Plano de Educação: Conselheira e pesquisador repudiam alterações
Para eles, enquanto os deputados utilizam a fé para justificar seus atos, muitas escolas continuam sendo locais de reprodução de preconceitos

A conselheira de cultura, Ana Vaneska, e o professor e pesquisador da UFBA, Leandro Colling, se uniram em um texto de repúdio à retirada dos termos gênero e diversidade sexual do Plano Estadual de Educação (PEE).
O PEE, que prevê diretrizes e metas para a educação baiana, foi encaminhado à Assembleia Legislativa da Bahia com a proposta de que as políticas públicas da educação contemplem questões de sexualidade e gênero. Porém, a pressão de parlamentares conservadores e ligados à bancada evangélica suprimiu os termos “gênero” e “diversidade sexual” para expressões genéricas como “respeito às diversidades” e “tolerância”. Para eles, enquanto os deputados utilizam a fé para justificar seus atos, muitas escolas continuam sendo locais de reprodução de preconceitos.
“As unidades de ensino precisam ser espaços de respeito à pluralidade. As relações humanas, tanto no âmbito familiar como escolar, têm de ser pautadas, não apenas pela tolerância ao outro, mas no reconhecimento das questões identitárias. Ainda são poucos os colégios preparados para lidar com as fissuras da lógica binária que coloca mulheres e homens em posições fincadas na hierarquia de gênero”, destacam Colling e Vaneska.
Ambos consideram a retirada dos termos uma derrota para a educação, mas também no campo político. “Derrota no campo político, no combate à violência e, acima de tudo, uma derrota no âmbito educacional. Entretanto, seguimos com a esperança de que a intolerância de parlamentares não encontre eco na prática diária de bravas e bravos docentes que lutam por essa causa diariamente em suas comunidades”.
Leia na íntegra:
É com imensa indignação que assistimos a alteração feita no Plano Estadual de Educação (PEE), documento aprovado na última quarta-feira, 04, na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). O texto, que prevê diretrizes e metas para a educação baiana, foi encaminhado aos deputados com a proposta de que as políticas públicas da educação contemplem questões de sexualidade e gênero. Porém, a pressão de parlamentares conservadores e ligados à bancada evangélica suprimiu os termos “gênero” e “diversidade sexual” para expressões genéricas como “respeito às diversidades” e “tolerância”.
Os debates ligados à sexualidade e gênero são urgentes nas escolas. É na sala de aula que precisamos fortalecer o aprendizado viável ao combate à violência perpetuada na cultura do machismo, misoginia, homofobia, transfobia, dentre outras. Essa é uma pauta histórica do movimento feminista e LGBT, portanto, é lamentável que acordo entre parlamentares altere a redação do texto. Mais grave ainda é saber que as mudanças estão pautadas em argumentações religiosas de integrantes do Legislativo que colocam o estado laico em segundo plano.
Enquanto os deputados utilizam a fé para justificar seus atos, muitas escolas continuam sendo locais de reprodução de preconceitos. As unidades de ensino precisam ser espaços de respeito à pluralidade. As relações humanas, tanto no âmbito familiar como escolar, têm de ser pautadas não apenas pela tolerância ao outro, mas no reconhecimento das questões identitárias. Ainda são poucos os colégios preparados para lidar com as fissuras da lógica binária que coloca mulheres e homens em posições fincadas na hierarquia de gênero.
Em pleno século XXI, e diante de avanços sociais das mulheres, temos de pensar em escolas que eduquem para a emancipação das jovens. E temos de preparar os meninos para respeitar as mulheres, e não encará-las como inferiores diante da sua masculinidade. É na escola que precisamos incluir e empoderar travestis, transexuais e todas as pessoas que são hoje violentadas por estar fora da lógica heterossexual. O respeito a essa diferença se aprende em sala de aula, e se temos medo de discutir esse assunto abertamente, é sinal que o conservadorismo está fincado nas nossas relações.
Sonhamos em ser um país com melhores condições sociais, mas isso nunca será viável se deixarmos o modelo conservador de pensamento travar ações focadas no combate à violência. Não podemos silenciar o professor, devemos estimular uma formação crítica e cidadã nas escolas. A nossa defesa é pela sala de aula como espaço de livre circulação de ideias. É preciso que seja respeitada a lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afrobrasileira nas escolas públicas e particulares. Com apoio dessa lei podemos aplicar a lógica interseccional, com discentes que passarão a compreender as questões de raça, etnia, classe, gênero, dentre outras, como transversais no processo de sociabilidade.
A supressão dos termos “gênero” e “diversidade sexual” é uma derrota no Plano Estadual de Educação. Derrota no campo político, no combate à violência e, acima de tudo, uma derrota no âmbito educacional. Entretanto, seguimos com a esperança de que a intolerância de parlamentares não encontre eco na prática diária de bravas e bravos docentes que lutam por essa causa diariamente em suas comunidades. Se há o lado do político conservador, ficamos ao lado da sociedade civil organizada e pronta para o debate transformador que começa em sala de aula e reverbera no cotidiano do nosso povo.
Seguiremos na luta contra as opressões de gênero e sexualidade.
Atenciosamente,
Ana Vaneska, conselheira titular do Conselho Estadual de Cultura
Leandro Colling, ex-integrante do Conselho Estadual de Cultura, professor e pesquisador da UFBA, coordenador do Grupo de Pesquisa Cultura e Sexualidade (CUS)
Mais notícias
- 
        
