Publicado em 13/11/2015 às 15h10.

Grandes filas marcam distribuição de água em cidade mineira

Coordenada pelo Exército, entrega de garrafas de água mineral em Governador Valadares integra plano de socorro às pessoas atingidas no acidente das barragens

Agência Estado

Cinquenta e cinco homens do Exército chegaram nesta sexta-feira (13), a Governador Valadares, no leste mineiro, e iniciaram distribuição de garrafas de água mineral à população local, que sofre com colapso no abastecimento desde a segunda-feira (9). Centenas de pessoas formavam filas que davam voltas no quarteirão da Praça dos Esportes, no centro. A espera por quatro garrafas de um litro chegava a ultrapassar três horas e meia.
A cidade interrompeu a captação no rio Doce em razão da chegada à região dos rejeitos das barragens em Mariana-MG. A distribuição de água à população integra o plano emergencial para socorrer a população.
O vigilante Sebastião Valério, de 60 anos, aguardava há duas horas para pegar as garrafas. Ele contou ter estocado água em casa desde o fim de semana em caixas e galões. “Acho que ainda dura uns três dias. Depois, todos os dias vamos ter de enfrentar filas como essa”, disse.
Com o tempo quente, a tarefa de aguardar na fila representou esforço excessivo para algumas pessoas. A cozinheira Romilda Monteiro, de 37 anos, não aguentou e desmaiou, sendo rapidamente atendida. “Faz tanto tempo que estou aqui que nem lembro a hora que cheguei”, disse. Romilda contou que o restaurante onde trabalha na cidade está fechado por falta de água.
Plano – A prefeitura de Governador Valadares informou nesta sexta-feira que pretende instalar caixas de 20 mil litros em pontos estratégicos de bairros da cidade para levar água potável à população. Os cerca de 40 caminhões-pipa que estão hoje no município atendem apenas pontos prioritários, como hospitais e abrigos. O objetivo é elevar o número de veículos para 150 ainda neste fim de semana.
“O plano com caminhões-pipa vai garantir a vinda de 3, 2 milhões de litros por dia. Mas precisamos de ao menos 15 milhões para conseguir fornecer 50 litros por família, que já é uma quantidade reduzida”, disse a prefeita Elisa Costa (PT).
Para complementar a demanda, a administração pretende contar com auxílio de vagões-tanque da Vale, que trafegam pela ferrovia que corta a cidade, além de obras que devem levar um mês para terem a execução finalizada.
Os vagões da Vale carregam 60 mil litros por viagem. A prefeitura pondera, no entanto, que só o hospital municipal consome 200 mil litros por dia. As ações planejadas incluem também a perfuração de 15 poços artesianos em pontos do município, com previsão de fornecimento de cinco litros por segundo; o Rio Doce fornecia 120 litros por segundo no mesmo tempo.
As captações alternativas não devem ser suficientes para permitir a retomada da distribuição pelo sistema encanado, já que o volume não atinge o mínimo para garantir a pressão necessária, segundo a prefeitura.
A solução poderá estar na construção emergencial de uma adutora de engate rápido anunciada nesta quinta-feira (12) pela presidente Dilma Rousseff em visita a Governador Valadares.
A obra deve levar 30 dias para ser concluída. “A ação definitiva para colocar água novamente nas torneiras é a construção da adutora. Estamos estudando soluções para que o prazo encurte. Estamos tentando diminuir o desconforto, mas haverá algum desconforto”, disse o secretário nacional de Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior, que está na cidade para apoiar as ações.
A construção da adutora deverá contar com o apoio da mineradora Samarco, que enviou representantes a Governador Valadares ontem. “Conseguimos fazer a empresa Samarco assumir o compromisso de que ela é a única responsável de todo esse desastre”, disse a prefeita Elisa.

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