guri na chapa de deputado que ele vai longe”. Botaram o “guri” na chapa e ele foi eleito deputado estadual, depois nomeado secretário de Obras do Rio Grande do Sul, e, em seguida, vence a eleição para prefeito de Porto Alegre.
“Cadeia da Legalidade” – Porém, é como governador do Rio Grande do Sul, em 1961, que Leonel Brizola vai esgrimir o seu lance mais ousado, a “Cadeia da Legalidade”, na defesa da posse de Jango (de quem era cunhado), vetada pela maioria dos chefes militares, após a renúncia rocambolesca de Jânio Quadros. Brizola arma o povo e se entrincheira durante 13 dias no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, onde monta uma rádio para mobilizar a população contra o golpe.
Apoiado pelo III Exército do general Machado Lopes, Brizola transformara o Piratini na “Cidadela da Legalidade”. A banda golpista do exército dá a ordem de bombardear o Palácio. Brizola resiste e brada pela rádio improvisada que resistirá até o fim. Um acordo é costurado de última hora, para implantar o regime parlamentarista no Brasil, uma maneira encontrada pelos golpistas para enfraquecer o governo de Jango. O parlamentarismo terá vida curta. No ano seguinte, é derrubado por um plebiscito que restabelece o presidencialismo.
Em 1964, Jango é deposto pelo golpe militar. Perseguido como inimigo público nº 1 do regime militar, Brizola é obrigado a fugir para o exílio, embarcando, para Montevidéu, num pequeno avião, numa praia deserta. Voltará com a anistia, em 1979, desassombrado como sempre. Mas, este já é assunto para o segundo volume da biografia do maragato Leonel Brizola.
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