Publicado em 02/10/2025 às 10h42.

Gastos de brasileiros com viagens nacionais cresceu 11,7% em 2024

No total, população gastou cerca de R$ 22,8 bilhões com viagens no último ano

Redação
Foto: Will Recarey/ Salvador Bahia Airport

 

O gasto total dos brasileiros com viagens nacionais que tiveram pernoite somou R$ 22,8 bilhões em 2024. Esse valor representa um crescimento de 11,7% em relação ao montante de 2023 e sinaliza manutenção da retomada do setor de turismo após a pandemia de covid-19. As informações são da Agência Brasil.

Em 2023, o total gasto foi de R$ 20,4 milhões, o que significou um salto de 77,7% em relação a 2021, ano que enfrentou isolamento social e barreiras sanitárias. Os valores são reais, ou seja, já consideram a inflação do período.

Os dados fazem parte de uma edição especial sobre turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento foi realizado por meio de um convênio entre o IBGE e o Ministério do Turismo, que não vigorou em 2022.

Vinte milhões de viagens

Apesar do recorde no gasto, o IBGE identificou que o número de viagens não aumentou em 2024. A quantidade se manteve em 20,6 milhões.

O IBGE apurou também que o número de domicílios no qual ao menos um morador relatou ter viajado nos três meses anteriores à pesquisa permaneceu estável em 15 milhões, apesar do aumento no número de residências de um ano para o outro. Assim, a participação dos endereços que tiveram ao menos uma viagem se reduziu de 19,8% para 19,3% do total.

Para o analista da pesquisa, William Kratochwill, se a quantidade de viagens ficou estável e o montante gasto aumentou, “a explicação é que as viagens aconteceram com gastos maiores”. “Pode ser o tipo de viagem, mais longa, de fato houve aumento no custo médio por pessoa”, diz.

Onde e quem gastou

Os pesquisadores calcularam que, em 2024, o gasto médio de viagem nacional com pernoite ficou em R$ 1.843, acima dos R$ 1.706 de 2023. Já o gasto diário por pessoa foi de R$ 268, superando os valores de 2021 (R$ 243) e 2023 (R$ 253).

Ao analisar por destinos, foi possível identificar que o Nordeste é onde mais se gasta com viagens (R$ 2.523). O Sul (R$ 1.943) também superou a média nacional. Sudeste (R$ 1.684), Centro-Oeste (R$ 1.704) e Norte (R$ 1.263) ficam abaixo da média do Brasil.

Os três estados destino com maior gasto médio ficam no Nordeste:

Alagoas: R$ 3.790

Ceará: R$ 3.006

Bahia: R$ 2.711

Na outra ponta, os quatro estados com menores gastos ficam no Norte:

Rondônia: R$ 930

Acre: R$ 1.019

Amapá: R$ 1.061

Pará: R$ 1.085

Quando se observa o valor consumido com base na origem da viagem, o Distrito Federal se destaca. Os viajantes do DF gastam em média R$ 3.090 por viagem. Na segunda colocação fica São Paulo (R$ 2.313). De acordo com Kratochwill, a explicação está no fato de o DF ter a maior renda per capita (por pessoa) do país.

Fator renda

A Pnad detalha que, quanto maior a renda familiar por pessoa, maior o custo com viagens. Em domicílios com renda de menos de meio salário mínimo, o gasto ficou em R$ 802. Nos lares que recebem a partir de dois salários mínimos, o valor supera a média nacional e chega a R$ 3.032 entre as que ganham quatro ou mais mínimos.

Ao perguntar por que a pessoa não viajou, os pesquisadores identificaram que a maior parte respondeu falta de dinheiro. Foram quatro em cada dez pessoas (39,2%), praticamente o dobro do segundo motivo, não ter tempo (19,1%). Para 18,4% a resposta foi não ter necessidade.

Ao separar por faixa de renda, as famílias que ganham menos de dois salários-mínimos apontaram como principal causa a falta de dinheiro, percentual que chega a 55,3% entre as que ganham menos de meio mínimo.

Já entre os lares com rendimento mensal por pessoa a partir de dois salários-mínimos, o motivo mais respondido foi falta de tempo, que chegou a 33,2% entre os lares com renda de quatro ou mais mínimos.

Uma forma de perceber a relação entre renda e viagem é que 78,7% dos domicílios brasileiros apresentam renda familiar per capita menor que dois salários-mínimos. No entanto, no universo de lares em que houve viagens, as famílias que ganham menos de dois salários-mínimos são apenas 61,1%.

Enquanto um em cada cinco domicílios brasileiros (19,3%) tiveram algum viajante em 2024, esse percentual é de 10,4% nas famílias com renda de menos de meio salário-mínimo por pessoa. Nas residências que recebem quatro ou mais mínimos, a parcela chega a 45,7%.

Destino e duração

A pesquisa revela também que 96,7% das viagens foram nacionais. Dentro do Brasil, 80,9% de um total de 19,9 milhões tiveram a mesma região como origem e destino, ou seja, partiu do Nordeste para outro estado nordestino, por exemplo. De cada quatro viagens, três (75,5%) são consideradas curtas, o que o IBGE classifica como até cinco pernoites.

O Distrito Federal lidera o ranking de proporção dos domicílios no qual houve ao menos uma viagem. Enquanto no Brasil a parcela é de 19,4%, no DF chega a 26,7%. Para William Kratochwill, além da renda per capita alta, outro fator explica a liderança. “É uma região em que há muitas pessoas que vêm de fora ou para trabalho e, geralmente, pode ser que [o grande número de viagens] tenha a questão de visitar familiares em outras unidades da Federação”, avalia.

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