                            
Bahia21h40 de 03/11/2025
Sinduscon Bahia elege nova diretoria para o biênio 2025/2027
Processo eleitoral ocorreu de forma tranquila e com chapa única, batizada de 'Estamos Construindo'
 - 
        
                            
Bahia18h45 de 03/11/2025
Pais e filho de seis anos morrem em grave acidente na BR-116
Equipes da Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros e Departamento de Polícia Técnica (DPT) isolaram o local
 - 
        
                            
Bahia18h08 de 03/11/2025
Feirão Serasa Limpa Nome oferece descontos de até 99% na Bahia
Com cerca de 4,9 milhões de consumidores endividados, estado ocupa o primeiro lugar em inadimplência no Nordeste
 - 
        
                            
Bahia11h19 de 03/11/2025
Caravana de Direitos Humanos leva serviços gratuitos para 4 municípios da Bahia
Ações da SJDH estarão nas cidades entre os dias 3 e 8 de novembro
 - 
        
                            
Bahia22h00 de 02/11/2025
Novembro Azul: Bahia registra a segunda maior incidência de câncer de próstata no país
No país, a previsão é de 71.730 diagnósticos da doença neste ano
 - 
        
                            
Bahia21h30 de 02/11/2025
Operação Paredão é intensificada em Salvador e interior da Bahia
Todas as ações ocorreram após denúncias de perturbação do sossego e fazem parte do esforço contínuo para reduzir a poluição sonora
 - 
        
                            
Bahia18h30 de 02/11/2025
Polícia resgata 174 galos usados em rinhas durante operação no Recôncavo Baiano
Ação teve como foco o combate a crimes como maus-tratos a animais, tráfico de drogas, agiotagem e pesca ilegal
 - 
        
                            
Bahia17h00 de 02/11/2025
Bahia e Ceará reúnem mais de 30 mil pessoas em situação de rua, mostra levantamento
Sudeste ainda concentra a maior parte dessa população, com São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais somando cerca de 60% do total nacional
 - 
        
                            
Bahia09h30 de 02/11/2025
Homem morre após ingerir bebida alcoólica destinada ao descarte na Bahia
O caso ocorreu no local de trabalho da vítima
 - 
        
                            
Bahia08h30 de 02/11/2025
Cidade baiana registra 38,5°C e lidera ranking de calor no Brasil
Novembro deve registrar temperaturas acima da média em toda a região Nordeste
 











