Publicado em 03/07/2024 às 08h54.

Diretoria da Americanas chegou a criar emails falsos de fornecedores com gastos fictícios, diz MPF

Em delação, ex-funcionário diz que fechamento de resultado era 'traumático'

Redação
Foto: Assessoria/Americanas

 

A fraude contábil bilionária que durou ao menos uma década na Americanas não seguia uma sequência lógica ou temporal pré-definida no modus operandi, de acordo com as investigações do Ministério Público Federal (MPF). Com isso, além da criação de Comitês inexistentes para ludibriar as empresas de auditoria, a antiga gestão da varejista chegou a criar email falsos de fornecedores, informa reportagem do jornal O Globo.

De acordo com um relatório da Polícia Federal (PF), com base na delação de Marcelo da Silva Nunes, que ocupou a função de diretor financeiro na varejista, eram criados emails falsos dos fornecedores dando o “de acordo” para as cartas fictícias de Verba de Propaganda Cooperada (VPC).

“Os fornecedores não tinham noção que os e-mails das cartas de VPC eram alterados”, disse Marcelo aos investigadores em delação, que conta com mais de 300 documentos anexados. O objetivo era que essas cartas dos fornecedores fossem enviadas às auditorias para aprovar as contas da varejista.

O VPC envolve a concessão de créditos por parte dos fornecedores aos varejistas por motivos comerciais variados, como, por exemplo, a inclusão de produtos em materiais promocionais de lojas ou websites, ou em situações onde um produto mais recente é lançado, ocasionando um acúmulo de estoque da versão anterior. Mas, segundo a PF, a antiga direetoria criava lançamentos contábeis fraudulentos, referentes à VPC inexistentes.

Ainda de acordo com O Globo, Ele relata que nas reuniões com a auditoria sempre se fez tudo para esconder essas fraudes. “O processo de fechamento de resultado de final de ano era sempre muito traumático porque tinham que ser cometidas várias fraudes para esconder da auditoria”.

Dessa forma, segundo a PF, o resultado era fraudado com a criação e registro artificial de contratos de VPC, que melhoravam o resultado da companhia, como redutores de custo, mas sem a efetiva contratação com fornecedores e cujas contrapartidas no balanço se deram majoritariamente na forma de redutores da conta de fornecedores.

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