Publicado em 28/08/2025 às 07h49.

Processado por Ednaldo Rodrigues, jornalista ganha cargo no governo da Bahia

Oscar Paris tinha dois empregos, mas foi demitido após reportagem sobre dirigente esportivo

Lula Bonfim
Foto: Reprodução / Redes Sociais

 

O jornalista Oscar Paris foi nomeado nesta quarta-feira (27), pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), como o novo assessor de comunicação da Polícia Civil. É o retorno do profissional gaúcho ao governo do estado, após sua saída da TV pública estadual em meio ao que chamou de perseguição.

Ex-repórter esportivo da TVE Bahia e ex-colunista do jornal A Tarde, Paris perdeu seus dois empregos após ser processado pelo então presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF), Ednaldo Rodrigues.

Entenda

Tudo ocorreu a partir de 2008, quando Oscar Paris fez uma reportagem na TVE sobre uma fraude que teria ocorrido na venda do atacante Liedson, do Corinthians para o Sporting de Portugal.

Baiano de Cairu, o jogador foi negociado em 2003 por R$ 7 milhões. Mas, em 2005, a FBF emitiu um documento afirmando que, em 1993, quando Liedson tinha 15 anos, ele foi registrado como atleta das divisões de base do Esporte Clube Poções, no sudoeste da Bahia, permanecendo lá até 2000.

Esse registro dava à equipe do interior baiano ao chamado “mecanismo de solidariedade”, direito concedido aos clubes formadores, possibilitando que o Poções recebesse R$ 900 mil como fatia da transferência ao Sporting.

Na reportagem, Oscar Paris mostrava que o documento emitido pela FBF, à época comandada por Ednaldo, era falso. Liedson, na verdade, não passou sete anos no Poções. O próprio jogador confirmou que esteve na equipe baiana por apenas nove meses, em 2000, quando tinha 22 anos de idade — portanto, já fora da divisão de base, sem garantir direito ao mecanismo de solidariedade.

O material jornalístico também entrevistou Maria Balbina B. de Souza, funcionária da FBF que elaborou o documento fraudulento. Segundo ela, a fraude ocorreu sob orientação do presidente da federação, Ednaldo Rodrigues. O dirigente, na época, negou que alguém tenha agido de má-fé e tratou tudo como um engano.

Por causa da reportagem, Ednaldo acionou Paris na Justiça, em um processo que só se encerrou em março de 2025, quase 17 anos depois da reportagem. Nesse período, o jornalista afirma que foi perseguido, tendo como resultado a sua demissão tanto na TVE quanto no A Tarde. Além disso, ele nunca mais recebeu uma nova oportunidade na imprensa esportiva baiana.

Lula Bonfim

Editor do bahia.ba. Jornalista com experiência na cobertura de política, com passagens pelo Bahia Notícias, BNews e A Tarde. Apaixonado por futebol, por cultura e pela Bahia.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.