Publicado em 02/07/2016 às 17h00.

Brasil irá exportar urânio enriquecido pela primeira vez

Juntando-se ao rol de outros 11 países que já enriquecem o urânio, Brasil entra no mercado da energia nuclear

Agência Brasil
Divulgação: INB
Divulgação: INB

O Brasil entrou no mercado do urânio enriquecido e exportará o mineral pela primeira vez. Através da empresa nacional Indústrias Nucleares do Brasil (INB), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, foi feito um acordo com a estatal argentina Combustibles Nucleares Argentinos (Conuar), que prevê o envio de quatro toneladas de pó de dióxido de urânio para a carga inicial de abastecimento de um reator nuclear localizado na cidade de Lima, ao norte de Buenos Aires. O contrato, no valor de US$ 4,5 milhões, foi assinado em junho.

Enriquecido na fábrica da INB em Resende (RJ), o produto ainda precisa de autorização da Coordenação-Geral de Bens Sensíveis do ministério e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para completar o processo de exportação, o que deve ocorrer até o fim deste ano. As 4 toneladas serão divididas em três lotes, com teores de enriquecimento de 1,9%, 2,6% e 3,1%.

Além do Brasil, o urânio é enriquecido por outros 11 países. A tecnologia usada na unidade da INB em Resende é a de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, autarquia gerida administrativa e tecnicamente pela Cnen.

Segundo o ministério, a exportação não afeta o abastecimento de combustível das centrais nucleares de Angra dos Reis (RJ). Atualmente, a Usina de Enriquecimento tem seis cascatas de ultracentrífugas em operação e atende a cerca de 40% das necessidades de Angra 1.

Urânio – O urânio é um mineral com propriedades físicas de emitir partículas radioativas, a radioatividade. Sua principal aplicação comercial é na geração de energia elétrica, como combustível para os reatores nucleares de potência.

Segundo a INB, o Brasil tem a sétima maior reserva geológica de urânio do mundo, o que permite o suprimento das necessidades domésticas no longo prazo e uma possível disponibilização do excedente para exportação. As reservas estão concentradas nos estados da Bahia, do Ceará, Paraná e de Minas Gerais, com cerca de 309 mil toneladas de concentrado de urânio.

A única mina de urânio em operação no Brasil está em Caetité (BA) e tem capacidade de produzir 400 toneladas de concentrado de urânio por ano. Em 2013, a produção mundial de urânio concentrado foi 70.330 toneladas.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.