Tarifaço de Trump pode impactar cacau, combustíveis e pneus produzidos na Bahia
José Acácio Ferreira afirma que o governo baiano já estuda medidas de mitigação

O tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra os produtos brasileiros pode afetar setores estratégicos da economia baiana, como o cacau, os óleos combustíveis e a produção de pneus. O contexto foi revelado ao bahia.ba pelo diretor-geral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), José Acácio Ferreira.
Apesar dessas preocupações, o diretor da SEI garantiu que não há motivo para pânico.
“Não vamos fazer alarmismo. Acreditamos que essa medida vai chegar à Bahia como uma onda fraca, distante do que está sendo anunciado. O importante agora é proteger os baianos, as arrecadações de ICMS e a economia regional com base em dados concretos”, avaliou Acácio, em entrevista ao bahia.ba.
Governo já trabalha para mitigar efeitos do tarifaço
Para o diretor da SEI, o impacto não deve ser generalizado. Questionado se o governador Jerônimo Rodrigues (PT) solicitou alguma nota técnica sobre o tarifaço, Ferreira afirmou que o governo estadual já iniciou a elaboração de estudos técnicos para mitigar os efeitos da medida.
“Os principais produtos exportados aos Estados Unidos pela Bahia são cacau e derivados, incluindo o produto acabado, óleos [combustíveis] e pneus. Esses setores merecem atenção especial. O governador está atento a isso e solicitou imediatamente uma nota técnica à SEI para embasar decisões com evidência científica”, disse.
O diretor ponderou que os EUA não são o principal destino das exportações baianas (China e Singapura estão à frente), mas alertou para o risco de descontinuidade em cadeias produtivas devido à dependência de importações.
“A Bahia importa mais dos Estados Unidos do que exporta. Isso inclui maquinários, que são essenciais para cadeias de suprimento no estado. O impacto pode ser sentido em setores que dependem dessas peças e equipamentos”, afirmou Acácio.
De olho no cacau
Entre as regiões mais sensíveis ao impacto, Acácio citou o sul da Bahia. “Vamos ter que olhar para o cacau, para Ilhéus, para a região cacaueira”, sinalizou. Segundo ele, o governo já monitora indicadores econômicos locais “on time”, com apoio do sistema Monitora Bahia.
“Estamos acompanhando o PIB dos municípios, o turismo, os preços da cesta básica. Tudo com base em evidências”, assegurou.
Segundo o titular da SEI, não há necessidade de desespero para os produtores de Ilhéus, pois o governo já está realizando estudos voltados para a cadeia produtiva da região.
“A mensagem para Ilhéus é clara: o Estado está olhando para a cadeia produtiva de vocês”, tranquilizou.
A cidade abriga a maior fazenda de multiplicação de mudas de cacau do mundo, localizada no distrito de Banco do Pedro. O espaço, mantido pelo Instituto Biofábrica da Bahia (IBB), tem 60 hectares e atende principalmente agricultores familiares.
Impacto no turismo e relação com a China
A SEI também avalia possíveis impactos sobre o turismo, com uma diminuição da procura do turismo de baianos em direção aos Estados Unidos da América. Isso, segundo ele, pode ter também impacto sobre a economia norte-americana.
“A gente pode observar uma queda no número de baianos viajando para os EUA. Ao fim, quem perde é a economia americana. Esse turista pode acabar optando por outros destinos, como o Caribe ou a China”, analisou Ferreira.
Diante do novo cenário, Acácio afirmou que o Estado estuda alternativas de mercado. A ideia é aumentar ainda mais a parceria com a China, principal adversária comercial dos norte-americanos.
“Temos cooperação técnica internacional com a China. Só em 2024, mandamos 52 servidores para estudar boas práticas em áreas como combate à pobreza e logística. Podemos ampliar os mercados para nosso cacau e chocolate, que são os melhores do mundo”, concluiu.
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