Publicado em 26/04/2016 às 16h40.

Procuradoria pede investigação de ameaças contra jornalista

Leonardo Sakamoto, que é também conselheiro da ONU, diz estar sofrendo "tentativas de intimidação devido ao seu trabalho em prol dos direitos humanos"

Agência Estado
sakamoto
Sakamoto: alvo de constrangimentos e ameaças (Foto: Notícias Uol)

 

O Ministério Público Federal em São Paulo encaminhou à Polícia Civil do Estado um ofício para que sejam investigadas as ameaças ao jornalista e conselheiro da ONU para trabalho escravo Leonardo Sakamoto. Em depoimento à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão – órgão do MPF em São Paulo -, ele relatou que vem sendo vítima de “tentativas de intimidação devido ao seu trabalho em prol dos direitos humanos e à circulação de informações falsas na internet”.

As informações foram divulgadas nesta terça-feira (26), no site da Procuradoria da República em São Paulo.

As coações, disse Sakamoto, se intensificaram a partir do fim de janeiro, quando o jornal mineiro Edição do Brasil publicou uma entrevista fictícia na qual o jornalista teria dito que aposentados são “inúteis à sociedade”. “Ele (Sakamoto) desmentiu com veemência o teor da publicação e o jornal reconheceu a falsidade do conteúdo, mas o material já havia sido largamente compartilhado pelas redes sociais e gerou manifestações de indignação”, informa a Procuradoria.

Sakamoto vem recebendo diversas “mensagens de ódio, inclusive com ameaças de morte”. O jornalista relata ainda que os constrangimentos não se limitam ao ambiente virtual. As abordagens também ocorrem em locais públicos, como estabelecimentos comerciais e nas ruas, onde pessoas o agridem verbal e fisicamente. Segundo ele, os ataques, que acontecem desde o final de 2014, estão relacionados também à sua atuação na defesa dos direitos de minorias e no combate ao trabalho escravo.

“Essas difamações ficam meses e anos na internet, sobrevivendo de incautos. É conteúdo que, difundido por pessoas e grupos que promovem o ódio e a intolerância, municia pessoas sem discernimento. Que, no limite, fazem justiça com as próprias mãos”, afirmou Sakamoto.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Pedro Antonio de Oliveira Machado, destaca que o Brasil ainda é um país hostil quando se trata de segurança aos profissionais de imprensa. Ele cita o relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras de 2016, segundo o qual ocupamos a 104ª posição no ranking mundial da liberdade de imprensa, índice formado a partir de critérios como pluralidade e independência da mídia, transparência governamental, marco legal e abusos contra jornalistas.

“A situação denunciada merece atenção e investigação, em razão do drama e da situação grave vivenciada pelo jornalista, e também porque a liberdade de imprensa, de expressão e de opinião são conquistas civilizatórias e atributos inerentes a uma verdadeira democracia”, disse o procurador.

Entrevista  – O editor do jornal, Eujácio Antônio Silva, afirmou que o veículo também foi prejudicado, pois o repórter na época fez uma entrevista via e-mail com um contato que se identificava como sendo da assessoria de Sakamoto. Diante disso, ele explicou que o jornal divulgou a resposta do cientista político na manchete da edição de 20 de fevereiro intitulada: “Sakamoto não disse que aposentados são inúteis à sociedade”.

Além disso, o jornal já acionou a Delegacia de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte, e aguarda uma resposta das autoridades sobre o caso.

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