Manobras escondem mortes cometidas pela polícia no Brasil, diz ONU
Organização das Nações Unidas denuncia "esforços" das autoridades brasileiras para tornar "invisíveis" homicídios cometidos por policiais

A Organização das Nações Unidas (ONU) acusa o Brasil de manter prisioneiros em condições “cruéis e desumanas” e alerta que os assassinatos cometidos por policiais são classificados como “ocorrências regulares”. Em um informe produzido pelo relator da ONU contra a Tortura, Juan Mendez, e que será apresentado na semana que vem em Genebra, na Suíça, a entidade denuncia ainda os “esforços” das autoridades brasileiras por tornar “invisíveis” os homicídios cometidos por policiais. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo aguarda a posição do Ministério da Justiça sobre o informe.
Usando dados nacionais, a ONU indica que em média seis pessoas por dia morreram no Brasil em 2013 em operações policiais. Nos últimos meses, as mortes com participação da polícias aumentaram 2%, enquanto a taxa geral de homicídios caiu.
“Ainda que algumas mortes cometidas por policiais resultem de uso legítimo da força, muitas, não”, disse Mendez. “Na vasta maioria dos casos de uso excessivo de força, a polícia apresenta com frequência informes indicando resistência à prisão, seguida por morte. Isso, portanto, evita o dever de trazer os autores diante de uma Corte”, indicou.
Em 220 investigações, apenas uma resultou em condenação. A ONU, portanto, pede o fim da classificação de “atos de resistência”.
“Nas prisões, a taxa de mortes é muito alta”, disse Mendez. Usando dados do Infopen, ele aponta que 545 mortes foram registradas na primeira metade de 2014, com cerca de metade sendo intencional. A taxa é de 167,5 por cada 100 mil pessoas por ano. Mas, em um dos estados, a taxa seria de 1,5 mil por 100 mil.
Protocolo – Segundo a ONU, existe um protocolo do Ministério da Justiça para investigar homicídios. Mas não existe um para investigar casos atribuídos a forças de ordem. “Esforços significativos são feitos para torná-los invisíveis”, escreveu Mendez, em uma referência aos homicídios cometidos pela polícia. Ele, porém, não especifica a quem é a acusação.
O informe também ataca a situação das prisões. “Condições de detenção são equivalentes a um tratamento cruel, desumano e degradante”, avalia o relator da ONU. “Superlotação severa leva a uma condição caótica dentro das instalações. Impunidade continua a regra.”
De acordo com a ONU, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, com 711 mil pessoas. Há 30 anos, a população era de 60 mil. Entre 2005 e 2012, a alta foi de 74% e 60,8% dos prisioneiros eram de descendência africana.
A entidade também critica a estratégia brasileira. “Apesar de investimentos do governo de R$ 1,2 bilhão para criar uma capacidade adicional de prisões, o aumento contínuo de detentos criou um sistema penitenciário marcado por uma superlotação endêmica”, escreveu Mendez. Segundo ele, em um dos Estados, a taxa de ocupação é 265% acima da capacidade.
Mendez pede que o governo foque suas atenções em reduzir a população carcerária, e não aumentar prisões. Para isso, sugere medidas alternativas. Mas deixa claro que abrir mão de penas contra violência doméstica também não é o caminho.
Mais notícias
-
Brasil
21h55 de 17/10/2025
Brasil registra 46 casos confirmados de intoxicação por metanol
Brasil registra 46 casos confirmados de intoxicação por metanol
-
Brasil
21h20 de 17/10/2025
Entregadores de app têm jornadas longas e recebem menos que média nacional, aponta IBGE
Entre 2022 e 2024, mais de 40 mil pessoas ingressaram na atividade; veja números da pesquisa
-
Brasil
20h40 de 17/10/2025
Brasil fecha acordo com a Índia para ampliar produção nacional de vacinas
Parceria faz parte da estratégia brasileira de reforçar a produção interna de vacinas de alto impacto
-
Brasil
13h34 de 17/10/2025
BNDES libera crédito de R$ 12 bilhões para produtores rurais com perdas de safra
Operações poderão ser feitas por meio da rede de instituições financeiras parceiras credenciadas no BNDES
-
Brasil
13h11 de 17/10/2025
Número de brasileiros que trabalham por aplicativo cresceu 25,4% em 2024
Em 2022, grupo representava 1,5% dos 85,6 milhões de ocupados, proporção que alcançou 1,9% dos 88,5 milhões de ocupados em 2024
-
Brasil
21h55 de 16/10/2025
Brasil chega a 41 casos confirmados de intoxicação por metanol
Total de mortes confirmadas por intoxicação por metanol subiu para seis
-
Brasil
21h20 de 16/10/2025
Casos de envenenamento criminoso batem recorde no Brasil e crescem 9% em 2025
Medicamentos continuam sendo os principais agentes utilizados nos envenenamentos criminosos
-
Brasil
21h40 de 15/10/2025
Fies abre inscrições para vagas remanescentes do segundo semestre de 2025
Edital com as regras do processo foi publicado nesta quarta-feira no Diário Oficial da União
-
Brasil
21h20 de 15/10/2025
Brasil tem 36 casos e sete mortes por intoxicação com bebidas adulteradas com metanol
Ainda segundo o balanço, há 156 casos em investigação e 362 suspeitas já foram descartadas
-
Brasil
21h00 de 15/10/2025
STF declara inconstitucionais leis municipais que proíbem termos de gênero em escolas
Corte reconheceu que municípios não têm competência para legislar sobre diretrizes educacionais e que as proibições violam princípios constitucionais