Desemprego ampliado no Brasil é de 21%, quase o dobro da taxa oficial
Conforme o levantamento, o país tem a a sexta maior taxa de desemprego do mundo

A deterioração do mercado de trabalho no Brasil é muito mais profunda do que indicam as pesquisas tradicionais. Segundo estudo comparativo do banco Credit Suisse, o Brasil está entre os recordistas globais do chamado desemprego ampliado. O levantamento indica que o Brasil tem a sexta maior taxa de desemprego ampliado entre 31 países desenvolvidos e emergentes que foram avaliados.
Em síntese, a taxa de desemprego tradicional considera apenas quem procura trabalho e não encontra. A taxa de desemprego ampliada usa uma métrica mais complexa: inclui quem faz bico por falta de opção e trabalha menos do que poderia ou desistiu de procurar trabalho – sofre do chamado desalento. De acordo com os dados mais recentes, do terceiro trimestre de 2016, a taxa de desemprego ampliada do Brasil bateu em 21,2% – quase o dobro do desemprego oficial, que nesse período alcançou 11,8%. Por esse critério, perto de 23 milhões de brasileiros estariam desempregados ou subutilizados.
Numa comparação internacional, a taxa de desemprego ampliado do Brasil está bem acima da média dos países analisados, que é de 16,1%. Também fica acima da taxa de países com renda comparável a do Brasil, como México (18,3%) e Turquia (15,9%). O Brasil está atrás apenas de países profundamente afetados pela crise internacional: Grécia (o recordista, com 31,2% de desemprego ampliado), Espanha (29,75%), Itália (24,6%), Croácia (24,6%) e Chipre (23,8%).
Esta é a primeira vez que um levantamento do gênero inclui o Brasil e isso só foi possível porque agora há dados disponíveis no organismo oficial responsável por acompanhar o mercado de trabalho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde novembro do ano passado, o IBGE oferece informações complementares sobre a subutilização da força de trabalho.
Foi com base nessas novas estatísticas que o banco organizou o levantamento. “Os novos indicadores oficiais permitem uma visão mais abrangente sobre a realidade do mercado de trabalho brasileiro e uma comparação internacional”, diz Leonardo Fonseca, economista do Credit Suisse que coordenou o estudo.
O paulistano Tiago de Oliveira Souza, 32 anos, é um exemplo da sutileza da nova estatística. Ele não engrossa a taxa de desemprego tradicional, pois tem uma ocupação: é motorista do Uber. Mas preenche os requisitos para compor a taxa de desemprego ampliado porque é subutilizado. Souza trabalha menos horas do que poderia. “Tento fazer 8 horas por dia, mas nem sempre consigo, porque tem concorrência. A demanda oscila, tudo é muito imprevisível”, diz.
Tiago também está numa atividade abaixo de suas qualificações. Fala, lê e escreve em inglês com facilidade. Tem, na sua definição, nível “intermediário avançado”. Apenas 5% dos brasileiros têm esse domínio do idioma. De 2004 a 2014, foi metalúrgico na Mercedes-Benz Caminhões, em São Bernardo do Campo (SP). Foi de montador a inspetor de qualidade.
Aderiu a um programa de demissão voluntária pois achou que poderia fazer carreira em outra atividade. Ocorre que, naquele momento, a crise chegou e as suas possibilidades foram se estreitando. Souza, que toca guitarra e violão, foi ser vendedor numa loja de instrumentos musicais, mas não se adaptou. “As metas eram altas e as vendas caíam”, diz.
Decidiu, então, trabalhar num bar de jazz, na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo). “Em maio do ano passado, o bar não resistiu e fechou”, diz ele. Por quatro meses, distribuiu currículos, sem sucesso. Sobrou ser motorista. “O Uber era para complementar renda e virou atividade principal. Ainda bem que eu tenho isso.”
O economista Sérgio Firpo, professor e pesquisador do Insper, lembra que há muitos critérios para medir o desemprego. Historicamente, o desemprego do IBGE foi inferior ao do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “O que importa é que haja padronização”, diz Firpo. Nesse caso, o desemprego ampliado é um refinamento nas estatísticas que aperfeiçoa a análise do mercado de trabalho.
Mais notícias
-
Brasil
21h20 de 18/07/2025
Inscrições para o Fies do segundo semestre terminam nesta sexta-feira
Programa do Ministério da Educação oferece 74.500 vagas em instituições particulares de ensino superior de todo o país
-
Brasil
16h31 de 18/07/2025
Governo anuncia novo aporte de R$ 1,4 bi para obras da Transnordestina
Ferrovia terá, ao todo, 1.209 quilômetros, ligando o município de Eliseu Martins, no Piauí, ao Porto do Pecém, no Ceará
-
Brasil
12h12 de 17/07/2025
MIDR aprova R$ 1,7 mi para auxílio de municípios em situação de emergência no Nordeste
Das 578 cidades afetadas pela seca e contempladas pelo auxílio, 95 delas estão na Bahia
-
Brasil
21h55 de 16/07/2025
Casos de dengue caem 78% em 2025, mas risco de epidemia persiste em alguns estados
Brasil já contabiliza 1.437 mortes por dengue no ano
-
Brasil
20h40 de 16/07/2025
PF prende suspeitos de desviar R$ 541 mi em ataque hacker a instituições financeiras
Operação, batizada de Magna Fraus, foi deflagrada entre terça e quarta-feira em diferentes estados
-
Brasil
11h50 de 16/07/2025
Caixa inicia pagamento do Bolsa Família de julho; saiba data
Primeiros a receber os valores serão os beneficiários com Número de Identificação Social (NIS) com final 1
-
Brasil
11h38 de 16/07/2025
Lotofácil: Aposta acerta as 15 dezenas e leva prêmio de R$ 1,5 milhão
Os números sorteados foram 01-04-05-06-08-10-11-12-13-15-16-19-20-24-25
-
Brasil
19h17 de 15/07/2025
Beneficiários têm até 21 de julho para aderir ao plano de devolução de descontos do INSS
Valores serão pagos diretamente na mesma conta bancária onde o beneficiário já recebe o pagamento mensal do INSS
-
Brasil
18h27 de 15/07/2025
Brasil ocupa 2º lugar em ranking global de crescimento do turismo internacional
País registrou um aumento de 48% nas chegadas internacionais em comparação com o mesmo período de 2024
-
Brasil
12h09 de 15/07/2025
Retomada do voo Panamá-Salvador amplia turismo estrangeiro na Bahia
Pesquisa da Embratur aponta para a chegada de quase 100 mil visitantes estrangeiros no estado no 1º semestre de 2025