Publicado em 04/10/2024 às 07h13.

Greenpeace expõe o impacto das queimadas alimentadas pelo crédito rural

Segundo levantamento da organização, 133 propriedades embargadas por práticas ilícitas de queimada obtiveram crédito rural

Redação
Foto: Jader Souza/AL Roraima

 

Um levantamento recente realizado pelo Greenpeace Brasil revela dados alarmantes sobre o uso ilegal do fogo em propriedades rurais na Amazônia e no Cerrado. Entre 22 de julho de 2008 e 30 de junho de 2024, 133 propriedades embargadas por práticas ilícitas de queimada obtiveram crédito rural, uma linha de financiamento com taxas subsidiadas pelo governo e recursos do orçamento público.

O estudo aponta que, mesmo com embargos, 116 das 122 propriedades financiadas na Amazônia voltaram a queimar pelo menos uma vez em um período de seis anos, somando uma área devastada equivalente a 1,8 vezes o tamanho de Paris. Apesar das multas aplicadas pelos crimes ambientais, que totalizam R$ 58 milhões, apenas 0,1% desse valor foi pago pelas propriedades infratoras.

Em abril deste ano, outra investigação do Greenpeace Brasil destacou a falta de rigor na concessão de crédito rural a áreas com histórico de infrações ambientais. A análise indicou que 10.074 propriedades localizadas em Unidades de Conservação na Amazônia tiveram acesso a essas linhas de financiamento, assim como 798 imóveis com embargo por crimes ambientais e 24 em Terras Indígenas, tudo em desacordo com as normas legais e o bom senso ambiental.

A organização argumenta que a falta de critérios rígidos para concessão de crédito permite que práticas destrutivas persistam, mesmo em áreas protegidas por lei.

A continuidade dos financiamentos a empresas e propriedades rurais com histórico de crimes ambientais expõe uma grave falha no sistema de regulação e fiscalização. As investigações revelam que, tanto no Brasil quanto internacionalmente, ainda há uma desconexão entre os discursos de sustentabilidade e as ações reais do setor financeiro.

O Greenpeace alerta que, sem mudanças concretas nos critérios de concessão de crédito e na responsabilidade das instituições financeiras, o Brasil continuará sofrendo com o avanço do desmatamento e das queimadas, comprometendo não apenas a biodiversidade, mas também os compromissos globais de preservação ambiental.

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