Publicado em 29/04/2025 às 19h42.

Rede de Pontos de Cultura Indígenas é criada com comunidades de 35 povos originários

A SecultBA tem valorizado iniciativas que reforçam a inclusão e o desenvolvimento social por meio da cultura

Redação
Foto: Ascom/SecultBA

 

A Bahia acaba de ganhar uma Rede de Pontos de Cultura Indígenas. A ação, viabilizada pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e da Política Nacional Cultura Viva, foi anunciada durante ato simbólico, na manhã desta terça-feira (29), no Quadrilátero da Biblioteca Central dos Barris, em Salvador.

A iniciativa é voltada exclusivamente para o reconhecimento, fortalecimento e articulação de coletivos, territórios e organizações indígenas que promovem ações culturais em suas comunidades. No evento, representantes de 35 pontos de cultura indígenas selecionados para integrar a rede receberam, das mãos do secretário de Cultura do Estado, Bruno Monteiro, um certificado que garante o recebimento de R$ 30 mil para cada uma delas.

Na cerimônia, também foi anunciada a construção de oito centros de cultura indígena em comunidades tradicionais do estado, reforçando o compromisso com a valorização, salvaguarda e fortalecimento dos saberes e expressões culturais dos povos originários. A intenção é que esses espaços sejam pontos de resistência, memória e inovação, para que conhecimentos ancestrais possam ser compartilhados com outras gerações e com toda a sociedade.

São investimentos que superam R$1 milhão para ajudar na preservação da cultura e memória. “O prêmio representa um ganho para toda a rede de cultura da Bahia, porque nos conecta com nossa história, com aquilo que fazemos e, principalmente, com aquilo que ainda precisamos fazer. O conjunto dessas políticas é um caminho que nós consideramos sem volta, pois, a partir do momento que as pessoas, etnias, comunidades e coletivos se reconhecem como fazedores de cultura, gera empoderamento, não só para nós, mas para os que vieram antes e os que virão depois”, afirmou o secretário Bruno Monteiro.

O Governo do Estado, por meio da SecultBA, tem valorizado iniciativas que reforçam a inclusão e o desenvolvimento social por meio da cultura. “Este é um compromisso humanitário. O Brasil vive um momento de reconhecimento e fomento da cultura, que tem sido entendida como objeto central”, completou.

Para a superintendente de políticas para os povos indígenas da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Sepromi-BA), Patrícia Pataxó, a criação da rede de Pontos de Cultura Indígenas é um ato simbólico e, ao mesmo tempo, serve como reconhecimento da importância da cultura dos nossos povos como patrimônio vivo, essencial para a identidade e a diversidade da Bahia.

“Celebramos hoje mais do que a entrega de um recurso. Celebramos o reconhecimento do direito de existir, criar, ensinar e transmitir saberes que constroem o presente e projetam o futuro dos nossos povos. Apoiar financeiramente essas iniciativas é uma forma de garantir que a tradição siga viva e dinâmica, respeitando o modo de vida dos povos indígenas e contribuindo para sua autonomia e protagonismo”, afirmou.

PREMIAÇÃO
O evento contou com a presença de representantes de 5 Territórios de Identidade e foi aberto com uma amostra da cerimônia do Toré, manifestação espiritual tradicional dos povos indígenas do Nordeste. Em roda, os indígenas cantaram e dançaram ao som de maracás. Ao final, os certificados de premiação foram entregues oficialmente aos representantes das comunidades.

Entre os premiados está o Território Cultural Kaimbé, localizado no município de Euclides da Cunha, no território do Semiárido Nordeste II. A representante do coletivo, Cirila Kaimbé, celebrou a conquista como um marco importante para seu povo. O recurso, segundo ela, será utilizado para a construção de um espaço voltado à memória dos Kaimbé.

“Pela primeira vez conseguimos receber um prêmio desses, que vai ser bem útil à nossa comunidade. Sonhamos com um espaço de memória do povo e, agora, vamos poder realizar. A gente sempre cultuou e praticou nossa cultura, e esse prêmio vai fortalecer ainda mais. É um momento muito simbólico, onde estamos reunidos com outros povos e conhecendo nossos parentes de luta e cultura”, destacou.

O sentimento de gratidão também foi compartilhado pelo cacique Raimundo Nonato, representante do coletivo cultural Associação dos Indígenas Atikum Lagoa do Surubabel, no município de Rodelas, pertencente ao Território de Identidade Itaparica. “Nós tínhamos vergonha de apresentar nossa cultura, porque muitas comunidades não tinham uma estrutura para apresentar sua dança, um espaço digno, uma estrutura física. Não falo só pela minha comunidade, mas por muitas que se submeteram a situações difíceis para preservar seus ritos”, contou.

EDITAL
O edital que premia os povos originários tem objetivo de reconhecer e premiar projetos, iniciativas e ações culturais que tenham contribuído significativamente para o desenvolvimento artístico e cultural da Bahia. Além de Pontos e Pontões de Cultura certificados, o edital contempla também coletivos culturais e organizações da sociedade civil que, mesmo sem certificação formal, realizam trabalho relevante em suas comunidades e estão aptos à certificação no Cadastro Nacional da Cultura Viva.

A iniciativa reafirma o protagonismo da Bahia como referência nacional na valorização da cultura de base comunitária. Em 2024, o estado se destacou ao ser o primeiro a lançar uma chamada pública exclusivamente voltada para a cultura indígena, fortalecendo a expressão e a resistência dos povos originários por meio de reconhecimento institucional e incentivo financeiro.

RECONHECIMENTO
Pontos de Cultura são locais reconhecidos pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) como espaços que funcionam como base para expressão cultural de uma região. São entidades ou coletivos culturais que compõem uma base social capilarizada e com poder de penetração em variados territórios e comunidades, em especial nos segmentos sociais mais vulneráveis. Os Pontos de Cultura impactam nos grupos tradicionais, na juventude, em povos indígenas, na cultura digital e em novos arranjos econômicos e produtivos.

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