OAB avalia pedido de federalização de chacina do Cabula
Caso os conselheiros aprovem, em Brasília, a OAB nacional vai pedir à PGR que receba o caso e leve adiante pela Justiça Federal

Mais uma entidade pode encaminhar o pedido de federalização do caso referente à morte de 12 jovens negros, no bairro do Cabula, em Salvador. Um ano após o ocorrido, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional da Bahia (OAB-BA), vai levar o pedido ao Conselho Federal da entidade, que poderá enviá-lo à Procuradoria-Geral da República (PGR), caso seja aprovado.
Os nove policiais militares envolvidos na morte dos jovens foram absolvidos após terem sido denunciados pelo Ministério Público à Justiça baiana. A juíza responsável pelo caso, Marivalda Almeida Moutinho, julgou improcedente a denúncia. Apesar da acusação de homicídio triplamente qualificado, a magistrada entendeu que os policiais agiram em legítima defesa ao atirarem 88 vezes nos jovens. A organização não governamental em defesa dos direitos humanos Justiça Global, junto com entidades representativas do movimento negro de Salvador – Reaja ou Será Morto/Reaja ou Será Morta e o Quilombo Xis – pediram, no início deste mês, à PGR que o caso seja apreciado pela Justiça federal.
A decisão de pedir o aval do Conselho Federal da OAB foi tomada na última sexta-feira (19), quando a seccional da Ordem na Bahia aprovou a proposta por unanimidade. Caso os conselheiros aprovem, em Brasília, a OAB nacional vai pedir à PGR que receba o caso e leve adiante pela Justiça Federal.
Hamilton Borges, que coordena o movimento Reaja ou será morto/Reaja ou Será morta, afirmou que a possível federalização é uma forma de dar andamento ao caso que, segundo ele, faz parte do genocídio da juventude negra, na Bahia. Para Borges, a proposta da OAB-BA é importante e serve como reforço ao pedido feito antes pelos movimentos, porque o conselho tem poder de voz e pode acelerar a análise do caso pela PGR.
“O que a gente queria pedir à OAB é que entre em contato com as famílias e com a Defensoria Pública, que também está nesta luta pela federalização, mas a partir das famílias. Não dá para fazer alguma coisa sem levar em conta a existência de familiares que representam aquelas pessoas”, acrescentou Borges.
O presidente da OAB-BA, Luís Viana Queiroz, disse ter respeito pelos movimentos envolvidos e pelas famílias dos jovens mortos, mas esclarece que a Ordem não tem poder de investigação e, por isso, não procurou as pessoas envolvidas no processo.
“Diante do grave conflito entre o posicionamento do Ministério Público Estadual [da Bahia] e da Polícia Estadual (o MPE, dizendo que houve um verdadeiro massacre, e a polícia, que não houve, por ter sido em legítima defesa), nós entendemos que seria prudente a federalização para que, na esfera federal, distante dos órgãos e do conflito, possa haver uma deliberação. Foi esse o entendimento do Conselho da OAB da Bahia”, justificou Luís Viana Queiroz.
“O apoio da OAB é fundamental e ela pode prestar um grande papel nesse caso, arguindo as ameaças que nós e a comunidade temos sofrido de policiais. Ninguém diz nada, mas as nossas casas têm sido invadidas, recebemos ameaças de morte. Então, a OAB não pode somente pedir para federalizar e deixar que a gente resolva. Não podem esperar que a gente resolva, que criemos as nossas próprias defesas. Não temos isso, não temos recursos, e a gente luta, porque é a nossa própria vida. Lutamos por autodefesa, entende?”, disse Hamilton Borges, que denuncia casos de racismo contra a juventude negra de Salvador.
Segundo a ONG Justiça Global, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) foram informadas da chacina e, também, das “ameaças frequentes sofridas por familiares das vítimas e integrantes da Campanha Reaja ou Será Morto/Reaja ou Será Morta”. A organização em defesa dos direitos humanos disse que o caso ocorrido no ano passado, conhecido como Chacina do Cabula, já está sob análise da PGR, que avalia a possível federalização.
Mais notícias
-
Bahia07h55 de 24/10/2025
Governo autoriza envio da Força Nacional para terras indígenas no sul da Bahia
Ministro Lewandowski definiu que operação tem prazo inicial de 90 dias nas Terras Indígenas (TI) dos Povos Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe
-
Bahia21h20 de 23/10/2025
MPBA lança plataforma para proteger crianças e adolescentes da violência digital
No Brasil, 93% das crianças e adolescentes acessam a internet, e quase três em cada dez relataram ter vivido situações ofensivas ou de violência online
-
Bahia14h33 de 23/10/2025
Governo amplia roteiros turísticos com novos produtos e experiências no estado
A iniciativa marca uma nova fase na promoção do turismo baiano, com foco no fortalecimento do setor
-
Bahia10h20 de 23/10/2025
PM é condenado a 15 anos de prisão por morte de jovem na Bahia
MP-BA afirma que o policial executou sumariamente o jovem de 20 anos
-
Bahia08h23 de 23/10/2025
Projeto faz replantio de manguezais em comunidade quilombola de Candeias
Iniciativa "Recife das Pinaúnas" conta com a participação de estudantes da rede municipal
-
Bahia08h21 de 23/10/2025
Operação da PF investiga prefeitos de cidades baianas; saiba detalhes
A Polícia Federal está cumprindo 25 mandados de busca e apreensão em quatro cidades
-
Bahia07h06 de 23/10/2025
Jerônimo reconhece situação de emergência em cidade do interior após incêndio florestal
Cidade de Barra, no oeste baiano, está a dois meses enfrentando os incêndios florestais
-
Bahia14h36 de 22/10/2025
Acidente na BA-026 deixa quatro mortos e criança ferida
Os ocupantes do veículo eram naturais de Castro Alves
-
Bahia12h07 de 22/10/2025
SSP prorroga prazo de inscrição para edital com vagas no Conesp
Os interessados têm até o dia 27 de outubro para participar do certame
-
Bahia11h59 de 22/10/2025
Entra em vigor lei que proíbe diferença entre elevadores social e de serviço na Bahia
Nova legislação estabelece multa de R$ 1,5 mil para condomínios que descumprirem a regra











