Brasil supera taxa de 30 homicídios por 100 mil habitantes pela primeira vez
Foram 62.517 homicídios registrados em 2016, o que representa 30,3 assassinatos por 100 mil habitantes; número é 30 vezes maior do que o observado na Europa
Mais de 62 mil pessoas foram assassinadas no Brasil em 2016, fazendo com que o país superasse pela primeira vez o patamar de 30 homicídios por 100 mil habitantes, revelou o Atlas da Violência publicado nesta terça-feira.
No total, foram 62.517 homicídios registrados em 2016, o que representa 30,3 assassinatos por 100 mil habitantes, número 30 vezes maior do que o observado na Europa naquele ano, segundo o levantamento produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os assassinatos não ocorreram de maneira homogênea pelo país, com Estados das regiões Norte e Nordeste aparecendo na frente com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes.
Em primeiro lugar na lista aparece Sergipe, com 64,7, seguido por Alagoas com 54,2. São Paulo, por outro lado, tem a menor taxa de assassinatos, com 10,9. Já o Estado do Rio de Janeiro registrou 36,4 assassinatos por 100 mil habitantes.
“Esse índice crescente revela, além da naturalização do fenômeno, a premência de ações compromissadas e efetivas por parte das autoridades nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal”, afirmam os pesquisadores no relatório.
“Além de outras consequências, essa tragédia traz implicações na saúde, na dinâmica demográfica e, por conseguinte, no processo de desenvolvimento econômico e social”, acrescentam.
Além das diferenças geográficas, as taxas de homicídio foram sentidas de maneira desigual por parcelas da sociedade.
Em 2016, 71,5 por cento das vítimas de assassinato eram pretas ou pardas e a taxa de homicídios de negros foi de 40,2 por cento, frente a 16 por cento de não negros.
Além de dados sobre homicídios, o Atlas da Violência tratou também de casos de estupro, apontando 49.497 estupros registrados nas polícias brasileiras ao longo de 2016 —número que deve ser ainda maior considerando a grande subnotificação do problema, segundo os pesquisadores.
Por Maria Clara Pestre
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