Publicado em 23/05/2016 às 20h20.

Pelo menos 14 detentos morreram durante rebelião no Ceará

O levantamento é preliminar e o número de mortes pode ser superior a 20. A rebelião afetou cinco unidades prisionais da região metropolitana que ficaram destruídas

Redação
Uma das unidades prisionais afetada pela rebelião de detentos na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará (Foto: Reprodução/TV Verdes Mares)
Uma das unidades prisionais afetada pela rebelião de detentos na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará (Foto: Reprodução/TV Verdes Mares)

 

A Secretaria da Justiça e Cidadania do Ceará (Sejus) confirmou, em um balanço preliminar emitido na tarde desta segunda-feira (23), a morte de pelo menos 14 presos durante as rebeliões ocorridas em presídios da Região Metropolitana de Fortaleza, entre o sábado (21) e o domingo (22). Mas o número de mortos pode chegar a mais de 20. Conforme o órgão, os assassinatos ocorreram em decorrência de conflitos entre os detentos.

Seis internos mortos no Centro de Privação Provisória de Liberdade (CPPL III) ainda não foram identificados. Os corpos foram recolhidos pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) para a realização de exames de DNA para identificar as vítimas.  Dentre os mortos estão pelo menos cinco homens que foram encontrados carbonizados.

Na Unidade Prisional Desembargador Francisco Adalberto Barros de Oliveira Leal, em Itaitinga, foram registradas três mortes. Os locais onde as demais corpos foram encontrados não foram divulgados.

Quebra-quebra – O fim de semana nos presídios do Ceará foi de violência, depois que os agentes e servidores do sistema penitenciário do Ceará iniciaram uma greve na manhã de sábado (21). Presos se rebelaram em cinco unidades prisionais da região metropolitana. De acordo com a Polícia Militar, os detentos promoveram um quebra-quebra, queimaram cadeiras, quebraram grades, armários e queimaram colchões em diversos presídios. Por medida de segurança, foram suspensas as visitas aos detentos, o que gerou mais tumultos. Familiares dos internos bloquearam a BR-116 por diversas vezes no domingo.

A greve dos agentes penitenciários foi encerrada ainda no sábado. A categoria aceitou a proposta de reajuste na Gratificação por Atividades e Riscos (Gaer), que era de 60%, para 100%. O reajuste será pago de forma escalonada: 10% em fevereiro de 2017, 10% em janeiro de 2018 e 20% em novembro de 2018.

Em nota, a Sejus informou que adotou “todas as medidas necessárias para estabilizar a situação nos presídios”. No domingo, o governador Camilo Santana solicitou o apoio da Força Nacional de Segurança para de garantir a estabilidade nos presídios, especialmente durante a recuperação das instalações, que foram destruídas por conta das rebeliões.

Fugas – Além do registro de mortes e depredação, há informação de fuga de presos. Na manhã desta segunda-feira (23), um túnel foi encontrado na Unidade Prisional CPPL I, em Itaitinga, e o Batalhão de Choque confirmou a fuga de detentos durante a madrugada. Foi feito um levantamento para saber o número de detentos que fugiu.

De acordo com Valdemiro Barbosa, presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores do Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (Sindasp-CE), as rebeliões começaram após o governo do estado anunciar que iria instalar bloqueadores de sinal de celular nos presídios. “Alertamos para que fosse reforçada a guarda tanto externa quanto interna, porque haveria uma reação do crime organizado”, disse.

O presidente do Sindasp informou que o clima de instabilidade e desordem dentro dos presídios é antigo. Segundo ele, as unidades do sistema penitenciário estavam precárias por causa de rebeliões que vinham ocorrendo há cerca de três meses nos presídios da região metropolitana.

 

 

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