Publicado em 13/03/2025 às 09h33.

MPF denuncia 14 envolvidos em rede de tráfico montada entre o PCC e a máfia italiana

O inquérito detalha que o esquema foi operado por 5 anos, entre 2019 e 2023, transportando cargas de cocaína para a Europa por meio do Porto de Paranaguá, no Paraná

Redação
Foto: Ascom/Polícia Federal

 

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 14 envolvidos na rede de tráfico internacional do Primeiro Comando da Capital (PCC) revelada na Operação Mafiusi, deflagrada pela Polícia Federal em dezembro do ano passado. O grupo é acusado de organização criminosa e associação com o tráfico, sendo a primeira denúncia oferecida na esteira da investigação. Os denunciados teriam uma ligação com a máfia italiana ‘Ndrangheta.

Segundo matéria do InfoMoney, o inquérito detalha que o esquema foi operado por 5 anos, entre 2019 e 2023, transportando cargas de cocaína para a Europa por meio do Porto de Paranaguá, no Paraná. A denúncia narra ainda que o grupo se associou “de forma estável, organizada com hierarquia e divisão de tarefas”.

O MPF afirma também que todos agiram “com vontade livre e consciência da ilicitude de suas condutas” e “integraram pessoalmente organização criminosa de caráter transnacional, que mantinha conexão com outras organizações criminosas independentes”.

“A estrutura da organização é complexa e ostenta alto poder financeiro, sobretudo em razão da recorrente utilização de celulares com SKYECC (rede de comunicação criptografada usada por máfias ao redor do mundo), expressiva movimentação de valores, pagamentos em espécie, aquisição de bens de luxo e lavagem dos ativos obtidos com o tráfico”, completa.

A lavagem de dinheiro do esquema, detalha a denúncia, era feita por meio da compra de imóveis em nome de terceiros e do agenciamento de jogadores de futebol. O grupo era liderado pelo empresário Willian Barile Agati, o concierge do PCC, que segundo a investigação tentou despachar 554 kg de cocaína para o Porto de Valência, na Espanha, em dezembro de 2020. As cargas de droga foram apreendidas em dois contêineres.

Agati, por sua vez, nega os crimes e questiona a legalidade das provas obtidas. “Willian Agati é um empresário honesto”, diz seu advogado, Eduardo Maurício.

Além do envolvimento com o esquema desmontado na Operação Mafiusi, Agati também está implicado em outras investigações por suspeita de elo com o PCC. O empresário seria responsável pelo controle de remessas de drogas e pela compra de bens e imóveis para lavar o lucro do tráfico, diz a denúncia. Ele foi preso em janeiro.

“O vínculo entre a máfia italiana ‘Ndrangheta e os fornecedores de logística em Paranaguá-PR, com atuação em parceria com importantes personagens do PCC, denotam o tamanho da atuação de Willian Barile Agati no tráfico internacional de entorpecentes e na expressiva lavagem de capitais, utilizando prioritariamente o Porto de Paranaguá-PR para exportações, além do modal aéreo com jatos particulares em viagens internacionais”, diz a denúncia.

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